terça-feira, 21 de julho de 2015

Extremos que se tocam: política e violência no Brasil








                                                                      Cunha  e Silva Filho



           Aviso aos leitores: este texto não é um ensaio nem um  estudo  de especialista. É, antes,  de um observador dos fatos que acontecem em meu país e para os quais só aspiro a contribuir para lançar algumas  ideias com vistas à melhoria  de nossa sociedade.
Afastado há dias de temas  sociais, retomo  agora  temas que estão intimamente  interligados  no meio  brasileiro: as questões da  política  e da violência. Numa e noutra  há pontos  convergentes   que se equivalem, que se aproximam e são praticamente semelhantes se levar em conta componentes como  caráter  do  povo brasileiro,  condição  social  degradada  da população  e a famigerada   impunidade.
Creio que  o noticiário  da política  nacional,  mesmo  visto  pelas chamadas  das manchetes de jornais,  não é nada  abonador à imagem da situação – agônica -  em que  partidos  em geral e, sobretudo o PT, nos envolveram  e, o que é pior,  nos   envolveram  à nossa revelia.
As lutas intra-partidárias ou interpartidárias, ora  semelham a uma comédia, ora a uma tragédia  grega. A violência de parte a parte serve a um  propósito: confundir  as consciências alienadas  da maior parte da sociedade.O poder  delegado  aos  políticos  só é legítimo  porque  alguém,   sem  comprometimento   político algum,  por vezes por mera  farra ou molecagem, elemento  carnavalizador  do  votante  brasileiro,  vai às urnas  de forma  compulsória e vota  em  candidatos  sem a mínima   condição de  representar  o povo, e aí temos os  humoristas de segunda  classe, os artistas  oportunistas (até rimou), os esportistas   aproveitadores de seu passado de glórias  e de mau-caratismo. Seria isso  representação lídima de um  povo?
Não,  isso nunca  foi nem será  pleito eleitoral   verdadeiro, mas uma farsa  cooptada, consciente ou  inconscientemente, pelo  próprio  povo desunido,  dividido  em classes e,  assim,  presa fácil  do “reinado”  dos demagogos e dos politiqueiros de longa  e  breve data.
Por outro lado,  o  país  se modernizou. Funciona  até bem  em alguns setores  que até nos causa  espécie. O país é outro, se informatizou,   tem shoppings  espalhados  em muitas  partes  ao longo de seu  território. Os shoppings se tornaram uma espécie de segundo lar  do brasileiro. Desta  forma,  nos dá a impressão de que  vivemos bem no meio de  tanta   suntuosidade,  riqueza,  produtos sofisticados de comunicação  instantânea.
Os restaurantes de classe média, nos fins de semana,  sempre se encontram  lotados de gente com apetite pantagruélico. As bebidas  rolam  pelas goelas abaixo, os carros de luxo   desfilam pelas  ruas da alta   burguesia. A ilusão de ótica  nos dá a impressão de que estamos num mundo paradisíaco, num Éden, não  o bíblico,  mas o  do hedonismo  exibicionista,  uma afronta,  de certa maneira,  às camadas mais  precárias de nossa   sociedade, os merdunchos da vida, os esfolados  pela engrenagem  do capitalismo  mal  assimilado. 
Enquanto isso,  no Planalto,   as lutas  persistem  aguerridas.    Parte da oposição rompe com o governo  petista via presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o qual, por seu turno,  é acusado de também ter recebido polpuda propina   de empreiteiras. Ou, por outra,   o oposicionismo  pró-governo federal (que confusão dos diabos e ausência de vergonha na cara a um só tempo!)  já não sabe  quem  é quem  no reinado  da luxúria  e da prestidigitação da politicalha.
Pipocam  as denúncias,  as delações   premiadas. Os executivos, com  a burra  cheia de dólares, depositados não sei onde,   surgem  perante os  telespectadores  das TVs ou das páginas dos jornais. Estão mesmo  presos ou apenas não passa  de um palco de encenação simbólica, de um simulacro?  Quero acreditar que não, que as prisões valerão  e serão cumpridas, não nos domicílios  dos acusados, mas atrás das grades para a execração pública e lição aos que  tentarem novas  maquinações   contra o dinheiro   do povo. Isso se as denúncias contra eles forem  realmente comprovadas. Aí sim,  passarei a crer em alguma  coisa séria do Estado Brasileiro e de suas instituições.
Entretanto,   enquanto os sinos  badalarem pedaladas   de reais  dos  governantes   no poder  à busca  voraz  de pecúnia   para  sustentar  a barriga  dos pobres e dos falsos  pobres que se beneficiam   do bolsa-família   e queijandos, manterei  minha  posição  firme  de descrença e de repúdio  contra o governo  petista. O Brasil, por enquanto, me parece caleidoscópico, camaleônico,  macunaímico, banânico,  bruzundanguense, em suma,   uma  miragem  perigosa  no deserto das ações  dos Palácio do Planalto.
