sábado, 27 de abril de 2019

A CRÍTICA DE RODAPÉ: ANTECEDENTES E OS ANOS DE APOGEU




               
 Situado entre a crônica e o noticiário, o rodapé era assinado por intelectuais que, a exemplo de Álvaro Lins, cultivavam a eloquência e a erudição com o intuito de convencer rapidamente os leitores num tom subjetivo e personalista.
                                                                  
                                                                                               CLÁUDIA NINA


               Na definição do verbete “rodapé,” o dicionário Aurélio consigna quatro acepções, uma das quais nos interessa  aos objetivos  deste capítulo, a 4, como segue: (...) 4. “A crônica, folhetim, etc. de jornal ou revista, publicação no rodapé da folha e geralmente separado do resto do texto por um filete horizontal.” [1]
               Afrânio Coutinho, o escritor que por tanto tempo  verberou contra o rodapé da imprensa nos decênios de 1940  a  1960, considerando  estas datas  sempre com  a devida flexibilidade, é justamente  um dos estudiosos brasileiros   que mais  aprofundou  a questão tanto  no jornal quanto principalmente  nos  seguintes livros: Correntes cruzadas (1953), Da crítica e da nova crítica (1957) e Crítica & críticos (1969).
               Não só  o crítico esmiuçou o assunto, mas também  procurou  situá-lo nos  termos  que, no  juízo dele,  ensejaram   esclarecimentos  isentos  de parcialidade,  ou seja   Coutinho não era  contra o rodapé em si, conquanto algumas vezes  em livro demonstrasse  sinais  de contradição, em especial quando  polemizava sobre  duas questões  que o colocavam  na defensiva  de seus  princípios  teórico-conceituais:a defesa da Nova Crítica e o combate sem trégua  contra o  Impressionismo  crítico, cuja  práxis  embutia  a questão da crítica de rodapés. Disso fez, durante  pelo menos  duas décadas um  exaustivo exercício de defesa de suas ideias  no campo  teórico.
               Empregou um artifício retórico em seus artigos, ensaios e críticos que jamais negou: a retomada de seus temas  prediletos na área da crítica  literária, da teoria literária e da historiografia  literária, mas retomada no sentido  progressivo, de alargamento  de visões  teóricas,  de aprofundamento atualizado  das questões desenvolvidas sob o signo da redundância conscientemente  usada como  estratégia  para repisar  temas e assuntos para os quais   desejava  soluções  de  mudanças   efetivas  e saneadoras  nos  estudos  de crítica literária e na pedagogia do ensino  de literatura, de que foi no país um dos maiores  doutrinadores.
              Chegou mesmo a usar uma espécie de lema de suas pesquisas e investigações, uma epígrafe extraída  de Napoleão:” A repetição é a melhor  figura de retórica.”[2] 
               No que  dizia respeito ao rodapé, foi, sim, contrário ao uso inadequado   dessa forma de  jornalismo  literário e, neste sentido,  entendia ser  ela um modo de apenas  informar  o leitor sobre livros  recém-lançados, contudo, sem intenção alguma de analisá-los em  profundidade e com pretensões de  fazer crítica literária,  a qual   era algo  a ser exercido  propriamente em livros, revistas especializadas,  na universidade, em congressos,  na cátedra, e  não  pelo  uso do espaço  do jornal, em suplementos  semanais.
               O rodapé deveria ser um texto breve,  superficial, sem aparato crítico-teórico, atividade do resenhista,   não do  critico literário, a quem caberia  a atividade de análise,  interpretação e julgamento de obras implicando disponibilidade de maior  tempo e instrumental  crítico-metodológico
              Coutinho se opunha a este exercício  de crítica, o qual,  para ele,  não passaria  de book-review do tipo  que, nos Estados Unidos, era largamente difundido  pelos jornais.   Segundo  ele, o espaço de tempo de uma semana não era suficiente para avaliar-se uma obra recém-lançada. Entretanto, acentuava, em alguns casos excepcionais  de  competência e erudição  do crítico,  era possível a judicatura  crítica  nestas condições.
               Convém, antes de tudo,   aclararmos  uma questão  que  se  tornou  controvertida  na biografia  intelectual do crítico Coutinho:   é voz corrente que ele foi  um aguerrido   inimigo da  crítica de rodapé,  período  em que  dominava  a corrente critica  conhecida pelo nome de  Impressionismo.
              Quem, todavia,  se  der ao  trabalho de  ler  os três livros de Coutinho citados linhas atrás,  verificará  que os fatos  não foram exatamente  assim. Coutinho  reprovava  o rodapé,  repetimos, daqueles     críticos sem  nenhum preparo  para o ofício de  julgar  livros. Entretanto,  não se dirigiam  suas    diatribes  contra  figuras  de reconhecida  capacidade  e erudição para o  exercício da crítica  militante. Ele não citava  nomes,  somente  generalizava suas ponderações.
               Enfatizava, ademais, a circunstância  de que escrever artigos  sérios e profundos   em  exíguo  período de  tempo, i,e, em coluna semanal, não poderia   se definir  como  crítica literária,  disciplina que requer  leitura e releitura,  paciência e metodologia combinada com  levantamento e atualização  bibliográficos, normas  técnicas de preparação  de  trabalhos  ensaísticos, técnicas de documentação,   conhecimento de edição de texto.                                      
