Cunha e Silva Filho
O presidente Temer anda alardeando
pelos quatro cantos do país que o país
só melhorará em parte o déficit da Previdência Social se for implantada
e aprovada a reforma proposta pelo governo federal. Mas implantada pelo grupo
que está no poder por técnicos e políticos
que leem pela cartilha do PMDB – um partido que não tem lá apoio da maior parte do povo brasileiro e que,
ao longo da história política brasileira,
não se tem portado com tanta seriedade ética
que seria de esperar de um agremiação
partidária. Basta ver alguns passos da
trajetória desse partido e das figuras
que pertenceram e ainda pertencem a
seus quadros, os antigos e os novos.
Partido que não se recomenda pela lisura de muitos de seus políticos, partido ao qual pertenceu (pertence?) o
repudiado Sergio Cabral – o pior
governador que já teve o povo do Rio de Janeiro, o governador que
levou o estado à ruína financeira e ao
sucateamento da respeitada Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) através do maior assalto que se
fez às finanças públicas fluminenses.
Seu sucessor, o Sr. Pezão,
não tem dado conta também do
descalabro herdado do Cabral, permanecendo como um governador
completamente perdido, sem direção,
um barco à deriva
enfrentando os agônicos problemas
de falta de dinheiro tanto
para dar continuidade à máquina administrativa em setores públicos setores vitais da população (saúde, educação, segurança) quanto para pôr em dia o pagamento dos servidores, estes vítimas
da perfídia do governo anterior que deixou atrás de si os destroços de um tsunami de sofrimentos, de aperturas financeiras no corpo e no espírito dos
barnabés
Será
que o PMDB, com todo um curriculum
cheio de denúncias feitas pela Operação LavaJato (inclusive contra o
próprio primeiro mandatário da Nação) contra
muitos dos seus correligionários ou
aliados políticos, tem respaldo moral de
se arvorar, agora, em salvador da Pátria? Receio que não. A partir dessas
premissas, nada favoráveis, o
PMDB dificilmente terá apoio da
sociedade que, de resto, não foi consultada diretamente
nesta questão de reforma previdenciária a não ser pela representação abstrata de políticos
que, na maioria das vezes, só se
preocupam com os seus interesses
próprios e as disputas de cargos no atual governo federal, já que, quando eleitos,
esquecem de quem lhes deu votos que os levaram à
Câmara Federal e ao Senado.
Adentremos, porém, na questão do teto salarial dos futuros aposentados. Segundo recentes pronunciamentos,
o presidente Temer tem afirmado que todos os futuros
aposentados serão igualados nos seus vencimentos e pensões. Para os valores de hoje não passariam de cinco mil e
quebrados. Enfatizou o presidente: “Para todos, inclusive os políticos.” E aí
cabe uma pergunta pertinente: “Presidente, e os outros setores públicos nos três Poderes: executivo, judiciário e legislativo? E as Forças Armadas?
Será que um desembargador federal, um general,
um almirante e um brigadeiro vão querer se aposentar com míseros cinco mil reais?
E como ficará a aposentadoria dos deputados e senadores?
Contentar-se-ão todos indiferentemente
com esse teto? Por conseguinte, essa questão não está bem esclarecida para a
sociedade e, ao que tudo indica, esse
teto igualitário, democrático soa utópico
ou mascarado. Cumpre esclarecer
essa dúvida ou é ela mais outra falácia a fim de engabelar
trouxas e desavisados?
Acautele-se,
pois, ó povo, contra essas estrepolias malazarteanas ou senão macunaímicas planejadas
nos desvãos do poder executivo. Desconfie da esmola pequena, porquanto grande
não é na aparência e na aplicação prática. Adoro um paradoxo,
espicaçar o cérebro das pessoas.
Ah, se dispusesse dos poderes intelectuais
de um Fernando Pessoa! Esmola de
menos o cego não desconfia. A picardia
governamental há séculos tem feito bons ganhos à custa dos pascácios.
Uma pergunta final
me pressiona: por que o governo de um
partido não muito amado, de repente, quer dar uma de bonzinho com o cordeirinho
brasílico? Somos cordiais e
ordeiros – eis o busílis da política
ou é o nó górdio da questão? Deixo aos eleitores a reflexão sobre tudo
que disse ou deixei de dizer. O texto é uma obra aberta, mas – repito o que
ouvi de alguém muito arguto - – não é
tampouco escancarada.
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