Nesse ínterim,  na rua,  nua e crua,   a delinquência corre frouxa e sem medo  da decantada   redução da maioridade. Crimes hediondos são praticados diuturnamente,  notadamente nas grandes  cidades brasileiras, por  adolescentes  bandidos.  Oh, desamparados, coitadinhos,   “filhos” da  injustiça   social que,  no mínimo, em doze anos  de petismo   antropofágico, mistura  princípios  de  democracia de fancaria,  autoritarismo e  esquerdismo caviar.
Falso esquerdismo,  amante  dos louros do neoliberalismo, das viagens a Miami,  Nova Iorque e países  adiantados da Europa e de outros continentes  que estão na moda,  embora,   a todo  instante,   ameaçados do terrorismo  mundial fundamentalista. É a esquerda postiça, mui amiga dos pobres desde que fiquem sempre  pobres  e ganhem  as migalhas  do assistencialismo  populista. Contudo,  é uma “esquerda” que adora os  produtos  do capitalismo,  amam Nova Iorque,  os hotéis sofisticados,  a indumentária   dos milionários,  os carrões de luxo  e  a dolce vita  dos bacanas.”  Só  sociólogos europeus, norte-americanos e mesmo   brasileiros  de gabinetes,  avessos  ao contato com a arraia-miúda, posam de defensores do Lula, político  guindado a segundo  “pai dos pobres” de nossa  combalida Nação. Lula atualmente goza de uma posição  ambígua: a de  ser um  homem  bem  sucedido financeiramente  e de  estender  tudo isso à sua  família ilustre  que ama o doce capitalismo,  cujos frutos  já se multiplicam aos olhos   da patuleia basbaque e analfabeta
Esta a pátria amada  idolatrada, salve, salve que, com tantas evidências,  deixam, incólumes,  pelo menos  dois  responsáveis  pela  ópera-bufa  encenada  desde a guinada do embuste  esquerdizante do   voto  conseguido  às expensas  das  milionárias  propinas  do dinheiro  dos lucros das grandes estatais  através de diretores  nomeados pelo governo   federal  em conluio com grandes  empreiteiras e políticos  do governo   ou de partidos     aliados a ele.Tais  diretores de estatais se tornaram, destarte,      verdadeiros donatários baseados na Petrobrás e   disfarçados de bom-mocismo a serviço do “bem-estar” da Nação brasileira.
          Se no alto da pirâmide exemplos de lisura,  de  dignidade profissional,  de ética   pessoal é moeda  podre,  como  os que  estão na base da pirâmide podem se espelhar na ausência completa de caráter? Ora,  um país assim,  não pode dar certo. Conhecendo a estrutura  parcial  das leis brasileiras permitindo que a impunidade   passe ao largo dos graves  problemas   da violência  crônica  e   crescente  no dia-a-dia da nossa sociedade,  o cidadão  honesto,  contribuinte dos impostos,  vítima dos  juros  estratosféricos  que  funcionam como   se fossem  estelionatos   sob  a proteção  das leis do mercado, vive  sobressaltado de todos os lados, i,e,, vive  por sorte,  por milagre, em cidades   sem  a devida   e necessária  segurança que se espera há anos   das autoridades  responsáveis, tantos nos níveis municipais, estaduais  quanto federal. 
          O país está  hoje sofrendo a pior fase  de violência de toda a história brasileira. Os assassínios cometidos  se tornaram  banalizados. Apenas se noticiam  como dados  estatísticos. Os governos  estaduais e o federal não se importam mais com as matanças  de seres humanos. Assassinam-se pessoas de todas as idades por roubos de bicicletas, de motos, de carros,  de  “saidinhas de bancos,”  de assaltos à propriedade  privada,  de crimes  para compras  de drogas, de crimes no trânsito,  por estupros, seguidos de morte, de meninas  indefesas, de mortes sem motivação, ou seja,  mata-se  só por crueldade.
       Em quase todas  estas situações sumariamente   citadas aqui, sinto que  há um profundo vazio  de  compromisso do governo  federal para equacionar, com urgência  urgentíssima,   o teatro de horrores em que  se atolou o nosso país para  vergonha dos  povos  civilizados. Ainda mal  consigo  acreditar  como um país tão  atraente  turisticamente  como o nosso ainda  encontra   pessoas que viajam. É temeroso viver, agora,  no  Brasil,  sair sozinho a qualquer parte da cidade. Sempre ficamos com a pulga atrás da orelha. Infelizmente,  a população, sobretudo os mais  necessitados,  tem que sair de suas casas e enfrentar  o batente.
        Para os que creem só restam as orações,  os pedidos a Deus   a fim de que nos  poupe  do fantasma  da violência. Para finalizar, que Deus  nos  livre  da camarilha  pela qual é regida  em geral a  política brasileira. Que os órgãos de investigação da  Lava Jato encontrem os culpados da nossa  caótica crise financeira, não obstante intuirmos que não é tão  complicado assim indigitá-los com quase cem  por cento  de certeza.


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