               Comentando  historicamente  alguns acidentes por que  passou a crítica militante, “jornalística,  de folhetins  periódicos” [3] de rodapé, ou  review,  lembra Coutinho  que,  tendo-se  popularizado  a militância  crítica da França para outros países,  que passou a valer  como  “padrão da crítica,”  com o tempo, segundo  ele,   surgiram  “divisões” incontornáveis  no “sistema” sobretudo   “entre a crítica e a história literária”[4] em que a primeira  cuidaria  da produção  do presente, praticada nos  jornais, e a segunda, se ocuparia da produção  do passado,  com a denominação de erudita, historiográfica,  ensaística. Quando  do desenvolvimento  dos estudos literarios  brasileiros,  estas duas divisões, a meu ver,  corresponderiam, respectivamente,    às atuais  resenhas  e monografias, dissertações e teses  universitárias,  guardadas as proporções e as grandes  modificações sofridas no tempo
               Todavia, o próprio Coutinho  utilizou  por décadas em jornais a militância  crítica, porém  mais dirigida  a analisar  questões  teóricas de literatura,  história literária e sobretudo de crítica literária, o que levou Antonio Candido a chamá-lo de “critic’s critic.” Julgamos  que Candido teria sido   mais  exato se definisse Coutinho como  o “critic of criticism.”
               A rigor,  esta classificação  não pode ser tomada  ao pé da letra,  porquanto   Coutinho  tinha  uma  concepção de crítica muito mais ampla,  não se restringindo  apenas à militância  crítica. Ou seja, não concordava com  aqueles  que só  consideravam  crítico quem  militasse nos rodapés.
               Na realidade, sempre se cobrou do autor de A tradição afortunada  uma militância crítica, a análise, interpretação e julgamento de  livros  do momento. Mesmo no concurso  a que  se submeteu para provimento da cátedra de literatura  no Colégio  Pedro II,  um dos examinadores, Affonso Arinos de Melo Franco, indagou, em tom  de  severidade  que o momento  exigia, por que  Coutinho não passava da teoria para a prática. “não se confinasse à crítica da crítica, aplicasse sua  instrumentação à crítica  das obras de arte”[5]
               Esta posição de Coutinho  torna-se bem mais  explícita  numa  passagem  de sua  longa  introdução à obra  Correntes  cruzadas -  texto fundamental ao conhecimento do  pensamento do crítico  e do caráter combativo que imprimiria ao seus estudos do fenômeno  literário. 
               Talvez haja lugar aqui para mais uma nota  pessimista,ou ao menos de humildade: nossa  incompetência para  realizar-nos, para concretizar aquilo que idealizamos ou  visualizamos.  Falecem-nos as disciplinas, os recursos, mesmo quando não ignoramos onde estão.  As gerações como a de quem  aqui escreve, comprometidas por graves deficiências de formação e falta  de orientação, agravados  tais defeitos pelas circunstâncias locais,  é natural que se vejam peadas no realizar a operação de passagem dos princípios básicos e dos planos teóricos para o campo da prática.[6]
               Entretanto, na “Apresentação” de seu livro Crítica & críticos, pondo de lado  aquela atitude  tíbia, acima-citada, Coutinho  assume aberta e corajosamente  a sua posição quanto ao fato de  a crítica brasileira   dele estar sempre exigindo  militância  no  sentido de  analisar e julgar  livros  novos lançados  no mercado. Para  essa insistência  dos críticos,   Coutinho  dirige estas  palavras: “Afirmar  que não faço  crítica só porque não escrevo rodapés (deitados ou verticais) sobre os livros do momento é uma total deformação dos fatos.”[7]
               Em seguida, em forma de indagação ao leitor, Coutinho apresenta uma série de  atribuições  fundamentais  do papel  de um crítico que, a  despeito de  sua decisão  de não  exercer o julgamento de obras  novas,  não  estará abdicando  de sua função quando  faz a crítica da crítica,  quando especula  sobre teoria literária,   quando  planeja, organiza e edita uma história literária,  quando prepara edições de autores, quando analisa  problemas  literários e críticos.
              O que faz – se pergunta – não seria  também crítica estudar  o passado e o presente, empregando  o instrumental crítico, a erudição,  a história, a pesquisa dirigida ao passado ou ao presente? Sua assertiva é  direta e firme: “Sim,  crítica  é tudo isso,  disciplina global de análise, aferição, interpretação, compreensão do fenômeno literário.”[8]
               Nos períodos do recorte que assinalamos atrás,  houve críticos  de alto fôlego que  mantiveram  este tipo  de  atividade, quer dizer, a militância  crítica, tais como  Tristão de Athayde,  Agripino Grieco, Álvaro Lins,  Sergio Buarque  de Holanda,  Mário de Andrade,  Wilson Martins, Antonio Candido, entre  tantos outros, mais  importantes ou menos importantes  críticos  militantes de então.
