Cunha e Silva Filho
No contexto das principais nações do mundo, o nosso país ainda pode ser visto com certo otimismo. Nações ricas europeias e na América do Norte, os Estados Unidos, na Ásia, o Japão abalado pela Natureza que lhe foi inclemente com as terríveis consequências de perdas humanas, materiais e econômicas provocadas pelo último tsunami que o atingiu, os países árabes ainda por serem organizados em seus sistemas de governos, países africanos ainda assolados pela fome e por instabilidades políticas, econômicas, tudo isso reverteu em sérias preocupações para dirigentes e principalmente para os povos daquelas regiões.
Devo reconhecer que esse caos planetário tem sua agressividade mais evidente nos setores econômico e financeiro e um dos seus principais malefícios à sociedade veio na forma de desemprego em massa. São milhões de desempregados espalhados tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, país que, como o nosso, vale por um continente. De alguma forma, faz relembrar os sacrificados tempos da Grande Depressão quando houve a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929. Os desdobramentos da Grande Depressão todos sabemos no que deram para os destinos do Planeta.
Com esta situação mundial anunciando nuvens pesadas e ameaçadoras, não vejo como não fazer um brevíssimo paralelo entre o nosso país, a situação dos países europeus e principalmente os Estados Unidos.
Enquanto os países europeus endividados foram socorridos pela Comunidade Econômica Europeia, caso da Grécia, o mais gritante, assim como poderia mencionar a Espanha, Portugal e Itália, o Brasil, conquanto de dimensões continentais, tem conseguido driblar possíveis riscos de insolvência e turbulência relacionadas a dívida pública e de seu sistema bancário privado. Ou seja, a economia brasileira, apesar de ainda apresentar alguns problemas de vária natureza, tem conseguido manter-se dentro de uma normalidade na qual o maior trunfo seja um relativo controle inflacionário.
Na Europa na qual se encontram os principais países de economia estável alguns dos quais fazem parte do grupo dos países ricos, e apesar da larga experiência e do expertise de suas estruturas financeiras, a crise econômica se tornou logo aguda e se alastrou com praga para outros países do mesmo continente.
Ora, tal desacerto econômico-financeiro só pode ser atribuído à irresponsabilidade de seus governos cuja origem se pode traçar nos gastos excessivos dos governos e no uso indiscriminado dos chamadas aplicações financeiras de riscos, sobretudo na esfera privada,
Em outras palavras, a quebradeira das finanças está intimamente relacionada às especulações de investidores gananciosos que, ao invés de utilizarem seu capital para investimentos orientados ao desenvolvimento sustentado de seus países, em setores fundamentais, não movimentam positivamente suas exportações e suas importações em níveis de compatibilidade de gastos e de compromissos públicos visando ao bem-estar da sociedade.
Esses gananciosos apenas estão interessados no jogo inescrupuloso da aventura especulativa, em que o dinheiro aplicado somente atende a realimentar a ciranda financeira e não a transformá-lo em riqueza nacional a ser repartida com maior justiça social. A especulação financeira é da ordem do individualismo puro e simples, não da ordem social comum.
Alguém já imaginou os EUA, país da riqueza, do poder armamentista e do alto consumismo chegar, contraditoriamente, i.e., mantendo os multimilionários, à situação social em que está? Desemprego, pobreza, sentimento geral do povo de um país que mostra declínio e perda de hegemonia em setores básicos da sua vida social, isso definiria o país do Tio Sam em nosso dias.
É claro que o Brasil possui inúmeros flagelos ainda para serem debelados ou pelo menos reduzidos: a alta criminalidade, os problemas graves da saúde pública, a educação dos níveis fundamental e médio em estado precário e um dos seus males mais negativamente atuantes, a corrupção pública e privada de mãos dadas com a impunidade.
Pouco distante estaria o Brasil do sentido que imprimi ao título deste artigo se já estivessem solucionados ou reduzidos grande parte dos males dos quais padece a nossa sociedade.
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