Cunha e Silva Filho
Não são a literatura e outros setores de estudos de humanidades que o mundo moderno mais respeita e mais estima. São antes os estudos e pesquisas que pertencem às ciências exatas e à tecnologia. Por que isso? Porque eles são as ferramentas de atividades humanas que geram economia, numa palavra, produzem capital, dinheiro, lucros, dividendos, investimentos, movimentam o mercado, os negócios. Daí serem tão vitais a profissionais como economistas, tributaristas, contadores, auditores, fiscais da receita, administradores de empresas.
Essa mesma visão em torno do valor do capital é partilhada por um renomado físico brasileiro, professor há longos anos em universidade americana e detentor de importantes prêmios em sua área de pesquisas. Perguntando-lhe um jornalista sobre que campos da atividade humana não daria retorno remunerativo a seus cultivadores, respondeu-lhe que um seria literatura.
Literatura e áreas afins pouco contam para o mundo dos negócios, para a chamada “riqueza das nações”. Ficarão sempre em segundo plano, infelizmente.. As ciências representadas pela física, matemática, química, biologia, nanotecnologia, robótica, entre outras, é que, segundo os homens pragmáticos - os calculistas bem intencionados e os aparentemente sisudos, os nefandos ( não há como excluí-los desse mundo de negócios) wheel dealers -, são prioritárias e supervalorizadas. Seus estudiosos situam-se sempre no topo dos projetos e metas a serem alcançados. Sua participação nas alocações de verbas para bolsas e pesquisas de organismos nacionais e internacionais coloca-se sempre em primeiro plano.
Um componente serve primordialmente aos interesses tanto da ciência e tecnologia quanto do crescimento econômico: a disponibilidade do capital adquirido e oriundo de diversas atividades humanas: comércio, indústria, publicidade, imóveis, esportes (sobretudo o futebol), lazer, turismo, entre outras.
Daí tanta ênfase que a mídia dispensa ao mundo dos negócios, através da seção “Mercado”” ou outra designação semelhante.
A força da economia é tão poderosa que se irradia por outros segmentos por ela inevitavelmente permeados. Como gerir o dinheiro acumulado, por exemplo, por jogadores de futebol bem-sucedidos? Ora, ao contrário de um Garrincha, paradigma de grande craque e de ser humano destituído de ambições materiais, grandes jogadores (Pelé é um deles, Zico, idem) nos tempos atuais têm sabido como administrar e aumentar seu patrimônio. Tornam-se homens de negócios vitoriosos também graças a uma direção correta que dão à sua vida pessoal e à influência que têm no mundo do futebol.
Tendo ganhado fortunas, sobretudo, por haverem atuado brilhantemente no exterior, i.e., em grandes clubes europeus ou asiáticos, esse ídolos do futebol brasileiro, encerrado seu ciclo de atividade da fase produtiva, decidem investir no campo da publicidade e em outras atividades lucrativas. Um exemplo típico desses grandes craques é o do Ronaldo, o fenômeno, que, agora, aproveitando toda a sua fama e experiência de jogador, está decidido a passar uma temporada em Londres e lá preparar-se para o mundo do empresariado. Optou pelos estudos de publicidade e dominar o inglês com a meta de partir para novas investidas na condição de businessman. Seguramente com a sua determinação e responsabilidade, não tardará em adquirir sólida carreira de empresário de setores mais ligados ao futebol, Ou seja, é desse mundo de imagens que emergirá o potencial financeiro hoje de Ronaldo.
Por outro lado, os objetos simbólicos compreendidos pelo universo da literatura e de outras artes são muito menos atraentes no seu conjunto, notadamente quando entra em jogo a situação de quem escreve, de quem se defronta com um rol de dificuldades de toda a sorte na mídia, desde o acesso à visibilidade, ao reconhecimento, até os frutos de seus praticantes, produzindo, na maioria dos casos, sem nenhum retorno financeiro, circunstância que, com o tempo, torna-se um fator de desestímulo, seja pela baixa ou quase nula vendagem de livros, seja pela falta de reconhecimento da sociedade, esta, de resto, e ao contrário, sempre de mãos dadas e em contínua lua de mel com os vitoriosos do capital.
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