Cunha e Silva Filho
Leitor, não vejo outro meio de
classificar esse governo Temer do PMDB senão com o título dado a este artigo, como também
não aprovei a insensibilidade do
governo Dilma nem a corrupção deste último e a dos dois mandatos do governo
Lula.
O de FHC foi desastroso no tratamento que deu aos funcionários públicos, os quais amargaram
praticamente uma década de arrocho
salarial enquanto escancarava, nos
leilões regados a gritos
de vitória dos ricos, algumas estatais federais para entregá-las aos
capitalistas sôfregos por abocanharem o filé mignon em vários setores, sendo um
deles, um dos mais vitais, o dos planos
de saúde que infestaram o país e que têm se comportando como
uma espécie de confisco paulatino de diluição do poder de
compra dos seus usuários, tão escorchantes são os aumentos por vezes, dois aumentos anuais, decretados
pela tal agência federal chamada ANS
(Agência Nacional de Saúde).O Estado brasileiro, assim agindo, comete
uma ilegalidade com a sociedade que já paga
impostos excessivos sem receber
em troca da parte do governo federal, estaduais e municipais nenhum benefício nos setores da saúde, da educação, do transporte
e da segurança.
Ora, tais aumentos dos planos servem não somente para canalizar mais dinheiro aos cofres do
governo federal, através dos impostos
arrecadados, como também para aumentar gigantescamente a lucratividade dos donos de planos de saúde, dos hospitais e clínicas
particulares num país cuja maioria da
população não tem dinheiro para
adquirir um plano. Se a
população tivesse hospitais e postos de
saúde de qualidade não precisaria de gastar
seus minguados salários para ter um plano de saúde.
Veja que esse é uma das grandes maldades praticadas
discricionariamente pelo
governo de plantão que, mesmo
sendo denunciado por corrupção de suas figuras centrais, ainda por cima ditam
normas autoritárias que só
prejudicam a saúde e o bolso dos
brasileiro, sobretudo dos funcionários públicos, cujos salários foram congelados por pelo governo federal. Torna-se, dessa
forma, um absurdo e uma injustiça flagrante determinar aumentos nos planos de saúde sabendo
que o funcionalismo terá por dois anos seus
vencimentos congelados.
O governo federal está dando dois tratamentos desiguais no tocante ao custo de vida: 1) permite o aumento de
todos os produtos (remédios, plano de
saúde, transporte, impostos, tarifas etc.) atingindo toda a
sociedade; 2) congela os salários do funcionalismo que, com o mesmo salário, terá que
enfrentar a alta do custo de vida sem, porém, ter tido
aumento algum. Ao agir assim, o
governo está exorbitando de seus poderes sobre os
funcionários, quer dizer, está prejudicando os seus servidores.
Por outro lado, no setor privado, comerciantes,
banqueiros, o grande empresariado, enfim, capitalistas de todos os setores estão sendo
beneficiados porque todos eles
livremente majoram os preços de
suas mercadorias e de seus diversos
produtos, os quais, por sua
vez, vão ter grande impacto nos preços
para os consumidores. Por conseguinte, o
governo prejudica duramente parte de seus servidores, sobretudo os que não recebem
altos salários que podem
aguentar o custo de vida por dois ou mais anos. Qualquer aumento no setor dos planos de saúde em nada abalará os políticos,
os ministros, os funcionários do
alto escalão da República.
Que o Sr. Temer se volte para mudar essas injustiças contra os
que ainda resistem a ter
planos de saúde. Os homens de
negócios, os ricos e afortunados, donos
de comércio, de clínicas, de hospitais, de supermercados, de shoppings, de indústrias, os profissionais liberais conseguem aguentar e pagar os aumentos dos planos de saúde
(embora mesmo entre eles existem alguns
que se queixam dos extorsivos aumentos
nesse setor da saúde privada)
visto que, se eles mesmo sofrerem
aumentos, eles terão que
repassar os custos aos preços
de seus negócios diversos. E o funcionalismo, como terá que repassar suas perdas e –repito -, se
vive só de seus vencimentos,
esperando as boas graças do
governo?
Sr., Presdente Temer, congelamento de salários não vale se não é para
todos em conjunto. É, antes,
confisco salarial. Os funcionários não
são bodes expiatórios para tapar o
gigantesco buraco das finanças
públicas feito por
brasileiros corruptos da política e de parte considerável do alto empresariado. Não nos venha cobrar a conta dos ladrões, políticos e empresários (com
poucas exceções) que levaram
o país à recessão, ao
alto desemprego, à violência brutal e à bancarrota.
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