sábado, 2 de abril de 2011

O Brasil é aqui

Cunha e Silva Filho



Longe de mim desconhecer os grandes problemas que afligem, de maneira diversificada, grande parte do nosso Planeta.
Mas, olhemos também para o que está ocorrendo em nosso solo pátrio. Sabemos todos que o país tem sido assolado por inundações com consequências trágicas e sem uma clara demonstração, por parte das autoridades competentes, de que soluções têm sido procuradas e mesmo resolvidas.
Na prática, as populações atingidas na carne por tantas inundações, em vários regiões do país esquecidas, as populações, as vítimas , os sofridos estão aí a ver navios. Promessas feitas por autoridades federais não têm sido concretizadas, nem localmente, nem ao nível estadual ou federal. Os flagelados das enchentes estão pedindo socorro em vários partes, no Estado do Rio, na região Sul, em regiões do nordeste, os aguaceiros modificaram as vidas das pessoas por completo retirando-lhes o que é o mais básico direito de um cidadão brasileiro: o seu teto, a sua casinha, o seu abrigo, o seu lar.
Pessoas há que já viraram homens e mulheres da rua, os novos sem-tetos, aportando em algum canto de uma cidade, transformando em “lar” esse pequeno espaço ao ar livre sujeito às intempéries e aos perigos da extrema violência dos cen tros urbanos ou à mercê de um ataque de um malfeitor. Ali, naquele cantinho, coloca seus poucos pertences que conseguiu reunir às pressas ao salvarem-se da fúria das inundações. Não têm mais nada senão a precária condição de vida amarga, de novas vidas severinas. Viraram párias.
Não é justo que essas pessoas permaneçam abandonadas pelos órgãos públicos. Onde estão os prefeitos, os vereadores,os deputados, os senadores, os governadores que ainda não mexeram para amenizar socialmente essas populações? Triste sina desses infelizes que nasceram pobres num país de banqueiros e empresários milionários!
O país socialmente vai mal. Basta que voltemos os olhos para outros setores da máquina do Estado que não estão dando conta dos seus deveres e obrigações constitucionais, não provendo as cidades brasileiras de uma educação pública digna, com professores estimulados, de um sistema de saúde que possa atender condignamente a população que nele procura atendimento humano e à altura da classe média e das elites ( por que não ou a utopia só aos ricos pertence?) e de um sistema de segurança pública no qual as pessoas possam confiam plenamente, sem o temor ou mesmo ódio de uma polícia cujos malfeitos viram estereótipos da classe em razão de tantos atos de selvageria praticados por alguns membros mal selecionados e mal preparados para usarem uma arma, quando, ao contrário, o primeiro dever cívico deles é defender os mais fracos contra o poder da violência de todos os tipos.
As polícias civil e militar devem mudar sua imagem e ganhar a simpatia e o reconhecimento da sociedade em todos os seus estratos. Tenho a esperança de que chegará um dia em que os policiais brasileiros, com nova mentalidade, bem-selecionados, com competência e bem remunerados, hão de conquistar o respeito e o apreço do povo brasileiro.Isso também não é uma sonho impossível ou tudo que é bom seria utopia? Creio que não.
O Brasil é aqui, leitor, e por isso mesmo necessita de ajuda urgente em todos os itens mencionados acima. O país real não é esse que mostra índices de crescimento econômico bom, mas dá as costas para problemas crônicos que aí estão aos olhos dos conscientes, não aos olhos das elites políticas que têm bons médicos, bons hospitais, maravilhosos apartamentos ou mansões, sistemas privados de segurança e gastanças bilionárias pelo mundo das grandes cidades.
Para quem acompanha pela televisão alguns problemas considerados sensacionalistas, exibindo as chagas ao vivo da sociedade pobre brasileira, ali se tem uma radiografia do cotidiano do brasileiro indefeso e ignorante de seus direitos de cidadania: mal funcionamento da engrenagem da máquina do governo: na saúde, na segurança, na educação, na moradia, nos transportes de massa.
Basta que os governantes vejam tais programas e deles tirem suas lições que seguramente hão de fornecer-lhes muitos subsídios a fim de encaminhar soluções para os problemas enfocados. Não se mirem tais governantes somente em canais ou jornais que perversa ou ideologicamente ocultam as mazelas de que o povo está sofrendo e sofrendo muitas vezes sem voz própria, raramente manifestada, entre o choro e o desespero, por frases mal organizadas devido à baixa instrução, frases que ecoam num deserto sem soluções, quase gritos que voam como folha seca e inútil aos olhos dos responsáveis pelo bem-estar de um povo. O Brasil é aqui.

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