Cunha e Silva Filho
Foi o próprio ex-presidente Lula - e não faz tanto tempo -, que afirmara ser o maior cargo da Nação algo de não se poder jogar fora. Muito ao contrário. Isso ele o disse e aqui o faço com minhas palavras mas com sentido equivalente.
Agora, fora do Palácio da Alvorada, confortavelmente em gozo de férias numa aprazível área cedida pelo Exército, este nordestino sortudo de 65 anos pode mesmo declarar, aos quatro cantos do mundo, que é uma pessoa de sorte.
Conquanto a reportagem da Folha de São Paul o(23/01/2011) assinada por Simone Iglesias e Márcio Falcão, exiba um título entre cômico e irônico ( “bolsa Palestra”) sua intenção não foi a de crítica ao ex-presidente, ao ex-metalúrgico, homem de fala fácil e traços carismáticos, avis rara de alguém que, vindo de condições humildes, galga a função mais relevante da República e consegue realizar dois mandatos com aprovação quase unânime do eleitorado brasileiro. Não é pouca coisa não. A intenção da reportagem foi, isto sim, a de mostrar as vantagens de um político tanto dentro quanto fora do Palácio do Planalto, quer dizer, no Palácio da Alvorada e na Granja do Torto.
Lula deixou de receber as regalias – e são realmente régias, monárquicas ou quase imperiais. Lula tinha “...centenas de servidores no Planalto e naqueles dois palácios residenciais...”, acentua a reportagem. Porém, não as deixou completamente, pois a condição de ex lhe propicia outras benesses também agradáveis e bem-vindas. Essa nova condição mantém o ex-mandatário com alguns benefícios, e bons, para uma vida folgada, confortável e segura, com bonificações colaterais a ex-presidentes. Por exemplo, Lula, tal como os seus antecessores, pode contar com as seguintes vantagens vitalícias: quatro seguranças, dois motoristas e dois assessores assessores, assim como dois carros oficiais com combustível farto, tudo pago pela União.
Mas, sabemos que Lula dispõe de duas aposentadorias: uma porque perdeu um dedo e outra porque foi anistiado político. Nesta última condição, em virtude de ter sido preso uma semana pelo regime ditatorial. Que beleza! Que fartura! Logo ele que nada tem de comunista nem de esquerdista, embora a imprensa desatenta do exterior teime em tachá-lo de político de esquerda.
A reportagem também informa que a pensão de presidente foi revogada em 1988. Isso me surpreende. Estou mesmo desatualizado. Então ex-presidentes não desfrutam vitaliciamente de seus mandatos exercidos? Os repórteres estão talvez equivocados. Como ex-presidentes não têm pensão vitalícia se, no caso de morte, sua viúvas desfrutam dessas pensões?
Os repórteres declaram que ele, o Lula, perdeu mordomias, mas o próprio texto deles contradiz essas informações já que Lula aumentou, em dois mandatos, seu patrimônio pessoal, que era de R$839.039,52, sendo parte disso resultado de aplicações bancárias. Os repórteres salientam que, se atualizado, o patrimônio, hoje subiria para R$1.036,951,51. Isso é muito para alguém que se beneficiou de duas pensões com valores não tão altos. Alguém, um lulista doentio, argumentaria: “Lula foi deputado!” “Mesmo assim! Não chegou a dois mandatos!. Não teria, por conseguinte, pensão precoce, indecente e privilegiada de congressistas”.
Há ainda um dado que não deixa de ser preocupante: com despesas “pessoais e institucionais” foram gastas vultosas somas, que chegaram à cifra astronômica de R$ 56 milhões através dos controvertidos e polêmicos “cartões corporativos” e com rubricas de ‘gastos sigilosos’. Acho uma indecência e desrespeito à população brasileira esta expressão de natureza cifrada e, portanto, provocando ela mesma desconfianças justificáveis por parte de quem contribui com impostos galopantes para o governo federal.
Lula é mesmo o “cara” de que o presidente Obama fala, palavra que muito tem de sentido duplo. Para quem lida com análise do discurso é um prato cheio.
Lula, a celebridade, no país e no exterior. O homem, monoglota que fala para muitas línguas. Lula, o homem que hoje só pensa em tocar pra frente seu Instituto Lula e construir seu memorial em cidade de São Paulo, quem sabe, segundo sugerem os repórteres citados, em São Bernardo.
Com tempo disponível, Lula, o grande líder, vai fazer palestras pelo mundo afora e seu cachê, já se diz, supera o que cobra o FHC: o de Lula fica em torno de R$ 200 mil, o de FHC, em torno de R$ 90 mil.
Todas estas informações batem realmente com a fala otimista de Lula ao dizer que ser presidente do Brasil é uma delícia. Enquanto isso, os males do país ainda são grandes e gritantes na saúde, educação pública, juros altíssimos, imposto de renda escorchante nos costados da classe média e tantos outros já bem conhecidos do povo que em Lula votou. País dos Bruzundangas. O epíteto ainda é atual.
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