Cunha
e Silva Filho
Acho que foi o ex-presidente norte-americano Bush pai
quem, em tempos difíceis globais,
afirmou: “A era dos ditadores acabou.” A se ver pela suas palavras, nada
do que falou aconteceu. Países como a China, Cuba,
Coreia do Norte e Síria, para só dar uns exemplos, se mantêm no poder graças aos seus
regimes fechados, com governos autoritários, com alternância no poder mas
sustentadas pelo sistema comunista, ou com homens fortes conduzindo seus governos
autocratas com mão de ferro e o apoio das forças armadas.
A Venezuela se encontra já numa
dessas alternativas em que o governo é administrado por um chefe
de governo que ascendeu ao
poder por imposições do regime anterior, o chavismo. Nele há eleições, mas estas não passam de simulacros uma vez que
os resultados das eleições só
consagram quem já está com o poder, no caso, o presidente Nicolás Maduro. Ora, só um ingênuo diria que Maduro governa de forma democrática.. Muito pelo
contrário.
No país, rico em petróleo, Maduro manda e desmanda. Suprime a liberdade
de imprensa e quaisquer formas de manifestações contrárias ao seu governo. Manda nas forças
armadas, , manda no legislativo e manda
no judiciário ao qual concedeu poderes de sobrepor-se ao legislativo, cuja
maioria é oposicionista Quer dizer, Maduro é um pseudo-presidente eleito nem
existe ali democracia Tudo é de fachada.
Sua incompetência administrativa levou o
país a uma hiperinflação jamais vista até hoje naquele país. Os opositores
políticos, intelectuais, jornalistas, líderes estudantis, sindicalistas,
se exagerarem nos seus protestos contra o governo, são punidos com prisões sumárias ou até mortos.
A vida do cidadão venezuelano tornou-se infernal a ponto de muitos deles fugirem
do seu país para viver no Brasil.
Já são muitos os sofridos venezuelanos
que transpuseram a fronteira com o nosso país a fim de aqui
tentarem uma nova vida a despeito de que nós mesmo estejamos
comendo fogo com a situação ainda incerta de nosso país.
Obrigando os venezuelanos a votarem para a instalação de uma Constituinte e
ameaçando os funcionários públicos a
votarem compulsoriamente a seu favor sob
pena de serem punidos, Maduro age como verdadeiro tiranete. O resultado das eleições para a formação da Assembleia Nacional Constituinte(ANC)
já foi criticado por 40 países,
ou através de organismos internacionais como a ONU, OEA e
a UE,que veem a vitória a favor
de Maduro como uma manipulação de votos e como um ataque aos princípios democráticos. A oposição rejeita a instalação dessa
Constituinte porque para ela o presidente Maduro ainda ficará mais poderoso e poderá até querer
eternizar-se no poder como ocorreu
com outras ditaduras na América do Sul.
O
mais grave é que antes mesmo dessas eleições, o país
vinha sucessivamente sofrendo
com greves, manifestações prós e contra Maduro
que tiveram consequências trágicas: saldo de um centena ou mais de mortes
cometidas pelas forças de segurança do governo, quase
configurando um estado
de guerra civil. A par disso, a
população está à voltas com o desabastecimento
de alimentos e outros produtos de sobrevivência. Falta tudo no país.
Falta mais: ordem social, paz,
harmonia da sociedade.. O temor
da população é crescente e a oposição é
aguerrida, enfrenta os soldados com
podem. O governo poderá alegar que a insurgência é só da calasse média e dos ricos., quando,
na realidade, é o povo indignado
que se volta contra o governo de
Maduro.
Sob a hipocrisia de se servirem da figura de Simon Bolívar e da figura
polêmica de Hugo Chaves, Maduro e seus
seguidores veem nos Estados
Unidos o “império selvagem e bárbaro.”
Entretanto, há em tudo isso uma flagrante contradição:
um país como a Venezuela não tem
moral para só culpar
os americanos pelas suas mazelas, Foi a incompetência e o
autoritarismo de Maduro que o levaram
ao desastre de governo. Se ele
fosse imbuído mesmo de
fundamentos democráticos teria enfrentado a oposição com argumentos
convincentes e não suprimir a liberdade de expressão que é inerente à
democracia, nem perseguir seus
opositores, nem tampouco levar o
país à desordem social, à miséria, à fome,
à marginalidade e a tantas
mortes praticadas pelas forças
militares e milícias de seu governo atrabiliário. Até o Vaticano se opõe duramente contra o candidato a
ditador perpétuo da Venezuela. Por todos os seus desmandos o MERCOSUL já está prestes a Venezuela a
Venezuela como um dos seus membros.
Por enquanto coexistem dois governos: um
controlado pelo situacionismo com a instalada
Assembleia Nacional Constituinte (ANC) sob a tutela do TSJ (Tribunal Superior de Justiça) a serviço da discricionariedade
de Maduro, quer dizer, um Tribunal de juízes comprados; outro o do Parlamento, com a maioria da Oposição, à frente a mUD Os
desdobramentos dessas divisões opostas
pressupõem sérios riscos para a paz na
Venezuela. Qualquer grito maior de parte
a parte pode significar a iminência de
uma guerra civil. Oxalá que não.
O
que não se deseja é que o país
sofra ainda mais em novas
ilegalidades impostas pelo governo
Maduro. As vítimas traduzir-se-ão
em mais mortes, mais miséria,
mais caos e mais migração de
cidadão venezuelanos à procura de
paz e segurança para as suas famílias. Que não venha o pior.
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