domingo, 19 de agosto de 2018

COVARDIA CONTRA A MULHER BRASILEIRA



                                                                                 Cunha e Silva Filho

         Grande parte dos meus textos sobre assuntos não literários me vem da observação direta do dia-a-dia da vida no país e de vários setores da nossa realidade social complexa e difusa. São textos, por conseguinte, que não resultam de grandes pesquisas custeadas por bolsas estrangeiras do mundo acadêmico e com demonstrações e gráficos estatísticos tão ao gosto de países como os EUA, por exemplo.
       No entanto, são textos que, a meu ver, procuram expressar pontos de vista provenientes da minha experiência cultural em ângulos diferentes do saber humano. São inpirados em leituras de jornais, no cotidiano brasileiro, em alguns programs de televisão desprezados, de resto, por uma certa elite que os vê com o nariz torcido  e os desprezam como matéria que, segundo essa visão preconeituosa, não merece a atenção da alta pesquisa, cujos resultados são ensaios inegavalemente densos mas que não são lidos por um contigente de leitores de nível médio para baixo. Não os destinei aos acadêmicos, mas ao homem comum que tem certa má vontade de ler textos complicados, por vezes herméticos e de dificil compreensão para as massas.
      Sendo assim, cito o tema da violência consubstanciada no feminicídio que se está alastrando assustadoramente pelo país afora e com uma taxa de crimes hediondos nunca vistos em anos anteriores a clamarem por punições à altura da sua aberração e monstruosidade, quer dizer, a prisão perpétua ou mesmo a pena de morte.
     Na questão do feminicídio    há que considerar dois problemas que desafiam o meu entendimento e ainda mais a possível redução de vítimas fatais. Primeiro, a impunidade que se torna o fator determinante no crescimento indesejável de assassínios de mulheres, geralmente novas. Segundo, a questão da escolha do parceiro. O primeiro depende da legislação penal vigente, que, em nosso país, ainda é muito branda e sujeita às chamadas brechas da lei. O segundo problema subordina-se a uma aspecto fundamental, que é a educação familiar, a orientação que todo jovem deveria ter ou receber da família ou dos responsáveis pela sua criação e formação social.
     A própria escola poderia auxiliar também esses jovens que dão início a um relacionamento amoroso. Uma outra possiblidade de melhorar a vida dos jovens que pretendem se casar ou se relacionar com um parceiro seria um orientação espiritual competente e efetiva no sentido de que possa interiorizar comportamtos e perceções éticas que deles façam pessoas mais harmônicas, equilibradas e preparadas para enfrentarem as diferenças e os limites possíveis de convívio a dois.
     Os jovens, lançados à vida social e sem nenhuma orientação, não terão nunca parâmetros pelos quais poderão pautar seus atos numa convivência que pretenda ser conduzida pela compreensão e compartilhamento. Do contrário, tenderão a viver como se fossem seres indiferentes às razões dos outros ou às carências e diferenças dos parceiros. Seria um conduta de vida aleatória, sem rumo determinado nem escrúpulos definidos.
   Ora, toda essa ausência ou falta de rumo põe as pessoas num mundo sem limites ponderáveis e que por isso as levará aos desastres amorosos e à falência da vida a dois. Instilar nos mais novos uma orientação de condutas morais e humanas em relação a connvívio de enamorados é uma das prioridades a serem alcançadas no convivência humana pacífica e e harmoniosa.
    Via de regra, o que se constata na convivência de casais, assim que desavenças começam a surgir é um componente de ordem passional perigoso no relacionamento humano: o ciúme doentio, que se torna cego aos limites do comportamento harmonioso entre casais.A maior parte dos relacionamentos amorosos acaba  tragicamente na situação em que o homem não admite, por seu sentimento de posse e atitude machista, que a mulher o deixe e o troque por um outro parceiro.
    O machismo não perdoa em geral o desperezo e não entende que um comprtamento feminimo ou uma decisão da mulher contrária à continudade do relacionamento possam ser uma decisão final e impostergável. Ao não aceitar, perdendo o doentio sentido de posse da mulher e de superoridade de decisões na órbita do convívio,  essa atitude leva-o à tragédia tão agora mais do que nunca difndida pelos meios de comunicação: mais um vítima fatal de uma mulher que não mais desejava continuar um relcionamento com um homem e que por esse moiivo teve que o deixar.
   A lei do machismo brutal e primitivo  passa a dominar a vida psicológica do homem rejeitado e daí para a prática de um crime abominável contra mulher é um passo rápido e certeiro. Quando não efetiva o crime de feminicídio, deixa a parceira em lamentavel estado de brutalidade e selvageria contra a sua integridade física. Nesse ponto é que cumpre acionar a lei que protege a mulher em nosso país.
    Nos mecanismos de prevenção devem constar estratégias bem definidas que possam prevenir as mulheres de serem vítimas covardes da violência de bárbaros, sendo, ademais, que a punição deveria ser compatível com os os níveis de selvageria e desumanidade de homens pusilânimes e mentalmente despreparados para o relacionamento conjugal ou outro tipo de parceria amorosa ou sentimental.
    Evitar-se-iam, assim, que mais crimes aumentassem as lamentáveis estatísticas de perversidade contra a mulher brasileira. As mudanças das leis são imperativas e não podem esperar por postergações da parte dos órgãos de segurança pública, notadamente daqueles que têm obrigação de defenderem as mulheres contra a atual, inominável  e crescente violência de bárbaros.

