Cunha
e Silva Filho
Grande parte dos meus
textos sobre assuntos não literários me vem da observação direta
do dia-a-dia da vida no país e de vários setores da nossa
realidade social complexa e difusa. São textos, por conseguinte,
que não resultam de grandes pesquisas custeadas por bolsas
estrangeiras do mundo acadêmico e com demonstrações e gráficos
estatísticos tão ao gosto de países como os EUA, por exemplo.
No entanto, são textos que, a
meu ver, procuram expressar pontos de vista provenientes da
minha experiência cultural em ângulos diferentes do saber humano.
São inpirados em leituras de jornais, no cotidiano brasileiro, em
alguns programs de televisão desprezados, de resto, por uma certa
elite que os vê com o nariz torcido e os desprezam como
matéria que, segundo essa visão preconeituosa, não merece a
atenção da alta pesquisa, cujos resultados são ensaios
inegavalemente densos mas que não são lidos por um contigente
de leitores de nível médio para baixo. Não os destinei aos
acadêmicos, mas ao homem comum que tem certa má vontade de ler
textos complicados, por vezes herméticos e de dificil compreensão
para as massas.
Sendo assim, cito o tema da
violência consubstanciada no feminicídio que se está alastrando
assustadoramente pelo país afora e com uma taxa de crimes
hediondos nunca vistos em anos anteriores a clamarem por punições
à altura da sua aberração e monstruosidade, quer dizer, a
prisão perpétua ou mesmo a pena de morte.
Na
questão do feminicídio há que considerar dois problemas que
desafiam o meu entendimento e ainda mais a possível redução
de vítimas fatais. Primeiro, a impunidade que se torna o fator
determinante no crescimento indesejável de assassínios de
mulheres, geralmente novas. Segundo, a questão da escolha do
parceiro. O primeiro depende da legislação penal vigente, que,
em nosso país, ainda é muito branda e sujeita às chamadas
brechas da lei. O segundo problema subordina-se a uma aspecto
fundamental, que é a educação familiar, a orientação que todo
jovem deveria ter ou receber da família ou dos responsáveis pela
sua criação e formação social.
A
própria escola poderia auxiliar também esses jovens que dão
início a um relacionamento amoroso. Uma outra possiblidade de
melhorar a vida dos jovens que pretendem se casar ou se
relacionar com um parceiro seria um orientação espiritual
competente e efetiva no sentido de que possa interiorizar
comportamtos e perceções éticas que deles façam pessoas mais
harmônicas, equilibradas e preparadas para enfrentarem as
diferenças e os limites possíveis de convívio a dois.
Os
jovens, lançados à vida social e sem nenhuma orientação,
não terão nunca parâmetros pelos quais poderão pautar seus atos
numa convivência que pretenda ser conduzida pela compreensão
e compartilhamento. Do contrário, tenderão a viver como se fossem
seres indiferentes às razões dos outros ou às carências e
diferenças dos parceiros. Seria um conduta de vida aleatória, sem
rumo determinado nem escrúpulos definidos.
Ora,
toda essa ausência ou falta de rumo põe as pessoas num mundo
sem limites ponderáveis e que por isso as levará aos desastres
amorosos e à falência da vida a dois. Instilar nos mais novos uma
orientação de condutas morais e humanas em relação a connvívio
de enamorados é uma das prioridades a serem alcançadas no
convivência humana pacífica e e harmoniosa.
Via
de regra, o que se constata na convivência de casais, assim que
desavenças começam a surgir é um componente de ordem
passional perigoso no relacionamento humano: o ciúme doentio, que
se torna cego aos limites do comportamento harmonioso entre
casais.A maior parte dos relacionamentos amorosos acaba tragicamente na situação em que o homem não admite, por seu
sentimento de posse e atitude machista, que a mulher o deixe e o
troque por um outro parceiro.
O
machismo não perdoa em geral o desperezo e não entende que um
comprtamento feminimo ou uma decisão da mulher contrária à
continudade do relacionamento possam ser uma decisão final e
impostergável. Ao não aceitar, perdendo o doentio sentido de
posse da mulher e de superoridade de decisões na órbita do
convívio, essa atitude leva-o à tragédia tão agora mais do que nunca difndida
pelos meios de comunicação: mais um vítima fatal de uma mulher que
não mais desejava continuar um relcionamento com um homem e que
por esse moiivo teve que o deixar.
A
lei do machismo brutal e primitivo passa a dominar a vida
psicológica do homem rejeitado e daí para a prática de um crime
abominável contra mulher é um passo rápido e certeiro. Quando
não efetiva o crime de feminicídio, deixa a parceira em
lamentavel estado de brutalidade e selvageria contra a sua
integridade física. Nesse ponto é que cumpre acionar a lei que
protege a mulher em nosso país.
Nos mecanismos de prevenção
devem constar estratégias bem definidas que possam prevenir
as mulheres de serem vítimas covardes da violência de bárbaros,
sendo, ademais, que a punição deveria ser compatível com os
os níveis de selvageria e desumanidade de homens pusilânimes
e mentalmente despreparados para o relacionamento conjugal ou
outro tipo de parceria amorosa ou sentimental.
Evitar-se-iam, assim, que mais
crimes aumentassem as lamentáveis estatísticas de perversidade
contra a mulher brasileira. As mudanças das leis são imperativas e
não podem esperar por postergações da parte dos órgãos de segurança pública, notadamente daqueles que têm obrigação de
defenderem as mulheres contra a atual, inominável e crescente
violência de bárbaros.