sexta-feira, 22 de abril de 2016

MEU ANTIGO HOBBY: LIVROS PERDIDOS







  


                                    Cunha e Silva Filho


         Quem é meu leitor de há tempos talvez se recorde de que, depois que vim para o Rio de Janeiro, anos mais tarde, nessa cidade de  delícias e de tristezas (veja o  recente desabamento, com vítimas fatais, da ciclovia na Avenida Niemayer, para não  relembrar outra tragédias  ocorridas ao longo da história dessa cidade paradisíaca por natureza), procurei  recuperar meu  livros perdidos  na adolescência em Teresina e nos restos de juventude  de vida  carioca.
         Tenho uma boa notícia: estou dando que por encerrado esse velho  hobby. Fiz as contas,  considerei  algumas perdas talvez  sem volta, como aquele livrinho de expressões idiomática da língua inglesa,  de Neif Antonio Alem, publicado pela Melhoramentos, São Paulo;  a 3 ª série La grammaire par la langue, (Editora Globo), do famoso  professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, o filólogo Julio de Matos Ibiapina (1890-1947);  um volume da 1ª série colegial (científico) de um autor com nome  difícil de que não me lembro (acho que da Editora do Brasil, não estou bem certo); uma coleção ginasial  do King’s English, de Harold Howard Binns (Companhia Editora Nacional), assim como dele um  livro de inglês comercial, da mesma editora; uma gramática latina de Mendes de Aguiar.
        A gramática de Mendes de Aguiar propriamente  não perdi, mas   havia  ofertado  meu exemplar trazido  comigo de Teresina a um amigo no Rio de Janeiro, um colega da CESB (Casa do Estudante Secundário Do Brasil).
     Aquela gramática latina, aliás, era de meu pai, uma lamentável  perda pela qual  assumo  toda a culpa. Havia ainda uma autora francesa de um bom livro ginasiano. Infelizmente, não me recordo do nome dela. Se, por acaso o ler,  decerto  me vou  lembrar do livro.
    Também  perdi um pequeno  volume de idiomatismos do inglês em forma de diálogos, Humorous dialogues,  do velho e conhecido  autor de uma  obra para o ensino do inglês,  vendida em todo o país nos velhos tempos, que é The English gymnasium grammmar, de Hubert Coventry Bethell. Assim jamais encontrei à venda  a chave de exercícios da citada gramática desse autor, que  escreveu ainda outras obras para o ensino  do inglês.
      Outro livro que não consegui  encontrar foi a chave da excelente gramática inglesa, A new practical English course for students, da autora portuguesa Maria Manuela Teixeira de Oliveira. Minha edição é a 6, ª da editora Gomes e Rodrigues LTDA, s.d., Lisboa. A autora  publicou  vários outros  livros para o ensino  da língua   inglesa.  
     Ainda tenho a gramática daquela excelente autoradidática portuguesa. Meu livro de espanhol do curso científico, cujo autor não me vem à lembrança, ainda estou  procurando.Um boa antologia de espanhol  ainda vou adquirir, pois sei que existem no  sebo  virtual. Outros livros da Coleção da antiga  F.T.D. de língua  inglesa,  francesa ando  procurando. Contudo,  é provável que os encontre no sebo  virtual.
    Quando nessa crônica falo de livros perdidos aí igualmente incluo outras obras didáticas escritas pelos meus autores  lidos  no Piauí no ginásio e científico.
      Há tempos tinha  pensado em escrever a história do s autores de língua  inglesa no Brasil. Seria algo  em formato de um  dicionário,  com  dados  pessoais do autor, sua formação  intelectual e sua bibliografia.  Seria escrito em forma bilíngue. Pensei numa obra dessa natureza tendo em vista que sempre me  chamou a atenção  o fato de os autores didáticos  serem  tão cedo  esquecidos tanto  por estudantes quanto  por professores. 
     Sempre tive um especial carinho  pelos autores didáticos dado que  neles vejo  a importância que  tiveram na minha formação  intelectual (e seguramente de muita gente através das gerações) em consideração as bases em que se estribou  essa formação.
      Por outro lado, tive sempre em conta a importância de livros que tivessem  a chave dos  exercícios propostos,  expediente didático que  primeiro  observei na velha coleção da F.T.D, de resto, já citada  aqui. Muitos professores eram contra essas chaves, para mim  de grande valia. Até na universidade, não se viam com bons olhos as chaves, mas logo eu  percebi o quanto  elas são  decisivas, sobretudo para os alunos que gostam de concluir  independentemente (fui um deles) seus estudos, tanto no  ensino  fundamental e médio quanto, em alguns casos,  no ensino superior.
     No meu curso de Letras (UFRJ), uma professora  a Klara Wirz, já falecida. Era suíça, ou, no mínimo, uma descendente de suíços. Ela  elaborou uma excelente  apostila sobre versão inglesa, disciplina que lecionava magnificamente.Com o tempo, organizou  outras apostilas, todas mimeografas. Iam do nível intermediário  até ao nível avançado. Durante algum tempo,  prometia que ia publicá-las e, se fossem publicadas em livro,  prepararia  uma chave  para cada volume. Suponho que  ela não chegou a editá-las comercialmente.
      De início,  o que seriam as  futuras apostilas, eram folhas grampeadas distribuídas aos alunos.A matéria abrangia frase do inglês coloquial, algumas  curiosas e cheias de humor,  como se fossem  diálogos vivos, mas eram frases nas quais de propósito punha situações vividas na  conversação diária. Muitas frase ela criava durante as aulas. Anotava, certamente visando ao aperfeiçoamento  das apostilas.
 Da professora ilustre, Klara Wirz,  tenho ainda comigo três apostilas, com o mesmo título, Exercises for translation into English, correspondentes aos  anos de 1971, 1972 e 1973 e editadas pela Faculdade  de Letras da UFRJ.
    Tenho uma forte vocação para os estudos  independentes e não tenho  pejo de  expressar a minha admiração pelos estudos autodidáticos. Já dizia um romancista  e crítico  brasileiro,  Adonias Filhos (195-1990)  que  à uma certa altura de nossa vida  intelectual,  o caminho  seguro são os estudos autônomos, sem receio de ser tachado de anacrônico.
      Hoje em dia,  no Brasil,  tornou-se uma regra áurea as outrora criticadas  chaves  de exercícios de livros didáticos, as quais tanto  têm auxiliado, a meu ver,  os professores   brasileiros. Livros para o ensino de línguas  estrangeiras,  pensando nos  estudantes ou aprendizes  que têm vocação  para serem  independentes em seus estudos, apresentam geralmente  as chaves dos exercícios, até no caso de gramáticas,  além de utilizarem outro  material  de grande alcance  pedagógico nos estudos de línguas,  os chamados CDs com os diálogos gravados  na língua  estrangeira.

     Ora,  esse é um passo  de alta  relevância  aos estudos  de idiomas. Na minha época havia professores de língua estrangeira que poucas vezes tiveram a  oportunidade de  ouvir a língua que lecionavam. Oh,  como são felizardos  os estudantes de hoje! E muitos nem se dão conta  desse desenvolvimento  no ensino nem sabem  aproveitá-lo em tempo certo.Não sabem o que estão perdendo, desperdiçando o tempo útil e a idade que têm. Oxalá consiga  atingir meu  objetivo de dar por encerrado o meu  antigo hobby. ´É hora de escolher  outro hobby que me venha trazer  tanto   prazer quanto me deram os meus  amados livros didáticos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário