CUNHA E SILVA FILHO
Não foi
hoje nem ontem, nem anteontem. Foi numa das vezes nos últimos dias que
dei um pulo pelo Centro do Rio. Tenho-o evitado por uma razão mais forte: um
pouco de medo da violência. Contudo, não é esse o motivo pelo qual tenho
deixado de ir sempre a essa parte da
Cidade Maravilhosa que me é tão cara por tantas razões que daria uma outra
crônica. Considero-me um bom ou mesmo
ótimo amigo dessa cidade que
escolhi pra viver. Nela resido há meio século e quebrados. Dizem que quem ama
não encontra defeitos na pessoa amada e o Rio é mais do que uma cidade. É uma
pessoa amada. Com o longo tempo de convívio com ela sei quais são
os seus defeitos e as suas qualidades,
estas bem maiores de que aqueles. É por amar o Rio e querer-lhe bem que me
ponho com um pé atrás e por isso faço
questão de apontar-lhe os defeitos que ora pude constatar na mencionada
vez que andei pelo Centro
É óbvio, leitor, que tenho
direito de mostrar onde o Centro está
ruim, péssimo mesmo. Não por culpa da cidade em si, i.e., da alma dessa
metrópole, alma essa que estão
querendo matar por absoluta falta de amor à cidade, que não merece tal
descarte da autoridade municipal, do alcaide de plantão, de alguém que não sei
por cargas dágua virou prefeito do Rio Chegando ao Centro, me deparo com
um lugar feio, apinh de camelôs surgidos alarmantemente país com a situação
deplorável da crise de recessão e desemprego que se abateu pelo país.
Andando pelas ruas principais do Centro, ruas que
aprendi a amar - vejo um ar de pobreza,
de decadência, de falta de energia, de vitalidade, tão diferente daquela vez em tempo longínquo quando um jovem de dezoito anos andava pelas
linda Avenida Rio Branco, movimentada, feérica, cheia de pessoas
bonitas, bem vestidas animadas,
cuidando de suas vidas e problemas. No Centro havia muitas lojas
abertas, funcionando plenamente, a todo vapor.
Havia muitas livrarias e muitos bons sebos espalhados por todo o
entorno. Na Rua da Carioca, era grande o
número de lojas com diferentes tipos de comércio bem movimentado, com muita
clientela. Hoje, o que encontrei: a Rua da Carioca feito um fantasma perdido nos braços da
decadência, com portas fechadas, rua
morta diante dos meus olhos divididos entre o passado alegre e ruidoso e o presente entristecido e silencioso.Não é
possível tanta quebradeira.
Diante de mim, o presente são ruínas de
um antigo Centro sucateado pelos maus tratos que um governador vilão dispensou
velhacamente ao Rio de Janeiro e por um governo municipal e outro federal que teimam em tornar mais moribundo
uma cidade e um Centro que eram o orgulho dos cariocas, dos brasileiros
e estrangeiros que por aqui nos vêm ainda visitar.
É evidente também que o Centro dispõe
de algumas reservas de beleza a oferecer
ao ilustre visitante. Se a Praça Tiradentes
está desmilinguida, sem graça,
nem beleza é ainda possível estender a vista para a belíssima Praça Paris, em
frente da qual existe um lugar ainda aprazível ao olhar, que é o Parque do
Flamengo, a Baía da Gunabara. As marinas e, ao longe, o belo bairro da Urca, já
à altura de Botafogo, além do majestoso Pão de Açúcar. Entre o cenário grotesco
da decadência do Centro e e a paradisíaca paisagem
natural carioca bem se poderia bem afirmar que o Rio é uma recanto barroco no bom sentido
desse estilo natural-artificial.
Retorno às considerações sobre o estado de
penúria e de fealdade que está pedindo
socorro: a Praça Tiradentes, o número altíssimo
de camelôs desordenadamente distribuído por todo o Centro, a Rua da Carioca que clama para
voltar ao seu estado anterior com comércio vivo e pulsante, o Largo da
Carioca (antigo Tabuleiro da Baiana) também
infestado por camelôs, malandros, batedores de carteiras, mendigos,
desocupados, as ruas antigas mais
distantes que não são nunca reformadas
nas suas fachadas, como ocorre em cidades europeias e em outros países
do mundo que preservam o legado da
arquiteturas de seus prédios e casas
Espero que os próximos prefeitos do Rio de Janeiro não só cuidem do que ainda presta no Centro da cidade mas também priorizem um plano de governo que faça do Centro do
Rio um cartão de visitas
recuperando o antigo encanto e a
alma dessa cidade que não pode ser vítima da incompetência a um só tempo de péssimos
governantes como o atual prefeito, um governador venal já preso e um atual
governador incompetente e omisso.
Não resta dúvida de que o ex-prefeito
Eduardo Paiva, com todos os muitos
defeitos que nele podemos
apontar, em muitos aspectos, soube conduzir
a sua gestão com resultados relativamente
positivos, como a revitalização da área do Porto do Rio de Janeiro, da Praça Mauá, os bondes elétricos que cortam
o Centro, os ônibus das linhas do BRT, o pagamento dos funcionalismo em dia,
alguns pequenos reajustes nos
vencimentos, bônus de Natal, presença da
Guarda Municipal nos bairros, melhor
ordenamento dos camelôs pela cidade,
entre outras obras.
Espero ainda ver o meu Centro da cidade revigorado, um lugar em
que se possa andar sem medo de ser
assaltado, com uma vida comercial dinâmica, com belas livrarias,
teatros em funcionamento, vida noturna, uma Lapa segura e com interna vida
noturna, sem cracudos nem bandidagem, com bons cinemas, casas de shows, feiras de livros como antigamente e outras atrações de diversões diurnas e noturnas.
Enfim, um Centro festeiro brincalhão, bem policiado, cheio do bom humor carioca, um Rio moderno sem perder os velhos traços de uma cidade com alma e coração aberto e sincero, um Centro de uma cidade que nasceu para ser bela e hospitaleira, amante do samba de raça, do sotaque chiante, das lindas mulatas, das mulheres de curvas perfeitas, do invejável carnaval carioca e dos refúgios de um boteco requintado e pujante de vida. Rio quarenta graus, Rio brasileiro. Por um Centro de nossos sonhos irradiando belezas e contentamento aos bairros tanto os mais humildes quanto os mais refinados. Um Rio de todos os brasileiros e de todos que o venham visitar. O Centro da cidade é o ponto de partida e de retorno do que queremos para ele, por ele e com ele. Viva o Centro! Um abraço carinhoso deste “carioca”por opção e antiguidade.
Enfim, um Centro festeiro brincalhão, bem policiado, cheio do bom humor carioca, um Rio moderno sem perder os velhos traços de uma cidade com alma e coração aberto e sincero, um Centro de uma cidade que nasceu para ser bela e hospitaleira, amante do samba de raça, do sotaque chiante, das lindas mulatas, das mulheres de curvas perfeitas, do invejável carnaval carioca e dos refúgios de um boteco requintado e pujante de vida. Rio quarenta graus, Rio brasileiro. Por um Centro de nossos sonhos irradiando belezas e contentamento aos bairros tanto os mais humildes quanto os mais refinados. Um Rio de todos os brasileiros e de todos que o venham visitar. O Centro da cidade é o ponto de partida e de retorno do que queremos para ele, por ele e com ele. Viva o Centro! Um abraço carinhoso deste “carioca”por opção e antiguidade.
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