segunda-feira, 16 de maio de 2016

QUE NÃO VENHA MAIS UMA TRAGICOMÉDIA NACIONAL



                                                            Cunha e Silva Filho



                É claro que a permanência da presidente  Dilma Rousseff chegara a um  fase clamorosamente   inaceitável à situação financeira do país. Inflação crescente,  desemprego na casa de milhões, situação  extremamente  aflitiva  das finanças de alguns  estados  brasileiros (Rio Grande do Sul e, Rio de Janeiro)  sucateamento dos serviços da saúde pública, violência calamitosa,  escândalos  e mais escândalos minando os cofres  públicos em consequência da roubalheira via propinas, superfaturamentos e  descarados conluios entre o governo  e mega-empresários. Para  piorar ainda mais  os desmandos em que  ficaram as finanças do Estado Brasileiro,  vieram à tona   as chamadas  pedaladas fiscais proibidas  pela legislação  e feitas  à revelia  da aprovação dos Congresso.
            O dado técnico da improbidade fiscal  utilizada pela presidente, a meu ver,  não é matéria prima  da sua queda do poder, mas um conjunto de fatores   que, somados, vão configurar  um governo  perdulário, esbanjador,  excessivamente   permissivo  com o dinheiro  do povo. .Quer dizer,  a me ver,  foi a quebra de ética, a ausência de  decência no trato da coisa pública que levou  ao afastamento da  Senhora  Dilma Russeff.. Se é verdade o que o novo governo  recém- instalado  anda anunciando  à mídia, no que tange à falência financeira do Estado, que até pode haver a possibilidade de atraso de pagamento dos salários do funcionalismo federal, é porque algo muito  catastrófico  já iria surgir no  próprio  governo petista.  Não me lembro de que, na história dos governos federais,  tenha havido  semelhante  possibilidade  atraso de salários. 
         Ora, o governo atual, mesmo em grandes dificuldades  financeiras, que chegue ao  ponto  da tragédia de  atrasar pagamento  dos salários federais, não está isento  de culpabilidade   imputada  ao governo anterior, visto que foi  uma das bases aliadas  mais  sólidas do governo  petista. Refiro-me sobretudo ao PMDB. Agora,  como ficaria  se essa  situação chegasse a se materializar? As altas autoridades, a começar  do presidente,   já tiveram  aumentos em seus salários e mordomias sempre  generosas porque os aumentos são por eles mesmos   determinados  no poder legislativo  e no senado. No judiciário, idem e, no executivo,  idem.
        O atual  governo já vem anunciando indiretamente  por vezes o  ressurgimento da CPMF, o aumento de impostos,  dos juros, que são já considerados os mais altos do  mundo. Ora,  estamos   numa fase  de recessão,  de  desemprego, mas também  estamos  em inflação. O custo de vida está muito alto, sobretudo em remédios e alimentos. O transporte de massa é caro. Havendo falta de pagamento  para o funcionalismo  federal, como ficarão situações  do tipo  prestação da casa  própria financiada  pela Caixa Econômica? Como um funcionário  público  federal  irá pagar  a mensalidade  de mutuário se o governo deixar de pagar em dia seus  vencimentos?  Essa questões,  de alta  relevância social,  é que têm que ser analisadas com rigor  e com  responsabilidade  de quem  comanda  a vida  financeira nacional agora. 
      O governo  tem que cortar ainda muito mais o número de ministérios, retirando os funcionários desnecessários, os chamados cabides de emprego arranjados por vias do fisiologismo e do compadrio  político. O governo atual deve  reduzir  as mordomias  nos três poderes,  caso contrário,   ficará na mesma   regalia  do  governo  afastado.
    Sabemos  que,  a despeito de todas  as falhas, erros e  falcatruas do governo   anterior,  não me parece em absoluto  que  possamos  atingir  um quadro aflitivo  da máquina do Estado  no que concerne  aos vencimentos do funcionalismo  federal. O de que o atual  governo  necessita é de  baixar os juros  shyloquianos,  os impostos  exorbitantes,   os aumentos de todos os produtos determinados  pelo  próprio  governo federal a  fim de  arrecadar  mais e mais. Por que, nunca  pensam   os governantes  em,   temporariamente,  congelar  alguns produtos  vitais,  dos itens de alimentos e remédios? Quem sofre com  a inflação são os menos protegidos, os pobres e miseráveis.  Em seguida,  partes  da classe média (entendendo-se  que, no  pais,  há classes médias  e não  “classe média” simplesmente).
    Ora, ao anunciar  sacrifícios à sociedade,  o governo  deverá começar  pelos altos escalões de privilegiados  dos três poderes a fim de dar exemplo de  probidade administrativa. No país,  nunca houve redução de mordomias dos três poderes, sobretudo de deputados e senadores, ministros,  desembargadores,  dirigentes  de estatais,  dos bancos federais etc. Se o Estado  Brasileiro está mal de finanças, repito, então cortem-se as mordomias  de ponta a ponta.
  Não vivemos  numa  realeza em que os imperadores  ou reis  levam vida  de  milionários  à custa  da sociedade. Se o atual e  incipiente governo  quer mudar  a fisionomia  do país,  é preciso   refletir sobre  todas essas questões de interesse social. E com transparência. Não ajam as autoridades só tecnicamente, mas com o coração e a consciência  de dar mostras eficazes   de que estão   fazendo mudanças  para a  melhoria da sociedade, sobretudo dos mais  necessitados. Sem populismos Sem  novos escândalos. Sem propinas. Sem superfaturamentos. Sem novos-ricos. Sem arrivistas. Sem mistificadores. Sem presidentes parvenus às expensas  de malversações públicas.   Sem envolvidos  na Lava-Jato.  Sem  rapinagens. Sem mentiras perniciosas de campanha para ganhar votos de  pascácios ignorantes  e de fanáticos, incluindo  intelectuais  que  sonegam de propósito os erros  de canalhas  e de  vendedores de sonhos e simulacros.

  O lema do Brasil que queremos poderia ser  esse: ética no governar e respeito aos eleitores. Se não, as mudanças que  queremos como  povo  continuarão  sendo apenas palavras de retórica de início de  um novo governo que de novo  só teria  o significante do signo linguístico.  O Brasil não  precisa apenas  de significante  - mero som vazio  de verdade e de realizações  comprovadas.  O Brasil precisa do todo do signo: do significado.     

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