               Na realidade, a ligação entre o jornal  e  o leitor e, em seguida, a convivência  entre  jornalismo e literatura,   historicamente  se inicia com  a  introdução  da imprensa no  Brasil, ou melhor com  a criação da Impressão Régia conseguida graças  à maquinaria necessária  trazida  pela Corte  portuguesa (1808), propiciando, assim,   a instalação do  primeiro  jornal  em nosso país, a Gazeta, lançado a 10 de setembro de 1808,  publicação não-oficial, conforme  afirma Massaud Moisés, que  veio  preencher um atraso  de completa ausência  de jornais e revistas durante o  período  colonial, embora,  ainda  de acordo com  Massaud Moisés,  nos anos de 1706 e 1747 e 1807 tivesse havido  “tentativas” de  implantar  tipografias no país.[9]
               A publicação daquele jornal deveu-se aos esforços de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Com a transferência da família real  da  Bahia  para a cidade do Rio de Janeiro (1808), o príncipe D. João VI alçou esta cidade  à dignidade de capital da monarquia lusa. Seu governo  foi  produtivo em muitos aspectos, porquanto  ainda realizou outros melhoramentos: construções de prédios,  fundação do Jardim Botânico,criação de uma fábrica de pólvora, fundação de uma academia de marinha e da Biblioteca Nacional, com  importante acervo  trazido de Portugal.[10] No passado mais remoto,   tivemos o  exemplo de José Veríssimo que,  segundo  Nelson Werneck Sodré,[11] militou intensamente na imprensa como crítico literário nos rodapés do Correio da Manhã, jornal fundado  em 1901 por Edmundo Bittencourt Era um tempo  em que  o Rio de Janeiro  imitava  as modas  francesas e até comportamentos intelectuais   da  imprensa  parisiense.
             Um exemplo referente ao mimetismo  de  atitude intelectual e de voluntária  dependência  da influência francesa da época,  é o do crítico José Veríssimo, o qual, por imitação do crítico Sainte-Beuve, cujos artigos rodapés saíam às segundas-feiras (Causeries de lundis), igualmente   publicava seus rodapés  nesse mesmo dia da semana..
 Tudo que vinha da França era motivo de encantamento e subserviência  cultural. O maior exemplo disso  é o de Olavo Bilac. O mesmo diríamos da construção da Academia brasileira de Letras, também conhecida como Petit Trianon, por imitação  arquitetônica  da Académie Française, que tem o mesmo  número de membros eleitos, ou seja,  quarenta ocupantes.
               Sodré, aludindo a esse período  de influência francesa  na cultura  brasileira, afirmava  com  razão: “Literatura e mundanismo confundiam-se, então.”[12] Ironizando ainda  este colonialismo cultural em relação à França e tendo  como  protagonista Olavo Bilac, acrescenta:

(...)  O cúmulo do prestígio estava, para quem se dava às letras, aqui, era viajar à Europa. Mais do que isso: estava em detestar o Brasil e delirar por Paris. Bilac de lá escrevia a um amigo no Rio: ‘Paris 2. Cheguei. Dormi primeira vez em meu berço. Sinto-me um recém-nascido, Vou aprender a  falar.’ Terceiro, que passava na capital francesa  largos períodos, ia longe, também: ‘Dizia gastar o quádruplo do que ganhava, fazer dívidas para seguir o exemplo de luminoso de Balzac e distrair o tédio, pois alguns julgavam também  muito chique entediar-se em Paris’ [13]

               Desde o final do século   XIX, e na maior parte do século XX, a moda do rodapé crítico  se estabelece no país e se estende aproximadamente   até os anos  1960, sendo que,   seu  ponto culminante, pelo menos  quantitativamente, pode ser  localizado nos  anos 1940, ou seja,  quando  o  Impressionismo  crítico  é duramente  questionado em seus  alicerces pelas novas correntes do pensamento  crítico  mundial no tocante aos estudos da obra literária.Este aspecto será analisado com maior  profundidade   ainda neste capitulo, nas seções 3.1 e 3.2 ao  discutirmos  a crítica de Álvaro e a de Afrânio Coutinho.
               Além do citado Veríssimo e, mesmo antes dele ou simultaneamente à sua militância em jornal, revista e livro, contamos com  notáveis  críticos e historiadores  brasileiros, no Realismo e Naturalismo  Sílvio Romero, Araripe Júnior, Machado de Assis;  no Simbolismo,  Nestor Vitor; no Pré-Modernismo,  João Ribeiro; no Modernismo, Tristão de Athayde,  Agripino Grieco,  Álvaro Lins,  Olívio Montenegro, Eugênio Gomes, Lúcia  Miguel  Pereira, Brito Broca, Augusto Meyer, Sérgio Buarque de Holanda, Astrogildo  Pereira, Sérgio Milliet, Antônio  Candido,  Wilson Martins, Temístocles  Linhares,   Afrânio Coutinho, Roberto Alvim Correa, Otto Maria Carpeaux (este de origem austríaca).           
               Em seguida, já pelos anos 1950 e 1960, novas gerações de críticos de diversos  approaches da nova crítica, servindo-nos aqui do conceito abrangente de Afrânio Coutinho, iam surgindo,  Massaud Moisés,  Fausto Cunha, M. Cavalcanti Proença, Antônio Olinto,  Hélio Pólvora,  Cassiano Nunes, Paulo Rónai (este também   estrangeiro, de origem húngara) Darcy Damasceno,  Mario Faustino,  Eduardo Portella, Cassiano Nunes,  Fábio  Lucas, Assis Brasil,   Luiz Costa Lima,  José Guilherme Merquior, Oswaldino Marques, entre muitos  outros.
