terça-feira, 21 de junho de 2011

Um poema de Henri Cazalis (1840-1909)

Dans la forêt, la nuit


Silencieuse horreur des forêts sous la nuit!
Chênes, fantômes noirs qui vous dressez dans l’ombre
Bleus abîmes du ciel, gouffre tranquille ou luit
Le fourmillement clair des étoiles sans nombre,

J’erre terrifié, les yeux fixés sur vous,
Voulant toujours percer le mystère où nous sommes,
Mais où vous demerez, interrogés par nous,
Sans réponse jamis aux questions dês hommes!

Univers, éternel, arbre à jamais vivant,
Ygdrasill, frêne émorme aux vibrantes ramures,
Quel esprit est en toi, quel souffle fort, quel vent
Vient t’agiter sans fin et t’emplir de murmures?

J’ai peur, mortel chétif, em cette immensité:
La ténébreuse horreur de ces bois me penetre:
J’ai peur, quand au travers de leur obscurité,
J’aperçois l’infini qui menace mon être.


Noite na floresta

Sob a noite silencioso horror das florestas!
Carvalhos, fantasmas negros que na sombra desenhais
Do céu abismos azuis, tranquilo sorvedouro no qual brilha
Das inúmeras estrelas o límpido formigamento.

Apavorado vagueio, em vós os olhos fixos
Desejando, penetrar sempre no mistério da vida
No qual porém, por nós interrogados habitais,
Sem nunca nos dar resposta às indagações humanas!

Universo eterno, árvore pra nenhum vivente,
Igzdrasill, enorme freixo com vibrantes ramagens,
Que espírito em ti convive, que sopro forte, que vento
Vem te agitar sem termo e de murmúrios te encher?

Dessa imensidão medo tenho, frágil mortal:
Destes bosques me invade o tenebroso horror:
Medo tenho quando, através da sua escuridão,
O infinito ameaçando o meu ser percebo

(Trad. de Cunha e Silva Filho)

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