domingo, 12 de agosto de 2018

PASSANDO PELO CENTRO DO RIO



                                                                        CUNHA E SILVA FILHO




       Não  foi  hoje nem ontem, nem anteontem. Foi numa das vezes nos últimos dias que dei um pulo pelo Centro do Rio. Tenho-o evitado por uma razão mais forte: um pouco de medo da violência. Contudo, não é esse o motivo pelo qual tenho deixado de ir sempre a essa parte  da Cidade Maravilhosa que me é tão cara por tantas razões que daria uma outra crônica. Considero-me um bom ou mesmo  ótimo amigo dessa cidade  que escolhi pra viver. Nela resido há meio século e quebrados. Dizem que quem ama não encontra defeitos na pessoa amada e o Rio é mais do que uma cidade. É uma pessoa amada.  Com o  longo tempo de convívio com ela sei quais são os seus  defeitos e as suas qualidades, estas bem maiores de que aqueles. É por amar o Rio e querer-lhe bem que me ponho com um pé atrás e por isso  faço questão de apontar-lhe os defeitos que ora pude constatar na mencionada vez  que andei pelo Centro
             É óbvio, leitor, que tenho direito de mostrar onde  o Centro está ruim, péssimo mesmo. Não por culpa da cidade em si, i.e., da alma dessa metrópole, alma essa   que estão querendo  matar por absoluta  falta de amor à cidade, que não merece tal descarte da autoridade municipal, do alcaide de plantão, de alguém que não sei por cargas dágua virou prefeito do Rio           Chegando ao Centro, me deparo com um lugar feio, apinh de camelôs surgidos alarmantemente país com a situação deplorável da crise  de recessão  e desemprego que se abateu pelo país.
             Andando  pelas ruas principais do Centro, ruas que aprendi a amar -  vejo um ar de pobreza, de decadência, de falta de energia, de vitalidade,  tão diferente daquela vez em tempo longínquo  quando um jovem de dezoito anos  andava pelas  linda Avenida Rio Branco, movimentada, feérica, cheia de pessoas bonitas, bem vestidas  animadas, cuidando  de suas vidas  e problemas. No Centro havia muitas lojas abertas, funcionando plenamente, a todo vapor.  Havia muitas livrarias e muitos bons sebos espalhados por todo o entorno. Na Rua da Carioca,  era grande o número de lojas com diferentes tipos de comércio bem movimentado, com muita clientela. Hoje, o que encontrei: a Rua da Carioca  feito um fantasma perdido nos braços da decadência, com portas fechadas, rua  morta diante dos meus olhos divididos entre o passado alegre e ruidoso  e o presente entristecido e silencioso.Não é possível tanta quebradeira.
            Diante de mim, o presente são ruínas de um antigo Centro sucateado pelos maus tratos que um governador vilão dispensou velhacamente ao Rio de Janeiro e por um governo municipal e outro federal  que  teimam em tornar mais  moribundo  uma cidade e um Centro que eram o orgulho dos cariocas, dos brasileiros e estrangeiros que por aqui nos vêm ainda visitar.
          É evidente também que o Centro dispõe de algumas  reservas de beleza a oferecer ao ilustre visitante. Se a Praça Tiradentes  está desmilinguida,  sem graça, nem beleza é ainda possível estender a vista para a belíssima Praça Paris, em frente da qual existe  um lugar ainda   aprazível ao olhar, que é o Parque do Flamengo, a Baía da Gunabara. As marinas e, ao longe, o belo bairro da Urca, já à altura de Botafogo, além do majestoso Pão de Açúcar. Entre o cenário grotesco da decadência do Centro e  e a paradisíaca  paisagem  natural  carioca bem se poderia bem  afirmar que o   Rio é uma recanto barroco no bom sentido desse estilo natural-artificial.
         Retorno às considerações sobre o estado de penúria e de fealdade que está  pedindo socorro: a Praça Tiradentes, o número altíssimo  de camelôs desordenadamente distribuído por todo  o Centro, a Rua da Carioca que clama para voltar ao seu  estado anterior  com comércio vivo e pulsante, o Largo da Carioca (antigo Tabuleiro da Baiana)  também infestado  por   camelôs, malandros,  batedores de carteiras, mendigos, desocupados, as ruas  antigas mais distantes que  não são nunca  reformadas  nas suas fachadas, como ocorre em cidades europeias e em outros países do mundo que preservam  o legado da arquiteturas de seus prédios   e casas
         Espero que os próximos  prefeitos do Rio de Janeiro  não só cuidem do que ainda  presta no Centro da cidade mas também  priorizem um plano de governo que faça  do Centro do  Rio um cartão de visitas  recuperando o antigo encanto  e a alma dessa cidade que não pode ser vítima da incompetência a um só tempo de péssimos governantes como o atual prefeito, um governador venal já preso e um atual governador  incompetente e omisso.
       Não resta dúvida de que o ex-prefeito Eduardo Paiva, com todos os muitos  defeitos  que nele podemos apontar, em muitos aspectos,  soube conduzir a sua gestão  com resultados relativamente  positivos, como a revitalização  da área do Porto do Rio de Janeiro,  da Praça Mauá, os bondes elétricos que cortam o Centro, os ônibus das linhas do BRT, o pagamento dos funcionalismo em dia, alguns  pequenos reajustes nos vencimentos,  bônus de Natal, presença da Guarda Municipal  nos bairros, melhor ordenamento  dos camelôs pela cidade, entre outras obras.
      Espero ainda ver  o meu Centro da cidade revigorado, um lugar em que se possa  andar sem medo  de  ser assaltado, com uma vida comercial dinâmica, com belas  livrarias,  teatros em funcionamento, vida noturna, uma Lapa segura e com interna vida noturna, sem cracudos nem bandidagem, com bons cinemas,  casas de shows,  feiras de  livros  como antigamente e outras atrações  de diversões  diurnas  e  noturnas.          
     Enfim,  um Centro festeiro brincalhão,  bem policiado, cheio do bom humor carioca, um Rio moderno sem perder os velhos traços de uma cidade com alma e coração aberto e sincero, um Centro de uma cidade que nasceu para  ser bela e hospitaleira,  amante do samba de raça, do sotaque chiante, das  lindas mulatas, das mulheres de  curvas perfeitas, do invejável carnaval carioca e dos refúgios de um boteco requintado e  pujante de vida. Rio quarenta graus,  Rio brasileiro. Por um Centro de   nossos sonhos  irradiando belezas e contentamento aos  bairros  tanto os mais humildes quanto os mais  refinados.  Um Rio de todos os brasileiros e de todos que o venham visitar. O Centro da cidade é o  ponto de partida e de retorno do que queremos   para ele, por ele e com ele. Viva o Centro! Um    abraço  carinhoso deste “carioca”por opção e antiguidade.