               Uns e outros representam correntes do pensamento crítico da sua  época, com suas limitações  de meios e dos mais  diversos  contextos políticos, econômicos, históricos e ideológicos  enfrentados pela  história  mundial e brasileira:    Revolução  Russa (1917),  Primeira Guerra Mundial (1914-1918),  Segunda Guerra Mundial (1939-1945)  e ainda,  no país,  fundação do  Partido  Comunista, em 1922,  Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo,  Revolução de 30, Estado Novo (1937-1945) os interregnos dos  períodos democráticos, ditadura  militar nos anos 1964 a 1984, redemocratização  do país, processo crescente  de industrialização e urbanização (formação de megalópoles (São Paulo e Rio de Janeiro), grande aumento populacional, êxodo rural, ascensão da classe média, fortalecimento do operariado,  entre tantos  outros  fatos  de natureza  político-social-ideológica 
              Antes mesmo do Romantismo brasileiro, é difícil pensar em literatura sem vinculá-la ao jornal, à imprensa. Basta pensar-se em Hipólito da Costa e Evaristo da Veiga,  publicistas  de grande  talento, representantes  do “liberalismo de centro” [14]  no período    do Pré-Romantismo, ambos  destinados a defender  princípios  da  liberdade, de consciência  histórica, de nosso “direitos civis,’ de “respeito a Constituição” e de desvinculação  de nossa cultura das recentes  pressões colonialista-lusas.  Ainda conforme Bosi, os dois jornalistas  inauguram  entre nós  um “molde brasileiro de prosa jornalística de ideias, não superado no século XIX.”[15] Deram inegável contribuição à cultura brasileira  com as agudas  análises políticas sobre  questões  cruciais. Hipólito da Costa focalizou  o governo de D. João VI, através  do seu  Correio Brasilense, jornal  que fundou em Londres,  onde passou grande parte de sua vida. Evaristo da Veiga abordou  questões do  Primeiro Império,  com seus escritos  estampados na Aurora Fluminense.[16]   
               Lembra ainda Bosi a contribuição de seus textos, os quais, conquanto não  tenham  diretamente   influenciado  o campo das letras, serviu enormemente para  despertar  no leitor brasileiro o interesse  ainda pouco   voltado  na época  para  a vida  política. Agiram eles,  pois,  como formadores  do  “público ledor,” o que significava um  grande passo para o amadurecimento e conscientização do público.[17]
              Nos albores do Romantismo  brasileiro, pela  imprensa   já ficara conhecida uma  polêmica travada entre Gonçalves de Magalhães e José de Alencar a propósito da  publicação  do poema  do primeiro, A Confederação dos  Tamoios,” poema indianista de feição  épica, ao qual    nos reportamos  anteriormente.
               No capítulo 2 deste estudo, comentamos o episódio da polêmica entre o poeta  Gonçalves de Magalhães e o ficcionista José de Alencar a propósito daquele  poema. Alencar fez dura crítica à elaboração estética  do   poema, o que, como vimos, deu azo à polêmica. Recordamos que a crítica de Alencar, no futuro,  lhe daria  razões sobre os  aspectos  falhos apontados   não só na sua  construção  técnico-poética como também  nas ideias acerca do elemento indígena. No que tange à polêmica “A Confederação dos Tamoios,” Afrânio Coutinho partilha das posições de Alencar reconhecendo-lhe a validade e a “justeza’ das críticas,  para ele “(..) ainda  hoje válidas, provando-se que a tentativa de Magalhães foi  malograda sob todos os pontos de mira..” [18]
               A vida literária, no passado e no presente, tem lá seus  percalços   e seus caprichos tanto no que concerne ao esquecimento de autores quanto no que respeita ao destino de um autor. O que critica é, depois, vítima   cruel de   outros   críticos, tal como  aconteceu  com Alencar  nas polêmicas entre ele e os mencionados autores  na defesa  de Magalhães, até mesmo  de além-mar, como os escritores  portugueses  Antônio Feliciano de Castilho,  Pinheiro Chagas,  do brasileiro, médico e escritor Antônio Henriques Leal, natural do Maranhão,  autor de Elocubrações (1874) além de  mais um  adversário brasileiro Franklin Távora, com  Cartas a Cincinato (1871),  subestimando  o regionalismo  ficcional de Alencar.[19]
               Praticamente, toda a fase do Romantismo  é pontuada  de  controvérsias e debates  calorosos e por vezes  hostis. É neste contexto de ambiente de vida literária  que a imprensa  tem  sua  relevância e sua  singularidade, já por   mostrar ao  público   a produção ficcional  nos  chamados folhetins dos jornais, já por ser veículo de trocas de ideias ou de controvérsias  entre  escritores.
