segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Tradução do poema "The slave's dream", de Henry W. Longfellow (1807-1882)

            




                        The slave’s  dream 
            

Beside the ungathered  rice he lay, 
          his sickle in his hand;
His breast was bare, his matted hair
          was buried in the sand.
Again in the mist  and shadow of sleep,
          he saw  his native  land.

Wide through   the landscape of his dreams
          the lordly Niger flowed;
Beneath the palm-tree on the plain once more
          as king he strode,
And heard the tinkling caravans descend the mountain-road.

He saw once more his dark-eyed queen
         among  her children  stand;
They clasped his neck, they kissed his cheeks,
          they  held him by the hand! __
A tear burst from  the sleeper’s lids,
          and fell into the sand.
And then at furious speed he rode alon g
         the Niger’s bank;
His bridle-reins were golden chains, and,
         with a martial clank.
At each leap he could feel his  scabbard of steel
          smiting his stallion’s flank.

Before him, like a blood-red flag,
          the bright flamingoes flew;
From  morn till night he followed their  flight,
          o’er plains where the tamarind grew,
Till he saw the roofs of Caffre huts, and  the  ocean
          rose to view.

At night he heard the lions roar, and the hyena scream,
And the river-horse, as he crushed the  reeds
         beside some  hidden stream.
And it passed, like a glorious roll of drums,
         through the triumph of his  dream.

The forests, with their myriad tongues,
        shouted of liberty;
And the blast of  the desert cried aloud,
        with a voice so wild and free,
That he started in his sleep and smiled.
         at their tempestuous glee.
He did not feel the driver’s  whip,
         nor the burning heat of day;
For death had illumined the land of sleep,
         and his lifeless body lay
A worn-out fetter that the soul had broken
         and thrown away


   O sonho do escravo

Junto do arroz ainda por colher jazia,
        numa das mãos a foicinha.
O peito nu, o cabelo, emaranhado,
        na areia   enterrado.
No meio da névoa e sombra do sono,
       seu berço natal aos seus olhos renascia.

Na amplidão da paisagem de seus sonhos,
       fluía, majestoso,  o Níger.
Outra vez mais, por sob as palmeiras da planície,
       como  rei caminhava a passos largos
    E ouvia,  descendo o caminho  montanhoso,   o tilintar das [caravanas.

    Outra vez viu os olhos  negros da rainha
          No meio dos filhos.
    Estes o pescoço do pai abraçavam, beijando-lhe a face,
          segurando-lhe as mãos __
    Das pálpebras verteu uma  lágrima
          que  na areia veio cair.
    De repente, com  rapidez fulminante,  atravessou
          a margem do Níger.
    Douradas  eram-lhe  do cabresto as rédeas
         um  ruído  guerreiro provocando.
    Sentia a cada salto que o aço do sabre
        o flanco do seu garanhão machucava.

    Diante de si,  qual um  estandarte de cor sangrenta,
       brilhantes,  fugiam  os flamingos.
    Seu voo seguia da manhã até o anoitecer.
          sobre planícies onde crescia o tamarindo
    Até que de Cafraria viu    das cabanas os telhados.
    À noite,  o rugido do leão  escutou, assim como  o  uivo da hiena.
    E o grunido do hipopótamo, enquanto  ele esmagava os juncos,
        próximo de algum  riacho  oculto,
   Atravessou, como um glorioso   rufo de tambores,
       de seu sonho o triunfo.

   As florestas, com as suas miríades de línguas
       clamavam por liberdade.
    E a rajada do vento do  deserto, em alta voz,  gritou
       com uma voz  tão selvagem e livre
   Que fez com que ele continuidade  desse ao seu sono, sorrindo
      com a procelosa  alegria.
    Nem sentiu ele o chicote do  algoz
       nem tampouco do dia o calor  escaldante.
    Pois a morte do sono a terra iluminado havia
       e do seu corpo sem vida, o qual jazia
    Qual grilhão que  a alma houvesse
      lançado ao  lixo.

                                                           (Trad. de Cunha e Silva Filho)
         
        
           





                         

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