quarta-feira, 4 de outubro de 2017

UM GOVERNO DE MALDADES




                                                      Cunha e Silva Filho



       Leitor, não vejo outro meio de classificar esse governo Temer do PMDB senão com  o título  dado a este artigo, como também  não aprovei  a insensibilidade do governo Dilma nem  a corrupção  deste último e a dos dois mandatos do governo Lula.
       O de FHC foi  desastroso no tratamento que deu aos  funcionários públicos, os quais  amargaram  praticamente uma   década de arrocho salarial enquanto  escancarava, nos leilões   regados  a gritos  de vitória dos ricos, algumas estatais federais  para entregá-las  aos  capitalistas  sôfregos por abocanharem  o filé mignon em vários setores, sendo um deles, um dos mais vitais,  o dos planos de saúde que infestaram  o país  e que têm se comportando  como   uma espécie de   confisco paulatino de diluição do poder  de  compra    dos seus usuários, tão  escorchantes são os aumentos  por vezes, dois aumentos anuais,  decretados pela tal  agência federal chamada ANS (Agência Nacional de Saúde).O Estado brasileiro, assim agindo,  comete  uma ilegalidade  com  a sociedade que  já paga  impostos   excessivos sem receber em troca da parte do governo federal, estaduais e municipais   nenhum benefício nos  setores da saúde, da educação, do transporte e da segurança.
        Ora, tais aumentos  dos planos servem      não somente  para canalizar mais dinheiro aos cofres do governo federal,  através dos impostos arrecadados, como também   para aumentar  gigantescamente   a lucratividade dos donos de planos  de saúde, dos hospitais e clínicas particulares num país  cuja maioria da população não tem  dinheiro  para  adquirir   um plano. Se a população tivesse  hospitais e postos de saúde  de qualidade não precisaria  de gastar    seus minguados  salários para  ter  um plano de saúde.
       Veja que esse é uma das grandes maldades praticadas  discricionariamente  pelo   governo   de plantão que,  mesmo   sendo denunciado  por   corrupção de suas figuras centrais,  ainda por cima  ditam   normas autoritárias  que só prejudicam a saúde e o bolso  dos brasileiro, sobretudo dos funcionários públicos, cujos salários   foram congelados  por pelo governo federal. Torna-se, dessa forma,  um absurdo e uma  injustiça flagrante  determinar aumentos nos planos de saúde  sabendo  que  o funcionalismo  terá por dois anos  seus  vencimentos congelados.
       O governo federal  está dando dois tratamentos  desiguais no tocante  ao custo de vida: 1) permite o aumento de todos os produtos (remédios,  plano de saúde,  transporte, impostos,  tarifas etc.) atingindo toda a sociedade; 2) congela os salários do funcionalismo que, com o mesmo salário,  terá que  enfrentar a alta do custo de vida sem, porém,  ter tido  aumento algum.  Ao agir assim, o governo   está  exorbitando de seus poderes sobre os funcionários, quer dizer,  está  prejudicando   os seus servidores.
       Por outro lado,   no setor privado,  comerciantes,  banqueiros, o grande empresariado, enfim,  capitalistas de todos os setores   estão sendo  beneficiados porque todos eles  livremente majoram  os preços de suas mercadorias e de seus diversos  produtos, os quais,  por sua vez,  vão ter  grande impacto  nos preços   para os consumidores.  Por conseguinte,  o  governo  prejudica  duramente parte de seus  servidores, sobretudo os que não  recebem  altos  salários   que podem  aguentar  o custo de vida   por dois ou mais anos. Qualquer  aumento no setor dos planos de saúde  em nada abalará os  políticos,  os ministros,  os funcionários do alto escalão da República.
      Que o Sr. Temer  se volte para mudar  essas injustiças  contra os  que ainda   resistem   a ter  planos de saúde. Os  homens de negócios,  os ricos e afortunados, donos de  comércio,  de clínicas, de hospitais,  de supermercados,  de shoppings,   de indústrias, os profissionais  liberais conseguem    aguentar e    pagar os aumentos dos planos de saúde (embora mesmo entre  eles existem alguns que se  queixam dos extorsivos  aumentos  nesse  setor da saúde privada) visto que, se eles mesmo sofrerem  aumentos, eles terão que  repassar  os custos  aos preços  de seus negócios  diversos.   E o funcionalismo, como  terá que repassar suas perdas e –repito -,   se vive só de seus vencimentos,  esperando   as boas graças do governo?

     Sr., Presdente Temer,  congelamento de salários não vale  se não é para  todos em conjunto.  É, antes, confisco salarial. Os funcionários  não são bodes expiatórios  para  tapar o  gigantesco   buraco  das finanças  públicas   feito  por   brasileiros corruptos da política e de parte considerável do alto   empresariado. Não nos venha  cobrar a conta  dos ladrões, políticos e empresários (com poucas exceções)  que  levaram  o país  à recessão,  ao  alto desemprego,  à violência brutal  e  à  bancarrota.

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