               Se, a princípio, não havia rodapés críticos, havia os múltiplos jornais  que  estampavam  artigos,  crônicas,  notícias  culturais  a um  público  que se ia  conquistando, sobretudo os leitores de folhetins, em geral,  um publico feminino  que,  à semelhança da telenovelas   de hoje, de resto,  classificadas  por Afrânio Coutinho como um novo gênero  literario, “(...) misto do antigo folhetim, da ficção, do teatro e do cinema (...).”[20] Os nossos  folhetins, construídos sob o modelo  francês que se  popularizou no século XIX, dos quais  se destacaram os romances de Eugene Sue, com especial  atenção para  Os mistérios  de Paris, traduzidos para  várias  línguas,  eram aguardados ansiosamente pelo  publico  que  se deleitava   com  a sequência  dos  desdobramentos  de  aventuras amorosas, de lances aventureiros e  rocambolescos 
               Entre leitores brasileiros, sobretudo do sexo feminino, o mesmo ocorria, seduzidos  com a ficção  publicada em folhetim  ou em livro posteriormente, de Joaquim  Manuel de Almeida,  Joaquim Manuel de Macedo,  José de Alencar. Com eles ganhou a ficção brasileira do Romantismo foros de legítima criação literária, a despeito das diferenças  de qualidade  estética que entre esses autores   existem.
               Já com os folhetins e calhamaços de Teixeira e Sousa, injetando no espírito do leitor peripécias e destinos dos personagens, em romances com ações romanescas,  amedrontadoras  e misteriosas,  o tempo  mostrou, tanto da parte do público quanto da crítica,  a indiferença e o esquecimento, conforme esta passagem de avaliação  de Antonio Candido que, aliás,  dedicou  uma seção de boa  análise crítica, do capítulo  III sobre  o infortunado  escritor de  Cabo Frio:
  No entanto, embora a qualidade literária seja realmente de terceira plana, é considerável a sua  importância histórica, menos  por lhe caber até nova ordem a prioridade na cronologia do nosso romance, (não da nossa ficção), do que por representar, no Brasil, maciçamente o aspecto que se convencionou chamar  folhetinesco do Romantismo Ele o representa, co m efeito, em todos os traços de forma e conteúdo, em todos os processos e convicções, nos cacoetes , ridículos,  virtudes..[21]
               
              O crítico e historiador da vida literária  brasileira, Brito Broca, autor, de resto,  já citado,  na sua  indispensável obra, A vida literária  no Brasil – 1900,  inesgotável fonte de pesquisa para qualquer  estudioso da literatura brasileira, realiza um levantamento  exaustivo  dos mais  importantes acontecimentos envolvendo  os bastidores  de livros e autores, modos de vida dos escritores da época,  de escritores  famosos  que visitaram o  país,  os seus  defeitos e qualidades de nossos  homens de letras, sua grandeza e sua  miséria,  suas atitudes ridículas, suas posições  e atitudes desconcertantes,  pedantes,  medíocres em alguns  casos,   seu mundanismo e beletrismo  vazios,  suas polêmicas  e desavenças em período conhecido como  Belle  Époque que, para José Guilherme Merquior  na vida cultural brasileira duraria,   “no mínimo,”  até 1930.[22]
               Não conhecemos outro livro similar que tenha retratado tão bem o homem literário de então e  propiciado ao leitor de hoje  o que de mais   relevante  foi  observado sobre  o tema. Brito Broca, que, pela segurança  do que  nos relata e analisa com  admirável  clareza,  nos dá  um magnífico testemunho do que foram aqueles  primeiros anos  da vida  literária  brasileira.
               Na obra de Afrânio Coutinho, Da crítica e  da nova crítica, [23] consideramos   de particular  relevância  ao  esclarecimento dos  pontos de vista desse crítico  e historiador o debate da crítica  de jornal, ou crítica de rodapé, que, no país,   conheceu  seu tempo áureo, dos anos  1940  a 1960,  aproximadamente,  a partir  das inovações que  se operaram  nas  práticas  da chamada Nova Crítica,  a qual em Coutinho teve   seu    principal  divulgador, doutrinário e teórico  no país.
               Para  uma das finalidades deste  capítulo, ou seja propiciar uma visão  mais ampla  da crítica de rodapé,  vale ressaltar e mesmo  reafirmar  a contribuição  daquele livro de Coutinho que de perto fala das relações entre jornalismo e literatura e, em particular,  discute dois conceitos  da prática  crítica, o da crítica militante, correspondente ao rodapé, oriunda dos franceses, sendo  Sainte-Beuve (1804-1869) seu mais  notável cultor com  os seus famosos artigos  semanais  conhecidos  como lundis, e da crítica escrita especialmente  para o livro, que  principiava a dar seus primeiros  passos e encontrou, mais tarde, o lugar  mais  propício ao seu  desenvolvimento -  a universidade - quando  no Brasil   surgiram paulatinamente   os cursos de  filosofia e   letras.
               Podemos situar como  o ponto mais  brilhante da crítica brasileira, o seu apogeu  mesmo, no Modernismo  brasileiro, tendo como  sua figura mais  respeitada  o crítico  Tristão de Athayde  que, em 1919  assumiu  a coluna de O Jornal, no Rio de Janeiro, e nele  militou  por longos anos, acompanhando  de perto  todas as transformações pelas quais  passou  a produção  literária brasileira. Polígrafo notável, de vasta cultura literária e humanística, abrangendo  vários  domínios do ser humano,  seus  estudos  sobre  o Modernismo  têm  um valor  perene se vistos  pelo  tempo em que foram  escritos e pela  atualidade de seus  conhecimentos  teóricos de literatura,  não só nacional, mas estrangeira.
