Cunha e
Silva Filho
Por mais que desejemos passar um feriado
santo, o dia da Padroeira do Brasil, festejado no mesmo dia
dedicado às crianças – 12 de outubro
-, com menos notícias escabrosas de toda sorte tão comuns no país atualmente, nas duas
comemorações tão queridas no seio da sociedade brasileira, fica difícil imaginar que uma tragédia a mais apavorasse todos nós na
mesma data em que pedíamos as bênçãos ou
pagávamos promessa por
alguma cura ou um
desejo contemplado pela milagrosa
Nossa Senhora de Aparecida. Não bastasse a tragédia da creche em Minas Gerais, ontem mesmo, repito,
tivemos a notícia veiculada pela televisão das duas menininhas, de cinco anos,
que apareceram mortas num porta-malas de um carro abandonado num bairro
de São Paulo.
As crianças já se encontravam em estado de
decomposição. Ali se encontravam por
cerca de vinte dias. O que afirmar diante de mais outra tragédia de serezinhos inocentes que mal entendem por que
algum monstro em forma de gente ou
mesmo mais de um monstro, as
sacrificou de maneira tão covarde? Até que ponto estar
chegando a maldade no mundo contemporâneo
que trucida inocentes? Não há
revolta e indignação que corresponda a
uma atrocidade desta magnitude.
O Estado brasileiro precisa de repensar o nível assombroso de selvageria que está ceifando as vidas de nossos compatriotas: crianças, jovens,
adultos e idosos Não cabem mais protelações de medidas
drásticas e de mudanças de nossas
leis a fim de frear
novos crimes, novos assassínios,
novas vítimas fatais. Há
tempos a sociedade está exigindo mudanças
nas leis penais, no Código Penal e
em todas as instâncias criminais que são responsáveis pela segurança do
cidadão brasileiro. Os clamores
da sociedade civil parecem que não
estão sendo ouvidos
por nossos governantes, ou seja,
nos municípios, nos estados e no governo
federal. Acorda, Presidente Temer
Enquanto
degenerados, assassinos, de pais,
de filhos, de parentes ganham da
própria Justiça liberdade para passarem feriados com quem quer que seja, enquanto as sentenças não forem cumpridas
integralmente por celerados
que cometeram crimes hediondos, enquanto houver
possibilidades de recursos
legais em favor de
bandidos, enquanto não houver prisão perpétua para a
alta criminalidade de todos
os tipos, os brasileiros serão
assaltados e mortos por
balas da marginalidade.
A omissão do governo federal é flagrante em muitos
aspectos no que tange à
questão da violência no país inteiro,
nas cidades e nos campos. Os bandoleiros
tomam conta das cidades e dos
campos , usam armas
pesadas, mais poderosas do que as da polícia militar e civil. Bancos são assaltados, carros-fortes idem,
enfim, s assaltos pipocam indiscriminadamente.
Cabe mais outra pergunta:
o que o governo federal anda
fazendo que, diante de notícias recorrentes sobre alta
criminalidade, nada de profundo
efetivou quanto aos mais
prementes desafios da marginalidade brasileira? O que tem feito o governo federal com cidades dividias entre inocentes
e traficantes? O que tem
feito ele para
minimizar as guerras entre facções
nos morros do Rio de Janeiro
e em
outros estados da Federação?
Nem as Forças Armadas (a exemplo do que
ocorreu há pouco na a favela da Rocinha) têm
conseguido atenuar os
gravíssimos problemas do tráficos de drogas, da entrada de armas pesadas
e munições em território nacional.
Estamos perdendo feio na luta
contra o banditismo instalado
nas favelas e nas comunidades pobres desse país
de dimensão continental.
Existe uma expressão que, em linguística,
denomina-se “sintagma” definida
pelo grande linguista Mattoso Câmara Jr.(1904-197), com
fundamento no termo “sintagma” usado pelo
linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), como [...um conjunto binário
(duas formas combinadas) em que um elemento determinante
cria um elo de subordinação com outro elemento, que é determinado.( Cf. CAMARA JR., MATTOSO. Dicionário de filologia e grmática.3 ed. revista e aumentada. (Rio de Janeiro: OZON+EDITOR,332-333, 1968). Para o sentido geral que
imprimo a este artigo, serve de exemplo a conhecida expressão “vontade política.” Em outras palavras, vontade (determinado) + política (determinante).
Envolvem, respectivamente, os dois
termos o “desejo” com a "ação". Sem esta última, a vontade
se elide e, por conseguinte, nada
se materializa na administração de um
presidente.
Gostaria de saber o que está embutido nessa expressão tão ao gosto de jornaistas e de outras categorias profssionais e de estudiosos
das questões sociais. Para mim,
ela não passa de mais uma expressão já
surrada e vazia de
sentido, além de se tornar não mais do que um efeito para não ir direto
nas discussões sérias dos graves
problemas vividos pela população brasileira.
Essa expressão eufêmica mais
traduz um sentido “politicamente correto”,
de empurrar com a barriga e de, mais uma vez, suavizar ou modelizar o que deve ser claramente
afirmado e como todas as cartas
na mesa. Não passa a expressão de um
penduricalho inócuo para não
criticar duramente os erros
e os desmandos dos governos. Ora, neste sentido, ela equivaleria, ao contrário, a uma deliberada ausência por parte
da autoridade de não desejar solucionar
problema algum, notadamente do
tipo que não interessa aos governos nunca resolver, cujo destino seriam postergados para as calendas gregas...
Um exemplo dessa ausência
ou omissão do governante estaria
correlacionado com a esfera da
Justiça, do Código Penal. O que
vejo como pressuposto seria não
mexer com o que já está exarado na legislação
penal. Isso que demandaria novas
leis aprovadas pelo
Congresso brasileiro, as quais
poderiam atingir os próprios deputados, senadores, seus amigos e familiares. Inclusive há implicações de ordem religiosa
ainda que seja laico o Estado Brasileiro.
Por outro lado, essa omissão governamental terá um preço alto, quer dizer,
se não houver uma mudança nas penas dadas a criminosos,
se não a endurecermos as leis
contra atos delituosos, haverá um
ponto em que o caos poderá
se implantar nas cidades
brasileiras, e de forma incontrolável. Indícios desse estado de desordem
social já se faz evidente, por exemplo, no Rio de Janeiro – cidade,
segundo já disse alguém, partida
entre o asfalto e o morro. Isto é, na cidade do Rio de Janeiro, há governos paralelos: o oficial
e o do crime organizado. Um país
que perde de vista essa perspectiva sombria e aterradora não pode
crescer, desenvolver-se e ter o
respeito da sociedade e do mundo
civilizado.
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