Cunha e Silva Filho
Aviso aos leitores: este texto não é
um ensaio nem um estudo de especialista. É, antes, de um observador dos fatos que acontecem em
meu país e para os quais só aspiro a contribuir para lançar algumas ideias com vistas à melhoria de nossa sociedade.
Afastado há dias de temas sociais, retomo agora
temas que estão intimamente
interligados no meio brasileiro: as questões da política
e da violência. Numa e noutra há
pontos convergentes que se equivalem, que se aproximam e são
praticamente semelhantes se levar em conta componentes como caráter
do povo brasileiro, condição
social degradada da população
e a famigerada impunidade.
Creio que o
noticiário da política nacional,
mesmo visto pelas chamadas das manchetes de jornais, não é nada
abonador à imagem da situação – agônica - em que
partidos em geral e, sobretudo o
PT, nos envolveram e, o que é pior, nos
envolveram à nossa revelia.
As lutas intra-partidárias ou interpartidárias, ora semelham a uma comédia, ora a uma
tragédia grega. A violência de parte a
parte serve a um propósito: confundir as consciências alienadas da maior parte da sociedade.O poder delegado
aos políticos só é legítimo
porque alguém, sem
comprometimento político
algum, por vezes por mera farra ou molecagem, elemento carnavalizador do
votante brasileiro, vai às urnas
de forma compulsória e vota em
candidatos sem a mínima condição de
representar o povo, e aí temos
os humoristas de segunda classe, os artistas oportunistas (até rimou), os esportistas aproveitadores de seu passado de
glórias e de mau-caratismo. Seria
isso representação lídima de um povo?
Não, isso
nunca foi nem será pleito eleitoral verdadeiro, mas uma farsa cooptada, consciente ou inconscientemente, pelo próprio
povo desunido, dividido em classes e,
assim, presa fácil do “reinado”
dos demagogos e dos politiqueiros de longa e
breve data.
Por outro lado,
o país se modernizou. Funciona até bem
em alguns setores que até nos
causa espécie. O país é outro, se
informatizou, tem shoppings espalhados
em muitas partes ao longo de seu território. Os shoppings se tornaram uma
espécie de segundo lar do brasileiro.
Desta forma, nos dá a impressão de que vivemos bem no meio de tanta
suntuosidade, riqueza, produtos sofisticados de comunicação instantânea.
Os restaurantes de classe média, nos fins de semana, sempre se encontram lotados de gente com apetite pantagruélico.
As bebidas rolam pelas goelas abaixo, os carros de luxo desfilam
pelas ruas da alta burguesia. A ilusão de ótica nos dá a impressão de que estamos num mundo paradisíaco,
num Éden, não o bíblico, mas o
do hedonismo exibicionista, uma afronta,
de certa maneira, às camadas
mais precárias de nossa sociedade, os merdunchos da vida, os esfolados pela engrenagem do capitalismo mal
assimilado.
Enquanto isso,
no Planalto, as lutas persistem
aguerridas. Parte da oposição rompe com o governo petista via presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, o qual, por seu turno, é acusado de também ter recebido polpuda
propina de empreiteiras. Ou, por
outra, o oposicionismo pró-governo federal (que confusão dos diabos
e ausência de vergonha na cara a um só tempo!) já não sabe
quem é quem no reinado
da luxúria e da prestidigitação
da politicalha.
Pipocam as
denúncias, as delações premiadas. Os executivos, com a burra
cheia de dólares, depositados não sei onde, surgem
perante os telespectadores das TVs ou das páginas dos jornais. Estão
mesmo presos ou apenas não passa de um palco de encenação simbólica, de um
simulacro? Quero acreditar que não, que
as prisões valerão e serão cumpridas,
não nos domicílios dos acusados, mas
atrás das grades para a execração pública e lição aos que tentarem novas maquinações
contra o dinheiro do povo. Isso
se as denúncias contra eles forem realmente
comprovadas. Aí sim, passarei a crer em
alguma coisa séria do Estado Brasileiro
e de suas instituições.
Entretanto, enquanto os sinos badalarem pedaladas de reais
dos governantes no poder
à busca voraz de pecúnia para
sustentar a barriga dos pobres e dos falsos pobres que se beneficiam do bolsa-família e queijandos, manterei minha
posição firme de descrença e de repúdio contra o governo petista. O Brasil, por enquanto, me parece caleidoscópico,
camaleônico, macunaímico, banânico, bruzundanguense, em suma, uma
miragem perigosa no deserto das ações dos Palácio do Planalto.
