segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Um poema de Alfred de Vigny ( 1797-1863)







La Maison du berger*



Si ton coeur, gémissant du poids de notre vie,

Se traîne e se débat comme um aigle blessé,

Portant, comme le mien, sur son aile asservie,

Tout un monde fatal, écrasant et glace;

S’il ne bat qu’en saignant par sa plaie immortallle,

S’il ne voit plus l’amour, so étoile fidèle,

Éclairer pour lui seul l’horizon effacé;



Si ton âme, enchaînée ainsi que l’est mon âme,

Lasse de son boulet e de son pain amer,

Sur sa galère, en deuil laisse tomber la rame,

Penche sa tête pâle e pleure sur la mer,

Et, cherchant dans les flots une route inconnue,

Y voit en frissonnant, sur son épaule nue,

La lettre sociale écrite avec le fer;



Si ton corps, frémissant des passions secrètes,

S’indigne des regards, timide et palpitant,

S’il cherche à as beauté de profane insultant;

Si ta lèvre se sèche au poison des mensonges,

Si ton beau front rougir de passer dans les songes

D’um impur inconnu que te voit et t’entend;



Pars courageusement; laisse toutes les villes,

Ne ternis plus tes pieds aux poudres du chemin ;

Du haut de nos pensers vois les cites serviles

Comme les rocs fatals de l’esclavage humain.

Les grands bois et les champs sont de vastes asiles,

Libres comme la mer autour des sombresîles..

Marche à travers les champs une fleur à la main.



La Nature t'attend dans un silence austère ;

L'herbe élève à tes pieds son nuage des soirs,

Et le soupir d'adieu du soleil à la terre

Balance les beaux lys comme des encensoirs.

La forêt a voilé ses colonnes profondes,

La montagne se cache, et sur les pâles ondes

Le saule a suspendu ses chastes reposoirs.



Le crépuscule ami s'endort dans la vallée

Sur l'herbe d'émeraude et sur l'or du gazon,

Sous les timides joncs de la source isolée

Et sous le bois rêveur qui tremble à l'horizon,

Se balance en fuyant dans les grappes sauvages,

Jette son manteau gris sur le bord des rivages,

Et des fleurs de la nuit entr'ouvre la prison.



Il est sur ma montagne une épaisse bruyère

Où les pas du chasseur ont peine à se plonger,

Qui plus haut que nos fronts lève sa tête altière,

Et garde dans la nuit le pâtre et l'étranger.

Viens y cacher l'amour et ta divine faute ;

Si l'herbe est agitée ou n'est pas assez haute,

J'y roulerai pour toi la Maison du Berger.



Elle va doucement avec ses quatre roues,

Son toit n'est pas plus haut que ton front et tes yeux ;

La couleur du corail et celle de tes joues

Teignent le char nocturne et ses muets essieux.

Le seuil est parfumé, l'alcôve est large et sombre,

Et là, parmi les fleurs, nous trouverons dans l'ombre,

Pour nos cheveux unis, un lit silencieux.



Je verrai, si tu veux, les pays de la neige,

Ceux où l'astre amoureux dévore et resplendit,

Ceux que heurtent les vents, ceux que la neige assiège,

Ceux où le pôle obscur sous sa glace est maudit.

Nous suivrons du hasard la course vagabonde.

Que m'importe le jour ? que m'importe le monde ?

Je dirai qu'ils sont beaux quand tes yeux l'auront dit.



Alfred de Vigny, Les Destinées (1844)













A Casa do Pastor





Se teu coração do peso de nossa vida sofrendo

Se arrasta e se debate qual uma águia ferida,

Carregando, igual à minha, em tua asa escravizada,

Todo um mundo fatal, deprimente e insensível,

Se ele senão sangrando por sua aflição não bate,

Se não vê mais o amor, sua estrela fiel,

Pra ele sozinho iluminar o horizonte invisível,



Se tua alma, assim com está a minh’alma,

Cansada de combates e de amargo pão,

Deixa cair o remo na galera enlutada,

Inclina a cabeça pálida e sobre o mar chora ,

Ao procurar nas ondas uma rota desconhecida,

Ali vê, estremecendo, no teu ombro desnudo,

Escrita com o ferro a letra social.



Se teu corpo,vibrante de paixões secretas,

Tímido e palpitante se revolta com olhares,

Se em sua beleza profundos refúgios procura

Para do profano injurioso melhor ocultar-se,

Se com o veneno das mentiras teu lábio se seca,

Se tua bela fonte enrubesce ao encarar os sonhos

De um impuro desconhecido que te vê e te espera,



Parte com ânimo; esquece todas as cidades,

Com a poeira das estradas não ofusques mais teus pés.

Do alto de nossos pensamentos vês as cidades servis

Como as rochas fatais da servidão humana.

Os grandes bosques e os campos são vastos asilos,

Livres como o mar das sombrias ilhas em torno.

Caminha pelos campos tendo na mão uma flor.



Num silêncio austero te espera a Natureza.

Sua nuvem da noite a erva a teus pés se ergue

E do sol à terra o suspiro de adeus

Como turíbulos sacode os belos lírios

Tem a floresta velado suas grandiosas colunas,

E, sobre as pálidas ondas, se oculta a montanha,

Seus castos repousos suspendeu o salgueiro.



Adormece na planície o crepúsculo amigo

Na erva de esmeralda e no ouro do relvado,

Nos tímidos juncos da fonte isolada.

E nos bosque sonhador estremecendo no horizonte

Se balança fugindo nos cachos selvagens

Sobre a margem  das praias seu manto cinza arremessa

E das flores da noite a prisão entreabre.



Na minha montanha existe uma espessa urze

Por onde os passos do caçador dificilmente penetram,

O qual, mais alto do que nossas frontes, a cabeça altaneira ergue,

E na noite vigia o pastor e o estrangeiro.

Vem ali esconder o amor e a tua divina culpa

Se a erva agitada está ou não bastante alta,

Ali tua Casa do Pastor rolarei pra ti.



Com suas quatro rodas vai ela suavemente,

Não é mais alto do que tua fronte e teus olhos seu telhado..

A cor do coral e a de tuas faces

A carruagem noturna e seus mudos eixos tingem.

Perfumado é o umbral, a alcova,  grande e sombria,

E, ali, entre as flores, a sombra encontramos,

Um leito silencioso pra nossos cabelos unidos.



Verei, se quiseres, da neve os países,

Aqueles que o astro amoroso devora e brilha,

Aqueles que os ventos ferem, aqueles que a neve cerca,

Aqueles nos quais o pólo obscuro no gelo é maldito.

O  rumo vagabundo seguiremos ao acaso.

Que me importa o dia? Que me importa o mundo?

Direi que são belos quando o terão dito teus olhos.





                                                                                   (Trad. de Cunha e Silva Filho)


*Nota:  O poema  "La maison  du berger"  compreende 336 versos. Deste  modo,  a parte  traduzida  constitui apenas uma fração  do  poema.
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