Cunha e
Silva Filho
Quem
é meu leitor de há tempos talvez se recorde de que, depois que vim para o Rio
de Janeiro, anos mais tarde, nessa
cidade de delícias e de tristezas (veja
o recente desabamento, com vítimas
fatais, da ciclovia na Avenida Niemayer, para não relembrar outra tragédias ocorridas ao longo da história dessa cidade
paradisíaca por natureza), procurei recuperar meu livros perdidos na adolescência em Teresina e nos restos de
juventude de vida carioca.
Tenho uma boa notícia: estou dando que por
encerrado esse velho hobby. Fiz as
contas, considerei algumas perdas talvez sem volta, como aquele livrinho de expressões
idiomática da língua inglesa, de Neif
Antonio Alem, publicado pela Melhoramentos, São Paulo; a 3 ª série La grammaire par la langue,
(Editora Globo), do famoso professor do
Colégio Militar do Rio de Janeiro, o filólogo Julio de Matos Ibiapina
(1890-1947); um volume da 1ª série colegial
(científico) de um autor com nome
difícil de que não me lembro (acho que da Editora do Brasil, não estou
bem certo); uma coleção ginasial do King’s
English, de Harold Howard Binns
(Companhia Editora Nacional), assim como dele um livro de inglês comercial, da mesma editora;
uma gramática latina de Mendes de Aguiar.
A
gramática de Mendes de Aguiar propriamente não perdi, mas havia ofertado
meu exemplar trazido comigo de
Teresina a um amigo no Rio de Janeiro, um colega da CESB (Casa do Estudante
Secundário Do Brasil).
Aquela gramática latina, aliás, era de meu
pai, uma lamentável perda pela qual assumo
toda a culpa. Havia ainda uma autora francesa de um bom livro ginasiano.
Infelizmente, não me recordo do nome dela. Se, por acaso o ler, decerto
me vou lembrar do livro.
Também
perdi um pequeno volume de
idiomatismos do inglês em forma de diálogos, Humorous dialogues, do velho
e conhecido autor de uma obra para o ensino do inglês, vendida em todo o país nos velhos tempos, que
é The English gymnasium grammmar, de
Hubert Coventry Bethell. Assim jamais
encontrei à venda a chave de exercícios
da citada gramática desse autor, que
escreveu ainda outras obras para o ensino do inglês.
Outro
livro que não consegui encontrar foi a
chave da excelente gramática inglesa, A
new practical English course for
students, da autora portuguesa Maria Manuela Teixeira de Oliveira. Minha
edição é a 6, ª da editora Gomes e Rodrigues LTDA, s.d., Lisboa. A autora publicou
vários outros livros para o
ensino da língua inglesa.
Ainda tenho a gramática daquela excelente
autoradidática portuguesa. Meu livro de espanhol do curso científico, cujo
autor não me vem à lembrança, ainda estou
procurando.Um boa antologia de espanhol
ainda vou adquirir, pois sei que existem no sebo
virtual. Outros livros da Coleção da antiga F.T.D. de língua inglesa,
francesa ando procurando.
Contudo, é provável que os encontre no
sebo virtual.
Quando
nessa crônica falo de livros perdidos aí igualmente incluo outras obras
didáticas escritas pelos meus autores
lidos no Piauí no ginásio e
científico.
Há
tempos tinha pensado em escrever a
história do s autores de língua inglesa
no Brasil. Seria algo em formato de
um dicionário, com
dados pessoais do autor, sua
formação intelectual e sua
bibliografia. Seria escrito em forma
bilíngue. Pensei numa obra dessa natureza tendo em vista que sempre me chamou a atenção o fato de os autores didáticos serem
tão cedo esquecidos tanto por estudantes quanto por professores.
Sempre tive um especial carinho pelos autores didáticos dado que neles vejo
a importância que tiveram na
minha formação intelectual (e
seguramente de muita gente através das gerações) em consideração as bases em
que se estribou essa formação.
Por
outro lado, tive sempre em conta a importância de livros que tivessem a chave dos
exercícios propostos, expediente
didático que primeiro observei na velha coleção da F.T.D, de resto,
já citada aqui. Muitos professores eram
contra essas chaves, para mim de grande
valia. Até na universidade, não se viam com bons olhos as chaves, mas logo
eu percebi o quanto elas são
decisivas, sobretudo para os alunos que gostam de concluir independentemente (fui um deles) seus estudos,
tanto no ensino fundamental e médio quanto, em alguns casos, no ensino superior.
No meu curso de Letras (UFRJ), uma
professora a Klara Wirz, já falecida.
Era suíça, ou, no mínimo, uma descendente de suíços. Ela elaborou uma excelente apostila sobre versão inglesa, disciplina que
lecionava magnificamente.Com o tempo, organizou
outras apostilas, todas mimeografas. Iam do nível intermediário até ao nível avançado. Durante algum
tempo, prometia que ia publicá-las e, se
fossem publicadas em livro, prepararia uma chave
para cada volume. Suponho que ela
não chegou a editá-las comercialmente.
De
início, o que seriam as futuras apostilas, eram folhas grampeadas distribuídas
aos alunos.A matéria abrangia frase do inglês coloquial, algumas curiosas e cheias de humor, como se fossem
diálogos vivos, mas eram frases nas quais de propósito punha situações
vividas na conversação diária. Muitas
frase ela criava durante as aulas. Anotava, certamente visando ao
aperfeiçoamento das apostilas.
Da
professora ilustre, Klara Wirz, tenho
ainda comigo três apostilas, com o mesmo título, Exercises for translation
into English, correspondentes aos
anos de 1971, 1972 e 1973 e editadas pela Faculdade de Letras da UFRJ.
Tenho
uma forte vocação para os estudos
independentes e não tenho pejo de expressar a minha admiração pelos estudos
autodidáticos. Já dizia um romancista e
crítico brasileiro, Adonias Filhos (195-1990) que à
uma certa altura de nossa vida intelectual,
o caminho seguro são os estudos
autônomos, sem receio de ser tachado de anacrônico.
Hoje em dia,
no Brasil, tornou-se uma regra
áurea as outrora criticadas chaves de exercícios de livros didáticos, as quais
tanto têm auxiliado, a meu ver, os professores brasileiros. Livros para o ensino de línguas estrangeiras,
pensando nos estudantes ou
aprendizes que têm vocação para serem
independentes em seus estudos, apresentam geralmente as chaves dos exercícios, até no caso de
gramáticas, além de utilizarem
outro material de grande alcance pedagógico nos estudos de línguas, os chamados CDs com os diálogos gravados na língua
estrangeira.
Ora, esse é um passo de alta
relevância aos estudos de idiomas. Na minha época havia professores
de língua estrangeira que poucas vezes tiveram a oportunidade de ouvir a língua que lecionavam. Oh, como são felizardos os estudantes de hoje! E muitos nem se dão
conta desse desenvolvimento no ensino nem sabem aproveitá-lo em tempo certo.Não sabem o que
estão perdendo, desperdiçando o tempo útil e a idade que têm. Oxalá
consiga atingir meu objetivo de dar por encerrado o meu antigo hobby. ´É hora de escolher outro hobby
que me venha trazer tanto prazer quanto me deram os meus amados livros didáticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário