Fernando Pessoa: “Sonnet XXIX
Sonnet XXIX
MY WEARY LIFE, that lives unsatisfied
On the foiled off-brink of being e’er but this,
To whom the power to will hath been denied
And the will to renounce doth also miss;
My sated lie, with having nothing sated,
In the motion of moving poised aye,
Within its dreams from its own dreams abated –
This life let the Gods change or take away.
For this endless succession of empty hours,
Like deserts after deserts, voidly one,
Doth undermine the very dreaming powers
And dull even thought’s active inaction,
Tainting with fore-unwilled will the dreamed act
Twice thus removed from the unobtained fact.
Soneto XXIX
ENTEDIADA VIDA MINHA, um viver desconte
Do fracasso no limiar de apenas isso ser,
A quem se negou da vontade a força
E também da renúncia a vontade, sim, faltou;
Não tendo sido jamais saciada, minha saciada mentira,
No ato de acenar um sim hesitante,
De seus sonhos no interior de seus próprios sonhos acabados –
Que os Deuses concedam que esta vida se altere ou de mim se arrebata
Visto esta sucessão infinita de horas vazias
Semelharem desertos e desertos, um vazio só,
Que firmes, devastassem dos sonhos os pilares das forças
E embotassem do pensamento até à inação ativa
O ato sonhado com prévia relutância maculando
Do fato falhado duas vezes assim retirado.
(Tradução de Cunha e Silva Filho)
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