segunda-feira, 3 de setembro de 2018

MINHA RESPOSTA A UMA ESCRITORA SOBRE A TRAGÉDIA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

                                                                  
                                                                                            CUNHA E SILVA FILHO
              


              Sua breve e incisiva análise da tragédia inominável e ignominiosa, que foi o incêndio de ontem do museu Histórico Nacional, na Quinta da Boa Vista, bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, em seus antecedentes bastante conhecidos, me deixa sem chão, impotente ao ter, mais uma vez, a certeza de que os nossos governantes, numa escala de desídias que vai do Presidente da República até aos responsáveis na hierarquia da direção do Museu, cometeram um crime contra a Cultura Brasileira. 
             Em países sérios e responsáveis, haveria mesmo até perda de cargos dos mais diretamente responsáveis por crimes dessa natureza. Feriu-se frontalmente a memória nacional. Feriu-se a dignidade de uma povo já sem memória. Feriu-se o respeito aos nossos bens materiais e imateriais.             Praticou-se, pela omissão gritante e nefanda de nossas autoridades atuais e até predecessoras, um crime devastador que confrange a todos indistintamente. 
      Quando se comparam os BILHÕES gastos SUPERFATURADOS com Olimpíadas e Copas Mundiais com as pífias migalhas de verbas destinadas ao Museu Nacional, constata-se clara e facilmente que o nosso país não é sério e, por o não ser, é que está como está: enlameado na corrupção endêmica e nos desmandos autoritários de governistas de plantão, desses "passageiros da agonia" do povo moralmente trucidado diante do país das malvadezas impostas direta ou indiretamente contra a sociedade civil. Acorda, povo indulgente!  

3 comentários:

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  2. Parabéns amigo Dr. Francisco da Cunha e Silva Filho por mais esse belo e maravilhoso texto. Concordo com todas as suas palavras. O que mais me chamou atenção foi a assertiva contida no segundo parágrafo:
    “Em países sérios e responsáveis, haveria mesmo até perda de cargos dos mais diretamente responsáveis por crimes dessa natureza. Feriu-se frontalmente a memória nacional. Feriu-se a dignidade de uma povo já sem memória. Feriu-se o respeito aos nossos bens materiais e imateriais. Praticou-se, pela omissão gritante e nefanda de nossas autoridades atuais e até predecessoras, um crime devastador que confrange a todos indistintamente.”
    Não sei se o amigo sabia, mas quando o piloto e o copiloto sobrevivem qualquer queda da aeronave ou quando o capitão de navio e sua esquipe de navegação escapam com vida de um naufrágio, todos eles ficam impedidos do exercício da profissão até que se apure se houve, por parte destes, alguma responsabilidade (por comissão ou omissão), apura-se também se houve negligência, imprudência ou imperícia.
    Entendo como o amigo, todos os gestores do Museu Nacional deveriam ser afastados imediatamente do seu cargo. O Ministério Público deveria, imediatamente, ingressar com ação civil pública por improbidade administrativa de todos os responsáveis, garantindo-se a ampla defesa. O parágrafo quarto do artigo 37 da Constituição Federal é bem clara nesse sentido, senão vejamos: “§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.”
    Realmente, no citado episódio, não tenho a menor dúvida de que houve “omissão gritante e nefanda de nossas autoridades atuais e até predecessoras, um crime devastador que confrange a todos indistintamente”.
    Será que vamos de amargar agora, mais uma vez, o resultado do incêndio da indiferença e impunidade?
    Se o Museu Nacional não tivesse condições seguras de funcionamento, que ficasse fechado ao público, até que fossem feitas as obras urgentes de reparo. Se tivesse com fechado e com tudo desligado, inclusive a energia elétrica (pelo que me consta, múmia não precisa de geladeira), não teria pegado fogo, tampouco poderiam atribuir culpa por um evento fortuito, como combustão espontânea etc.
    O que as pessoas desconhecem, principalmente a turma do gargarejo, é que três meses antes dessa catástrofe, o Museu Nacional havia assinado contrato com BNDES, o qual patrocinaria a obra de restauro no valor de 21,7 milhões de reais. Fonte: https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2018/09/5571664-ha-3-meses-museu-nacional-assinou-contrato-de-patrocinio-com-o-bndes.html
    Por que é que não se aguardou, de portas fechadas e sem qualquer tipo de funcionamento, pelo sobredito aporte financeiro? Seria muito mais nobre da parte da reitoria da UFRJ se houvesse agido com cautela e prudência naquele episódio, não é? O pecado da omissão também deve ser levando em conta!
    Cabeças deveriam rolar, se houvesse alguma seriedade, não apenas a de Luzia, coitada! Nada tinha a ver com esse descaso mastodôntico, mas como a nossa justiça é jurássica, fazer o quê? Que tragédia!

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  3. Que lúcida resposta ao meu texto! É um valioso complemento às minhas ideias expostas sobre essa calamidade nacional. Abraços do amigo Cunha e Silva Filho.

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