segunda-feira, 14 de março de 2016

E agora, presidente Dilma?





                                             Cunha  e Silva Filho


         As urnas apuradas  para o segundo mandato deram à presidente  Dilma Rousseff  uma pequena margem de um número  maior de votos do que o seu  concorrente, Aécio. Não perdemos muito com o fracasso  do Aécio Neves. No entanto,  com a senhora  Dilma novamente no Alvorada logo logo descobrimos que tinha havido algo  muito estranho no seu programa de governo, quer dizer,  a presidente  nos prometeu mundos e fundos no discurso de posse  e ainda levantou  uma bandeira  ousada  e até alvissareira com um lema que impactava  o setor  da Educação brasileira: “Pátria Educadora.” Todos ficamos  aguardando esse grande passo, o de priorizar a educação no país.
      Entretanto,  aquele lema, nos seus primeiros dias do novo mandato, foi substituído  por  um programa de governo  que veio em cheio  na contramão do que havia prometido na campanha e nos debates  para conquistar  o eleitorado.  Medidas  econômicas  foram  baixadas de tal  sorte que  as promessas de campanha  ficaram  deixadas para trás.
     O engodo logo se tornou  patente. Teríamos  um  governo  autoritário, com determinações no setor da economia que, nos primeiros meses, puseram a descoberto um estado  caótico da situação real nesse setor. Viera de imediato  uma bateria de aumentos de preços em vários setores, em seguida, o arrocho salarial do funcionalismo  público  federal,  a dívida  pública  gigantesca,  os juros altos,   os problemas graves no setor energético, a gastança incomensurável e, finalmente, o que é  pior,  o envolvimento  do governo  Lula e, por tabela,  o da própria Dilma, com a corrupção, vindo à tona  com a Operação Lava-Jato. O que reduziu  drasticamente a popularidade do petismo e do governo Dilma foi a questão ética desdobrada  nas denúncias   que se acumulavam desde o  governo Lula com o ”Mensalão,” o “Petrolão” e as investigações profundas  e continuadas  da Lava-Jato.
     Outros fatores foram, ademais, fortes  complicadores: o desgoverno  da presidente  Dilma em vários flancos, o econômico (dívida  interna espantosa, gigantismo  dos ministérios, recessão,  desemprego,  alto custo de vida),  o político  (promiscuidade  do  do PT  com  a chamada  base aliada sob  a prática   do “toma lá da cá”), o social (escalada da violência em conjunção com a  impunidade  gritante, sucateamento  dos setores da saúde pública, da educação, dos transportes etc.).
   Todo   esse conjunto desviante da normalidade   de um bom gerenciamento do Estado Brasileiro  desencadeou  a aversão  de parte  bem significativa da sociedade civil  ao governo  Dilma e ao partido  principal que lhe dá   apoio e orientação, o PT. Por outro lado,  a queda   vertiginosa  do governo Dilma se deu mais  pela dimensão ética - cumpre  reiterar -  que lhe faltou  desde sobretudo  o segundo  mandato com a mencionada   quebra de promessas e da sonegação, por  motivos  meramente eleitoreiros, de dados financeiros à  sociedade brasileira. Ou seja, o povo se viu traído por Dilma, por suas  promessas  mentirosas. Creio que a sua queda  partiu daí.
   A grande prova  da extrema rejeição do governo Dilma, do lulupetismo e do descrédito  do povo em geral  pela classe  política  teve seu  ponto mais alto nas manifestações em massa ocorridas  ontem em todo o país. Foram protestos  gigantescos, sobretudo,   em São Paulo e Rio  de Janeiro, contra  o desempenho  quase zero da  presidente, contra a corrupção implicando  mortalmente o governo federal jamais vista  em toda a história  do país. Mesmo no exterior, as manifestações foram duras  contra o governo Dilma.
     Essa maciça manifestação nacional contra Dilma indicia, a par das evidências   insofismáveis de que o brasileiro não deseja  mais a sua  continuidade  no poder, novos desdobramentos  em direção  ao seu impeachment, visto que não é possível que  um presidente  ainda deseje persistir  no poder  sem  a aprovação  da maioria do  povo e tendo em vista   o descalabro  geral  de um governo  que se esfarela a olhos vistos.
     Nem adianta  apontar  novas  formas   de governo, como um semi-parlamentarismo ou semi-presidencialismo, porque, se assim acontecesse,  a raiz do problema  persistiria  com  a corrupção  que ronda  o poder  do Planalto  com  novas  investigações  da Lava-Jato e novos  personagens  corruptos que irão se somar  aos já existentes  e presos.
    Se não se corta o mal pela raiz,  o câncer da corrupção  governamental  vira metástase e aí a situação   de Dilma  tenderá a ser o isolamento tanto dos partidos que a apoiam quanto do que resta   do desmoralizado  e decadente  PT.

       Os milhões de  brasileiros  que saíram às ruas  não mais  dão nenhuma crédito ao governo Dilma. Essa  posição da sociedade civil  é mais do que suficiente para que   a presidente  possa  vir a ter  a alternativa de   dois desfechos trágicos e de extrema  solidão:  a renúncia ao segundo  mandato ou, contra a sua  insistência em  permanecer no cargo, o impeachment conduzido por vias democráticas e conforme a legislação vigente. O Brasil, recordo,  não é uma pequena república  sul-americana, nem tampouco uma   Síria. É um país que ainda tem assegurada a normalidade  democrática e os seus três  poderes ainda estão sob   a proteção  constitucional. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário