segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A Síria, seu povo, a guerra civil








            Cunha  e Silva Filho



      Faz quatro anos  que a Síria  se envolveu  numa guerra civil. Sofre seu  povo até hoje com a destruição de vidas de inocentes e com  o país arrasado  em sua  estrutura  geográfica, seus monumentos  históricos,  seu legado cultural. Sofre ainda mais o país  com o êxodo de sua  população fugindo  do terror,  das bombas, das explosões. O país virou  ruínas.
     Quanto  custa uma ditadura,  a continuidade de uma dinastia  autocrática  sob o tacão  genocida  de Bashar Al-Assad que, até o presente,  não  renunciou  ao poder? Custa  a crueldade de milhares de mortos.
    A situação   tumultuada   do  país  já estava  grave com   a guerra fratricida entre o governo  e a oposição  oriunda  dos ideias   proclamados  pela  Primavera Árabe,   disposta  a  arrancar  do poder   o ditador  truculento com  ar de inocente, como se fora vítima  daqueles  que ele   subjugara com  uma vida   sem  esperanças  de melhorias  e de paz. Para  piorar  ainda mais  o estado de beligerância,  entrou em cena  o  criminoso  Estado Islâmico,  pronto a ganhar poder  no território sírio e,  por cima  de tudo,   ainda confundindo muito mais o  tabuleiro de xadrez  da guerra civil  que persiste desde  2011.
   Muito  pior do que  os rebeldes, ou melhor, a oposição, foi  a entrada  do  terrorismo  islâmico  tanto  ou mais   sanguinário  do que  o próprio  Assad.  Vieram para decapitar  quem se lhe embarace a fúria  destruidora  de conquistadores   bárbaros representando,  talvez hoje,  a maior ameaça  do fanatismo  religioso  de conquista  de  poder em terra síria, espécie de   expansionismo  a ferro e fogo contra  até  as próprias  ditaduras   já instaladas  há longo tempo  na Síria.  
        O fanatismo   religioso é ainda mais  destrutivo do que  aquele    com  nuanças  político-ideológicas. Seu   objetivo  é mudar,  pela  degola  e pelo  terrorismo, costumes   mais civilizados retroagindo  a hábitos de   poder  governado  pela deformidade  de  uma leitura   do  islamismo, interpretação  distorcida do Alcorão e do  pensamento   de Maomé, ademais,   inimiga  do progresso  ocidental, i.e.,  fazer  um governo  ditado  por  princípios  religiosos  que não respeitam  as diferenças entre   as civilizações.
         Ou seja, querem  o terror  implantado, querem o extermínio de outras   religiões e de seus  seguidores –  contraditória forma de expansionismo   religioso-terrorista, cuja finalidade  é a matança  de quem  não lê pela sua cartilha sedenta  de sangue de inimigos,  incluindo não só  outros  muçulmanos como também  governos  e  religiões  do Ocidente. A morte do próximo é seu sinete e esses terroristas são implacáveis. Com eles não há  misericórdia nem perdão. O mais grave  é que nas suas  alas  existem  estrangeiros   ocidentais  que são recrutados  para o  lado do Estado  Islâmico.
       No exemplo da Síria,  duas  potências, Estados Unidos e Rússia,   se encontram  em  flancos  diferentes  nessa guerra civil, lembrando, de alguma forma,  os  tempos sombrios da Guerra Fria  entre  aqueles países.
        Para combater  a onda de destruição  e de mortalidade na Síria,  os EUA  tomam  uma posição contra a ditadura  síria e querem  a renúncia  de Assad, ao passo que a Rússia se coloca  ao lado  do ditador  sírio.  Neste imbróglio, fica   delicada  a solução  desse conflito.
      O que, no meu juízo,  vejo  como  uma das saídas para  acabar com  a confrontação  sangrenta na Síria seria, primeiro pactuar  uma negociação  de paz,  na qual  as duas potências  pudessem  combater  o Estado Islâmico; em segundo lugar,  procurar-se equacionar  um cessar-fogo entre a oposição  rebelada  contra   os desmandos  do ditador  Assad, exigindo-se  a renúncia dele e   o consequente fim  da tirania.
        Para   isso,  organismos   internacionais, tendo  à frente o Conselho de Segurança da  ONU, se encarregariam  de promover um governo  provisório  que, em  tempo  determinado,  pudesse  realizar  eleições democráticas para as quais concorreriam  partidos  ou representantes   da oposição e partidos  do governo. Seria  utópico  refletir  assim? Creio que não.
         Os EUA e a Rússia, apesar de suas   profundas divergências,  deveriam  pensar na solução  da guerra civil  síria, quer dizer,  interromper a carnificina,  o terror,   a destruição  do país,  a intolerância e, ao contrário,  pensar  no resgate da paz, bem-estar  e  felicidade  da sociedade civil, evitando-se a  continuidade da fuga  do povo sírio, engrossando hoje  a leva  de milhares de refugiados  espalhando-se  por vários países do mundo, inclusive  o Brasil, à procura  de  trabalho  e de  uma nova  vida  livre  da submissão,  do  medo e da desesperança   que se tornaram o trágico  cotidiano  dos sírios em seu próprio  país

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