domingo, 5 de agosto de 2018

HOW GOES THE ENEMY?




                                                                          

                                                            Cunha e Silva Filho





Dois momentos,  um epifânico, o outro anti.



O EPIFÂNICO. Ano de  2018. Caminhada  no Maracanã. Manhã de domingo,  com sol  esmaecido. Muita gente. Cooper, ciclismo  e turismo. De repente,  numa  bicicleta,um, moço risonho se aproxima de mim e diz: Oi, professor, como está? Parei a minha caminhada por alguns  segundos e lhe respondi: tudo bem. E  você?!Muito bem, mestre.  Ainda está  na Aeronáutica?, lhe perguntei. Não,  deixei. Hoje, estou no Corpo de Bombeiros. Não lhe perguntei pela patente. Mas,  sei que é oficial superior. Foi aluno meu de língua inglesa numa instituição militar federal.  Menino bom.Nos despedimos   desejando mutuamente  sucessos e saúde. Era um aluno que me respeitava e estimava  as minhas aulas. Momento  revelador o nosso encontro.

O ANTI.  Anos 1970. Na sala de aula de um curso   de preparação ao Artigo 99 e a exames vestibulares. O jovem professor de inglês e português  de vinte e poucos anos dá uma aula de inglês. A turma  é enorme. Um pouco de barulho. De repente, um aluno com cara de oriental me pergunta:  O senhor é professor de inglês? Sim. Por quê?  Não me respondeu. Momento  disfórico. Sem elogios nem despedidas.