Cunha e Silva Filho
Agora não são apenas os esforços de negociação pacífica empreendidos pelo experiente diplomata Kofin Annon, enviado especial da Liga Árabe, no conflito entre rebeldes e as forças do ditador Bashar al-Assad. Um terceira recente conferência reunindo cem países empenhados em dar um basta às matanças diárias do governo sírio, sem sombra de dúvidas, descortina uma horizonte possível para forçar o ditador a deixar o poder. Se a China e a Rússia ainda persistem na defesa da Síria, o conflito pende para uma tomada de decisões que não descartam uma intervenção militar do Conselho de Segurança da ONU. Inclusive, porque aqueles dois países alinhados à tirania na Síria, segundo anuncia a imprensa internacional, estão “impedindo o progresso” nas negociações até agora feitas através do diálogo e do cessar-fogo, além de outras formas de sanções por ora ainda não militares. O anfitrião da conferência, o recém-empossado presidente François Hollande falou até em ameaça “a paz mundial” caso se protelem decisões firmes tomadas pelo Conselho de Segurança da ONU.
O desenrolar da crise parece ter chegado a um turning point desfavorável a Bashar al-Assad. Noticiou-se que o seu governo sofreu um duro golpe no seio da própria estrutura militar, que foi a deserção de Manaf Tlass, considerado amigo de longa data de do ditador sírio. Manaf é oficial sunita de alta patente das Forças Armadas. Especula-se mesmo que já desertou e pediu asilo na França. Assad, assim, está ficando cada vez mais acuado e, com este importante desfalque, a tendência é o enfraquecimento gradativo do seu poderio militar no que tange aos seus quadros de aliados da cúpula militar.
Chegará o ponto em que a “Primavera Árabe,” através das forças rebeldes e da cooperação de numerosos países que já têm plena noção dos horrores cometidos pelo governo sírio, conseguirá apear do poder o sangrento Assad, cujo destino como líder político imposto aos sírios não escapará de um julgamento rigoroso e até poderá ser julgado pela Tribunal Internacional de Haia como criminoso de guerra, prática de genocídio contra a sociedade civil e inimigo da humanidade. O ostracismo não lhe será suficiente para pagar pelas suas atrocidades e pelo seu desprezo e intransigências em infringir as leis internacionais e aos órgãos de defesa dos povos livres.
Pressionado pelo governo dos EUA, através das incisivas reprovações de Hillary Clinton, da adesão do ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, assim como provavelmente da opinião mundial que preza as liberdades democráticas e a paz no Planeta , a ditadura na Síria já está prestes a ser favas contadas e o povo sírio, desejoso de felicidade, paz e liberdade, irá se constituir, posto que com grandes obstáculos que ainda encontrarão pela frente para alcançar um estágio razoável de organização político-institucional, numa nação com a sonhada independência de, pelo voto, eleger seus melhores representantes, protegendo seu povo de forma definitiva contra a prepotência e a crueldade de usupardores do poder democrático – poder esse que, independente das distâncias continentais, do tempo, de línguas e etnias, deveria ser o objetivo máximo das nações livres.
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