Cunha e Silva Filho
Tudo que se fez para desmoralizar a
imagem do Brasil tem uma origem comum, ou melhor
dizendo, tem um objetivo:a
ambição desmesurada de nossos homens
pelo dinheiro.Assim aconteceu com o Escândalo
do Mensalão, do Petrolão, do Caixa 2, até chegar, entre outras maracutaias
políticas, à Operação Lava-Jato que tem
dado bons resultados com a prisão de
vários figurões da política brasileira e do alto empresariado.Por último, mais um escândalo resultante da Operação Carne Fina realizada pela Polícia
Federal para desbaratar os malfeitos
produzidos por fiscais federais
e grandes frigoríficos
brasileiros, como a BRF, a JBS e o frigorífico Peccin Agroindustrial
Ltda, em Curitiba.
Desta vez, as ações criminosas têm um efeito ainda mais desastroso por
estar pondo em risco a saúde da população brasileira consumidora de carne de boi, porco e de
outros produtos comestíveis como salsicha, mortadela, aves e até ração
animal.Um tal situação de desprezo de grandes
agroindústrias pela saúde do
brasileiro beira as raias da alta criminalidade com
consequências danosas à economia
do país, sobretudo às
exportações feitas atualmente com 150 países.
Pelo que se tem visto, a cultura da propina tem se alastrada pelos vários setores da máquina do Estado e, se providências urgentes não forem tomadas pelo Presidente da República, qualquer
boa intenção que o atual governo tenha a fim de melhorar a crise econômico-financeira que ainda
persiste forte entre nós estará fadada ao fracasso.
Mais uma vez, já declarei
em artigos anteriores que a maior
crise do país é a ética. Como seria impossível mudar, da noite para o dia, o caráter
de homens que servem ao
governo federal ou que têm relações econômicas com esse governo, a única saída
concreta é fazer valer o peso da
lei contra organizações criminosas de colarinho branco. E, posto que a lei seja,
em muitas situações ineficiente e parcial,
ai de nós se não
dispuséssemos dela. Seria a
barbárie sem trégua e o caos do Estado.
No caso
em exame, implementar transformações profundas
no campo da fiscalização de
todos os setores do governo, podendo ser,
para início de decisões governamentais, a punição
rigorosa de funcionários que burlam
a legislação fiscal a fim de
permitir que crimes contra a
saúde pública se proliferem no país.
Fiscais inescrupulosos, que fazem
vistas grossas às suas
atribuições do cargo, devem ser
sumariamente demitidos do quadro do funcionalismo e
condenados pelos seus crimes, no
caso específico, de pôr em perigo a saúde e
a vida dos consumidores tanto no país quanto no exterior.
Há que diga que as investigações foram
algo precipitadas em apontar irregularidades nas empresas de frigoríficos. Alegando que a totalidade delas não foi investigada uma por uma , mas apenas casos
pontuais de de crimes contra a
saúde pública.Há, pois, que se aprofundar o assunto
em todos os seus ângulos para que
não sejam prejudicadas a imagem do país no exterior e internamente junto aos consumidores brasileiros .
De qualquer maneira, é sempre
indispensável o papel
da Polícia Federal no cumpri mento de suas atribuições de investigar
quaisquer práticas criminosas
que venham afetar as instituições
brasileiras, as suas exportações
e o consumo interno.
Em quase duas décadas o papel da Polícia Federal tem sido
cada vez mais indispensável
no sentido de tornar o
Brasil um país mais transparente, mais
moralizado e mais livre de criminosos
identificados no meio político e
nas várias instituições públicas e
privadas. Se as investigações da Polícia
Federal se mantiverem nesse nível de eficiência, é
bem possível que, em médio prazo,
governos e empresas privadas pensem
duas vezes antes de cometerem
crimes de lesa-pátria.
Com
a logística de que dispõem
órgãos como a Polícia Federal
na era do pleno
funcionamento da informática
avançada , indivíduos que almejem abraçar a carreira política
ou que pretendam tornar-se
altos empresários (o mesmo valendo para os médios, os pequenos e os
microempresários), penso que atingiremos um nível
de moralidade e de maior responsabilidade da parte dos dirigentes de nosso país.
Retorno à questão da ética que,
no país, tem andado no seu
nível mais baixo. Vejo, no
entanto, uma das saídas para atingirmos patamares
de maior seriedade
no gerenciamento tanto da coisa pública quanto do setor privado. Tal
questão está muito
ligada à ausência de certos valores
que vão da família à educação. Em outras palavras, se não
direcionarmos toda a nossa atenção à formação humanística de nosso jovens a fim de que
possam cultivar conhecimentos, além das ciências e matemática, língua portuguesa e línguas
estrangeiras, as línguas clássicas (grego, latim), aqueles oriundos da filosofia (estudo do saber, do ser, do sentido da vida, do universo, "as causas últimas de todas as coisas," na afirmação de Aristóteles)), da sociologia (estudo da
sociedade), da história (dos fatos e acontecimentos do homem no tempo), da geografia (estudo da
natureza física e humana, diversidade do espaço), das artes (literatura, teatro,cinema, música, pintura, dança, escultura, ),
religiões (dimensão espiritual do
homem),
Tais disciplinas não podem ser excluídas
do currículo do ensino médio sob pena de tornarem a formação do educando incompleta e falha. A antigamente chamada “educação
integral” de que falava o educador
português Mario Gonçalves Viana, está fazendo muita falta aos dias
de hoje.
Todas ela adaptadas ao tempos de globalização, ampliadas com
os instrumentos modernos das conquistas do conhecimento adquirido
pelo mundo virtual, uso planetário dos diversos
meios de pesquisa e aquisição de conhecimentos de que dispomos atualmente.Basta ver a importância que o
Google assume na pós-modernidade), como os celular,
a internet, a imprensa virtual,
os vídeos, os blogs, os sites, as redes sociais, entrelaçadas pelo
meios eletrônicos cada vez
mais sofisticados.
Ao educador de todas as matérias
curriculares, em trabalho conjugado e interdisciplinar competiria orientar os discentes, subsidiando-os, dentro do locus da sala de aula, com momentos de elocução que internalizem elevados princípios
de práticas formativas (não apenas informativas) objetivando
uma retomada do que sejam os reais
valores de uma conduta social saudável e voltada para
o respeito ao próximo, para os valores espirituais e para a necessidade imperiosa de
conduzirem suas vidas com
responsabilidade, integridade e dedicação
a um trabalho. Este último só valeria a
pena se realizado com dignidade, retidão
de caráter, altruísmo, sem os excessos da competitividade malsã e egoística tão prejudicial à vida
social, ao convívio
harmonioso entre os pares e a uma
atitude de respeito à ética no trabalho, nos estudos,
na universidade, nas pesquisas e nos cargos que jovens e jovens adultos venham a ocupar no futuro ao lado dos mais maduros e mais experientes.
Se esses valores forem
assimilados pelos jovens e
adultos, é possível pensar com alguma esperança de
ainda podermos viver num país que, se não atingir um nível de civilidade e de conduta social, por exemplo, de uma Noruega, uma Suécia,
dele se aproxime, num tempo futuro
no qual ninguém possa mais sentir o nosso país como uma nação deformada e aviltada em seus
costumes políticos corrompidos,
na violência desbragada, na indiferença pelo outro e pelo diferente, i.e., na ausência
de urbanidade e civilidade. Ou seja, que
não mais tenhamos que repetir
indignados essa frase da boca dos que
perderam suas esperanças de um Brasil melhor: “Que país é este?”
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