               Ele próprio se definia como crítico expressionista e, no fim dos seus anos  dedicados  à literatura,  teve a humildade de afirmar  que a sua geração  era de amadores  do ofício  crítico.  
               Não era  verdade,  porque sua formação  fora  rigorosa como estudioso  de nossas letras e, ainda  por cima,  as obras  que deixou  no terreno  da crítica,  do ensaio e da história  literária, eram  obras que,  em muitos aspectos, ainda são  fontes de reflexão  profunda e original sobre  o fenômeno  literário, tais como  Afonso Arinos (1922)  sua obra de estreia,  A crítica e o crítico literário, Introdução à literatura brasileira, Quadro sintético da literatura brasileira, afora seus  números  trabalhos críticos  publicados  durante a sua   militância  na  imprensa.
.           Tendo sido também professor de literatura brasileira na PUC-Rio e na Faculdade Nacional de Filosofia da ex-Universidade do Brasil, Tristão de Athayde formou  gerações  de  ensaísta  e de pesquisadores  e, pelo  exercício da cátedra de literatura brasileira do curso de letras naquelas universidades,    foi um  exemplo  de um scholar e  grande crítico-universitário.  Sua atuação  foi  imensurável na primeira fase do Modernismo.
               Outro crítico  que  utilizou  o rodapé foi  Agripino Grieco, inclusive foi ele que substituiu  Tristão de Athayde em O Jornal.  Grieco, autodidata, ganhou renome como  crítico,   autêntico  bookworm e, por seus dotes intelectuais e  competência,   pertenceu aos  quadros docentes da ex-UEG, hoje UERJ, na condição de professor de literatura  luso-brasileira. Angariou vários adversários ao longo da vida em decorrência de sua  crítica ferina sobre autores  por ele  julgados  de ínfima   qualidade.
               Atacou os medalhões da sua época, com um alvo certo e mordaz contra  membros da Academia   Brasileira de Letras, conforme se vê na sua  obra Zeros  à esquerda,[24] de leitura  recheada de humor inteligente   e de  espírito  sarcástico inigualável, em estilo  com forte empatia. 
               Deixou obra vasta sobre história da literatura brasileira. Sua abordagem crítica  era impressionista, mas de um impressionismo  revelador  de  forte vocação  para  a critica,  de um  escritor  forrado de  vastíssima leitura, um verdadeiro  depositário de fatos e curiosidades da vida literária de seu  tempo, do qual parecia um demiurgo, altamente  informado sobre  obras,  escritores e  fastos da vida literária  brasileira.
               Se sua crítica  agora nos parece ultrapassada,  o  que nos legou  da vida literária ainda  merece leitura  dos estudiosos  de hoje. Da mesma sorte, é válido também seu  profundo conhecimento de literatura universal, já que  lia  em  pelo menos,  quatro línguas modernas.
               Álvaro Lins é apontado como o último grande crítico de rodapé e, conforme    ressaltamos  neste  estudo, sua militância  crítica  concentrou-se  na segunda fase do Modernismo. Acompanhou a nossa produção literária e de outras  áreas do conhecimento  humano a  partir dos anos 1940 e sua  atividade no jornal e no livro  chega até aproximadamente o início dos  anos 1960. Se não foi o melhor dos críticos brasileiros da fase em que atuou  incansavelmente, teve a consagração  de ser talvez o mais influente de sua  época.
              A sua liderança era tão forte que uma geração  de novos críticos ,na década de 1950, através do jornal e do livro,   como  Fausto Cunha, Darcy  Damasceno, entre outros, desejaram  desbancá-lo de seu pedestal. Era, nessa época que  aqueles  jovens críticos  se aliaram de certa  forma  ao combate que lhe vinha dando   Afrânio Coutinho.
               Lins, consoante tantas vezes temos acentuado neste  estudo, constituía  o grupo de críticos  rotulados de impressionista, no caso dele, de um  crítico  de formação  intelectual   haurida  em amplas  leituras  de Sainte-Beuve, de Anatole  France, do que de melhor  havia  no domínio francês de  crítica literária. Segundo Alfredo Bosi, Lins  aliava a “percuciência  e de formas de “leituras mais próximas dos franceses pelo  “gosto de análise  psicológica e moral.”[25]
               Na sua fase de apogeu a produção  crítica  intensa e contínua de  Lins  conheceu interrupções apenas quando se afastou  de sua  atividade  no magistério como  professor  interino do Colégio  Pedro II,  e quando se afastou de sua atividade de  jornalista  político e  de crítico literário, para, em missão  oficial do   Ministério  das Relações  Exteriores,  lecionar  Estudos Brasileiros na  Faculdade  de Filosofia e Letras da Universidade de Lisboa de 1952 a 1954.  Mais uma vez se afastou do país para  se dedicar  a uma outra  função   pública, a de  embaixador do Brasil  em Lisboa de 1956 a 1959.
