quinta-feira, 24 de março de 2011

Minha querida Liz Taylor

Cunha e Silva Filho


Lá nos inícios dos anos 40, você já surgia na tela em preto e branco, estonteantemente bela, com aquele sorriso de invejar todas as meninotas de sua idade. O olhar, nem se fala... Eram olhos de alegrias e de ingenuidade, de pura inocência fagueira, de uma menina, que, ao longo da vida, não chegaria à velhice majestosa dos oitenta anos, e haveria de viver tantas emoções, dores, decepções, doenças, vícios, casamentos desfeitos( um refeito), tudo, enfim, que parece ser uma espécie de sina sombria que acompanha alguns grandes artistas mundiais. Há esse grande mistério, insondável mistério que prodigaliza seres esteticamente maravilhosos, de beleza incomparável, e, no fim dos seus dias, lhes cobra alguma coisa em forma de padecimentos e desgraças, morais, físicas, psicológicas, existenciais.
Jamais saberei explicar que mistério é esse de final infeliz ou problemático que, por assim dizer, faz parte de algumas pessoas famosas que poderiam morrer de velhice, sentada tranquilamente num sofá de sua casa cercada de carinhos e da amizade de todos, ou seja, morrendo qual um passarinho, dando o último suspiro de uma vida em parte belamente vivida, intensamente vivida nos seus amores e nos seus sentimentos, pois, como se costuma dizer, tinham tudo pra serem felizes plenamente e não o foram.
A atriz inglesa de lindos olhos cor azul-violeta, de voz aguda e doce, carregando, numa das faces, um lindo sinal, durante bom tempo atraiu a atenção de milhões de homens atraídos e magnetizados pela doçura de seu rosto, de sua pele, e de sua cintura fina, e permaneceram-lhe fieis súditos de sua invejável beleza física. Elisabeth Taylor (1932-2011), essa inglesinha de Londres e filhas de pais americanos conquistou corações não só de adultos mas também de adolescentes que nos deslumbrávamos com a sua carinha linda, sua vozinha feminina, seu nariz perfeito, sua boca escultural, sua meiguice, seus olhos de tom azul-violeta, provavelmente os olhos mais lindos que o cinema mundial já nos deu. Não é apenas a cor dos olhos que torna as pessoas belas: é, antes,o olhar que elas nos dirigem, a expressão que nos transmitem a sensação de quem está diante do belo que é eterno, como afirmou o poeta romântico John Keats( 179601821).
Não deixam de passar pelas nossas retinas filmes com os quais ela nos encantou com a sua presença de protagonista, Cleópatra, Ivanhoé, Um lugar ao sol, A última vez que vi Paris , entre tantos outros filmes.
Liz Taylor, como era mais conhecida, não só se fez pela beleza mas pelo talento dramático. Ganhou dois Oscars de melhor atriz. Ganhou prêmios e honrarias tanto nos EUA quanto na Inglaterra. Liz é mais do que uma atriz do cinema. Como lembrou um colunista nosso, ela foi algo quase virtual em termos de cinema. Foi muito além de um ícone. Era uma estrela que se eternizou.
Teve participação social , mesmo já doente, lutou em campanha contra a AIDS, contra preconceitos. Foi, pois, participativa. Era amiga fiel dos seus amigos (Rock Hudson, Michael Jackson). Adorava jóias.
Sua vida sentimental-amorosa foi intensa, oito casamentos. Amou apaixonadamente, e foi por ele correspondida, o ator irlandês Richard Burton, seu marido por duas vezes.
Minha querida menina-atriz de There’s one Born every minute, no papel de Gloria, de 1942, ou da série Lassie come home, de 1943, interpretando Pricilla. Você viu a fama que conquistou, sentiu que o mundo a amou e encantou-se com você. Então, minha bela Liz, só me resta, ou melhor, só nos resta pranteá-la nesta ausência da beleza e da dor universal.

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