Nesse ínterim,
na rua, nua e crua, a delinquência corre frouxa e sem medo da decantada
redução da maioridade. Crimes hediondos são praticados diuturnamente, notadamente nas grandes cidades brasileiras, por adolescentes
bandidos. Oh, desamparados,
coitadinhos, “filhos” da injustiça
social que, no mínimo, em doze
anos de petismo antropofágico, mistura princípios
de democracia de fancaria, autoritarismo e esquerdismo caviar.
Falso esquerdismo, amante
dos louros do neoliberalismo, das viagens a Miami, Nova Iorque e países adiantados da Europa e de outros
continentes que estão na moda, embora,
a todo instante, ameaçados do terrorismo mundial fundamentalista. É a esquerda
postiça, mui amiga dos pobres desde que fiquem sempre pobres
e ganhem as migalhas do assistencialismo populista. Contudo, é uma “esquerda” que adora os produtos
do capitalismo, amam Nova
Iorque, os hotéis sofisticados, a indumentária dos milionários, os carrões de luxo e a dolce vita dos bacanas.”
Só sociólogos europeus,
norte-americanos e mesmo brasileiros de gabinetes,
avessos ao contato com a
arraia-miúda, posam de defensores do Lula, político guindado a segundo “pai dos pobres” de nossa combalida Nação. Lula atualmente goza de uma
posição ambígua: a de ser um
homem bem sucedido financeiramente e de estender tudo isso à sua família ilustre que ama o doce capitalismo, cujos frutos
já se multiplicam aos olhos da patuleia basbaque e analfabeta
Esta a pátria amada
idolatrada, salve, salve que, com tantas evidências, deixam, incólumes, pelo menos
dois responsáveis pela
ópera-bufa encenada desde a guinada do embuste esquerdizante do voto conseguido às expensas
das milionárias propinas
do dinheiro dos lucros das grandes
estatais através de diretores nomeados pelo governo federal
em conluio com grandes
empreiteiras e políticos do
governo ou de partidos aliados a ele.Tais diretores de estatais se tornaram,
destarte, verdadeiros donatários baseados na Petrobrás
e disfarçados de bom-mocismo a serviço
do “bem-estar” da Nação brasileira.
Se no alto da pirâmide exemplos de
lisura, de dignidade profissional, de ética
pessoal é moeda podre, como
os que estão na base da pirâmide
podem se espelhar na ausência completa de caráter? Ora, um país assim, não pode dar certo. Conhecendo a
estrutura parcial das leis brasileiras permitindo que a
impunidade passe ao largo dos
graves problemas da violência
crônica e crescente
no dia-a-dia da nossa sociedade,
o cidadão honesto, contribuinte dos impostos, vítima dos
juros estratosféricos que funcionam como se fossem
estelionatos sob a proteção
das leis do mercado, vive
sobressaltado de todos os lados, i,e,, vive por sorte,
por milagre, em cidades sem a devida
e necessária segurança que se
espera há anos das autoridades responsáveis, tantos nos níveis municipais,
estaduais quanto federal.
O país está hoje sofrendo a pior fase de violência de toda a história brasileira.
Os assassínios cometidos se
tornaram banalizados. Apenas se
noticiam como dados estatísticos. Os governos estaduais e o federal não se importam mais
com as matanças de seres humanos.
Assassinam-se pessoas de todas as idades por roubos de bicicletas, de motos, de
carros, de “saidinhas de bancos,” de assaltos à propriedade privada,
de crimes para compras de drogas, de crimes no trânsito, por estupros, seguidos de morte, de
meninas indefesas, de mortes sem
motivação, ou seja, mata-se só por crueldade.
Em quase todas estas situações sumariamente citadas aqui, sinto que há um profundo vazio de
compromisso do governo federal
para equacionar, com urgência
urgentíssima, o teatro de horrores em que se atolou o nosso país para vergonha dos
povos civilizados. Ainda mal consigo
acreditar como um país tão atraente
turisticamente como o nosso
ainda encontra pessoas que viajam. É temeroso viver,
agora, no Brasil,
sair sozinho a qualquer parte da cidade. Sempre ficamos com a pulga
atrás da orelha. Infelizmente, a
população, sobretudo os mais
necessitados, tem que sair de
suas casas e enfrentar o batente.
Para os que creem só restam as
orações, os pedidos a Deus a fim
de que nos poupe do fantasma
da violência. Para finalizar, que Deus nos
livre da camarilha pela qual é regida em geral a
política brasileira. Que os órgãos de investigação da Lava Jato encontrem os culpados da nossa caótica crise financeira, não obstante intuirmos
que não é tão complicado assim indigitá-los
com quase cem por cento de certeza.
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