Cunha e Silva Filho
A situação da violência na bela  urbe carioca está passando dos limites. Ainda não  foi  suficiente  a implantação das UPPs   para  debelar ou arrefecer o terror de que se  vê  cercado  o povo carioca ou aquelas  pessoas de  outras partes do país  e do exterior  que aqui escolheram para viverem  a sua vida e elegeram o Rio de Janeiro como a cidade do seu coração.
A estratégia  de importância inegável  que são as UPPs  alcançou  um objetivo : afastar   a bandidagem de alguns  morros  que compõem as favelas. Acontece, contudo,  que nem todos os morros  foram beneficiados pela  instalação  de uma Unidade  de Polícia Pacificadora. O número de favelas na cidade é alto e, se não incorro em erro,  são quase mil.  Nem todas  as favelas  se situam  em morros. Algumas são horizontais e se localizam nos subúrbios e nas periferias. 
Os criminosos, geralmente,  grupos de  traficantes e de  outras atividades ilícitas,   vendo-se acuados,  se deslocaram para outras favelas ainda não ocupadas pela  Polícia.  A solução fica ainda  difícil para a tomada  de controle mais  amplo  da criminalidade. Os marginais, por sua vez,  mudam os seus ataques  e os seus alvos a   fim de  compensarem as perdas  financeiras  de seu capital espúrio com  o alto tráfico e o resultado é essa novidade que vem ultimamente  atemorizando todos os habitantes  da Cidade Maravilhosa, ações  de natureza terrorista  aqui chamadas  de arrastões. Estes  costumam  ocorrer nas  situações  de  engarrafamentos de  vias de acesso à cidade ou em outras  vias  de trânsito, como a Linha Vermelha, além de bairros tanto da zona norte quanto da zona sul. A audácia dos facínoras é tão grande que praticamente se alastra pela cidade toda em qualquer hora do dia. 
Homens fortemente armados de metralhadoras e outras armas potentes, muitas vezes superiores às da Força de Segurança,  fazem parar o fluxo dos veículos e,  apontando  armas para motoristas  indefesos,  lhes   retiram pertences de toda sorte:   dinheiro, jóias,  celulares, rádios etc,  o que houver diante dos seus  olhos  de predadores. Parecem mais  animais  famintos à procura de caça para a sobrevivência de  espécie.  A única diferença  é que os animais selvagens  o fazem segundo  as leis da natureza, ao passo  que os  delinquentes  são levados à prática   da barbárie  tanto pela  facilidade que encontram diante  das vítimas  que, no momento atual,  se vêem  abandonadas pela ausência  de segurança  pública , quanto pela impunidade já por demais  conhecida da sociedade  brasileira. Ora, se eles, os marginais não encontram obstáculos  para as suas ações  covardes e desumanas, a possibilidade de agirem mais vezes vai-se multiplicando.
Urge,  que as punições de nosso Código Penal sejam  revistas sob pena de a paz na cidade do Rio de Janeiro virar um sonho malogrado, sem volta, numa fase de risco urbano em escala de terrorismo, com consequências  imprevisíveis para a vida econômica do estado, para a área do turismo e hotelaria e para todas as atividades sociais e culturais dos habitantes da metrópole carioca.
 Outro aspecto de alta  relevância para a solução do problema seria o  controle cíclico das migrações indiscriminadas  de contingentes oriundos  de   diferentes estados brasileiros,  que vão inchando os bairros cariocas, à procura de sobrevivência, ondas essas migratórias que, não atingindo seus  objetivos,  muitas vezes se tornam   presas fáceis de aliciadores  que as encaminham para engrossar o  narcotráfico. As políticas públicas devem partir para  ações efetivas, como  realizando   acordos entre os estados quanto  à  questão das migrações, de molde a reduzir e controlar melhor o fluxo de entradas nos principais estados que as recebem, o Rio de Janeiro e São Paulo. 
 Não  estou  advogando  um controle semelhante  ao que  ocorre entre  países, mas uma forma  não coercitiva de  melhor  distribuir as entradas e saídas de   populações de estados  menos desenvolvidos. Por exemplo: 
          1)  dificultar  a migração no que diz respeito  aos objetivos da viagem para outros estados  2) razões  da viagem; 3)  perspectiva de emprego; 4) tempo de permanência  5) data de  regresso;6) nível  de escolaridade;7) meios de sobrevivência  na nova cidade:  habitação, alimentação, transporte ;8) desenvolvimento, por parte dos governos locais, de políticas públicas agressivas, visando ao crescimento de mão-de-obra qualificada, no campo e na cidades, e, ao mesmo tempo, dotando o sistema educacional regional de possibilidades de acesso às novas tecnologias da área da informática. Só desta forma os jovens poderiam sentir-se atraídos para permanecerem nos seus lugares de origem e não mais aventurar-se na procura da sobrevivência das grandes metrópoles. Por outro lado, reduziriam com isso os impactos sociais nas comunidades carentes, lugares para os  quais em geral se deslocariam, fazendo crescer de forma tentacular   as  suas  já inviáveis demandas de infraestrutura, notadamente,  o Rio de Janeiro e São Paulo.  
          Acredito que essas  sugestões são apenas subsídios para que os   governos municipais,  estaduais e federal, em conjunto,  possam  limitar, segundo já aludimos,  ciclicamente, dependendo da conjuntura,  esse contingente  populacional  que vai  seguramente exigir, no seu todo,  maiores demandas futuras  de infraestrutura urbana, maiores gastos  públicos e maior incidência de crimes por razões diversas, inclusive de superpopulação.
           Estados brasileiros, como  o eixo-Rio-São Paulo, só podem  é serem  espaços  superinchados, com aumento descontrolado  de nascimentos, sobretudo   nos   segmentos sociais de  renda baixa, sem escolaridade suficiente,  sem  visão adequada na condução  da vida em família. Só com uma educação mais  aprimorada, com habitação melhor, com lazer é que  camadas  menos favorecidas poderão contribuir para  que a criminalidade seja reduzida. 
          Os recentes arrastões que  amedrontam  e  inviabilizam a vida normal de uma grande cidade,  acompanhados  de  incêndios  contra carros particulares   e públicos, são uma resposta da criminalidade a um  país que, até hoje, não se mostrou   capaz de enfrentar a impunidade, o combate sem trégua ao narcotráfico,  nem conseguiu pôr termo à  entrada,  por nossas fronteiras, de armas que  irão parar nas mãos  da marginalidade.
        A ação do Estado brasileiro não pode postergar medidas, de âmbito nacional, que possam a vir minimizar de imediato todas essas chagas sociais  que estão nos encurralando cada vez mais para um a vida  sem proteção, mesmo   que não  saiamos às ruas  a  fim de resolvermos   algum  problema de nossa vida pessoal  ou para  alcançarmos o trabalho com  o qual ganhamos  o pão nosso de cada dia. Impedir o brasileiro de fazer tudo isso é sequestrar-lhe o  direito de viver.
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