               Nascido em Caruaru, Pernambuco, formou-se  em direito, mas  desde bem  jovem revelava  tendência  para a  política, o magistério  e a crítica literária. Em Recife, ainda  estudante,  lecionou  história da civilização  no Ginásio do Recife. Como representante do Diretório dos Estudantes da Faculdade de Direito do Recife, na abertura do ano letivo da Faculdade,   pronunciou, aos vinte anos,  uma  conferência  sob  o título “A universidade como  escola  de homens públicos.” A conferência  causou  tão  grande impressão que  o seu nome  ficou  conhecido. Ainda em Recife, ingressou no jornalismo escrevendo para o Diário da Manhã, de 1937 a 1940.
               Tinha aspirações de ingressar na política local.  Atuou em movimentos  políticos, chegou  a ser Secretário do Governo de Pernambuco e seu nome  já estava certo para  compor  uma das chapas  de candidato a deputado  federal. A chegada do Estado Novo, em 1937, cortou-lhe a esperança da carreira política. Transfere-se para o Rio de Janeiro,  ingressa fundo no jornalismo  e dá continuidade ao  campo de atividade que lhe deu notoriedade nacional, a crítica literária. Fez logo figura  na imprensa  carioca, escrevendo para o Suplemento  Literário do Diário de Notícias e dos Diários Associados (1939-1940) assim como  tornou-se redator-chefe e dirigente  político do Correio da Manhã (1940-1956)]
               Seu Jornal de crítica  - o núcleo temático de maior  abrangência de sua  atividade crítica -  agasalha  a suma mais significativa da   militância  em rodapés. A fase da crítica de rodapé declina com o afastamento de Lins e a substituição  de novos  atores  no campo da crítica  literária, do ensaio, da teoria, i.e., o “bastão”  do  Impressionismo  foi substituído, não sem  grandes  resistências  dos  principais  críticos  ditos  impressionistas, por novas correntes da crítica literária mundial, ou seja, entre elas a Nova Crítica. Já entrávamos na era  da convivência,  não diríamos  pacífica,  de  novas mentalidades de críticos que despontavam a partir da década de  50 do século  passado.
               Com muita  argúcia  observa Cláudia  Nina, em seu  pequeno e   proveitoso  livro,  Literatura nos jornais: a crítica literária dos rodapés às resenhas:
  
Os recém-chegados críticos-scholars foram colocando os impressionistas em desconforto. Enquanto isso, pouco a pouco, os editores dos suplementos  eliminavam os rodapés dos jornais e privilegiavam textos mais curtos,  menos  digressivos e mais objetivos.[26]
              
              As querelas, daí em diante declinavam, sem mais a intensidade que havia nas brigas  intelectuais  entre  Sílvio Romero e José Veríssimo[27], entre,  Lins e Coutinho. Sumiram as polêmicas. Passou-se ao primado das resenhas, feitas por jornalistas ou  por acadêmicos ou mesmo autodidatas.
               Contudo, há algo completamente diverso entre   a resenha atualmente  praticada nos jornais  de maior renome  e a velha crítica  de rodapé  exercida pelos críticos  franceses do século XIX.  Afrânio Coutinho criticara com  rigor os chamados  “reviews” quando desvirtuados   de seu papel de apenas  informar  ligeiramente  sobre  livros lançados.  A crítica  literária, conforme  foi  propugnada   por Coutinho  durante décadas,  finalmente encontrou seu grande espaço no livro e nas revistas  especializadas das universidade públicas ou  privadas.
               Lins, por sua vez, reconhecia que, nos rodapés, “pequenos ensaios ou artigos, podiam  ser escritos desde que versassem  sobre  um “aspecto caracterizador,” ora um tipo de crítica que exigia   “.. o  estudo dos livros do dia, ou dos mês” em rodapés ou  revistas, ou ainda a crítica de um “tema” em  breves e “espontâneos ensaios” sob  enfoques  específicos: o estético,  o psicológico, o histórico, o sociológico, o folclórico, entre outros aspectos.[28]   
               As resenhas, agora, sofreram substanciais mudanças em seus pressupostos  técnicos de linguagem;  falam uma linguagem  jornalística, objetiva, clara,  além de  dar exemplo de excelência de elaboração na maioria dos casos Assim o atestam  alguns críticos como  João Cezar de Castro Rocha e a citada Cláudia Nina. Tampouco há maior interesse de  divergência explícita entre  o que seja melhor, se  a resenha escrita por um jornalista, se  a de um  professor  universitário, que já procura, salvo exceções, adaptar-se ao público  leitor, optando, em geral,  pela  eliminação dos jargões acadêmicos  nos cadernos  de cultura.
               E há algo mais a acrescentar: o caderno “Ilustríssima” amiúde publica  até ensaios ou  parte de ensaios sobre  literatura, de autores nacionais  ou  estrangeiros  traduzidos, e ultimamente textos  acerca de assuntos variados, tais como  artes plásticas,  quadrinhos,  cartuns, fotografia, música, cinema, filosofia,  ciências,   entrevistas, notícias sobre   livros  lançados,  exposições,    página de  poesia, páginas  destinadas a publicações  de contos  de autores  mais conhecidos,  colunas  com  publicações    espaçadas,  notícias culturais etc.
               Já o “Prosa & Verso” do Globo se divide mais em  resenhas,  entrevistas,  textos  de colunistas  publicados  periódica ou eventualmente,  sínteses sobre  enredos de livros recém-lançados, a coluna semanal de José Castelo, notícias sobre  eventos  literários, listas dos mais  vendidos em ficção e não-ficção, e-books, cursos,  workshops,  encontros literários,  palestras, conferência e uma última página em que se publicam  artigos  de relevância   cultural.        
               De outra parte, de vez em quando se publicam na imprensa, nos  cadernos culturais, tomando-se como modelos  os dois acima-mencionados, alguns  artigos  duros e sinalizadores de uma  possível  polêmica, mas  no embate há uma  réplica e, no máximo, uma tréplica Os contendores se afastam, cada um,  para seu canto.
              Cláudia Nina, na mesma obra, em tom de  certo desapontamento sobre o que  denomina  “esvaziamento das polêmicas” critica (sem trocadilho) em  relação aos “cadernos literários,” a “complacência,” o “consenso” e a “superficialidade” das polêmicas; daí, falar ela de  “esvaziamento  do debate, das ideias e, acrescentaríamos de nossa parte,  da ausência e coragem de analisar obras e julgá-las.
               O crítico, o resenhista, ao discutirem sobre  um livro novo, fazem análise ou interpretam, mas não  mostram defeitos, o que dá ao leitor a convicção de que o  livro que lhes chega às mãos  é quase  sempre,  pelo  elogio ou admiração subjacentes à leitura que fazem, mais uma obra  de boa ou  ótima qualidade. Seria o momento de o leitor arguto ou o especialista perguntarem: onde ficou o julgamento, o juízo crítico? Cláudia Nina simplesmente desabafa: “É raro ver um crítico, seja ele jornalista, ou acadêmico, criando algum tipo de discussão no ambiente intelectual e literário, A crítica está morna e acomodada, Falta o debate das ideias.”[29]




  [1]  HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de.  Novo dicionário da língua portuguesa. 1. ed.  Rio de Janeiro: Nova Fronteira,. s.d., p. 1242
[2] COUTINHO, Afrânio. Impertinências. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Niterói: EDUFF, 1990.  Essa epígrafe se encontra no verso da  segunda página.
[3] COUTINHO, Afrânio. Da crítica e da nova crítica. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1957, p. 53-61.
[4] Idem, ibidem, p. 54.
[5] COUTINHO, Afrânio. Correntes cruzadas. Op. cit., p. XXXIII.
[6]  Idem, p. XXIII.
[7] COUTINHO, Afrânio. Crítica & críticos. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1969, p. 14.
[8] Idem, ibidem.
[9] MOISÉS, Massaud. Ver verbete  “Jornalismo  no Brasil”  In: Dicionário de literatura. v.1. PRADO COELHO, Jacinto do (Dir.). Op.cit., p. 510-512.
[10] BASTLHA, José. História da América. 2ª série ginasial. Rio de Janeiro/São Paulo/Belo Horizonte:  Francisco Alves,  1955, p; 113-114..
[11] WERNECK SODRÉ, Nelson. Literatura e história no Brasil contemporâneo. 2.ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Graphia,  1999, p. 22.
[12] Idem, p. 17.
[13] Ibidem.
[14] BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira, Op.cit., p. 85.
[15] Idem, ibidem.
[16] Ibidem.
[17] Ibidem.
[18] COUTINHO, Afrânio. A tradição afortunada. Op. cit., p. 97.
[19] BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. Op. cit., p. 135.
[20] COUTINHO, Afrânio. O processo da descolonização literária.  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,  1983, p. 173-179.
[21] CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. (Momentos decisivos).  6. ed. v.2. (1836-1880). Belo Horizonte: Itatiaia, 1981, p. 126.
[22] MERQUIOR, José Guilherme. Indicações para o estudo da de Da Costa e Silva. Revista Presença. Teresina, 6 (13): Edição comemorativa do centenário do poeta. Publicação da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo do Piauí. s.d., p. 40-41.
[23] COUTINHO, Afrânio. Da crítica e da nova crítica. Op. cit. Para o desenvolvimento do tema relacionado às concepções de “crítica de rodapé, “review,  crítica militante em jornal e outras questões correlatas  e, dentro da perspectiva histórica em que foi escrita,  a leitura  dessa obra  é indispensável a quem  deseja  conhecer   o pensamento autor do  em  terreno tão  controvertido.
[24] GRIECO, Agripino. Zeros  à esquerda. Rio de Janeiro: José Olympio,  1947.
[25] Bosi, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. Op. cit., p. 492.
[26] NINA, Cláudia.  Literatura nos jornais: a crítica literária dos rodapés às resenhas.  São Paulo: Summus, 2007, p. 26. 
[27] Sobre a polêmica entre os dois críticos,  ver BROCA, Brito. A vida literária no Brasil – 1900. Op. cit., Ver  sobretudo o capítulo XVIII, p. 199-204.
[28] LINS, Álvaro. O relógio e o quadrante. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964,   p. 380.
[29] NINA, , Cláudia. Literatura nos jornais. Op. cit., p. 36-37

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