Cunha e Silva Filho
São Paulo, a mais importante cidade brasileira, na sua capital e em partes do seu interior, está atravessando um dos piores momentos de sua história. Em artigo aqui postado, já a comparei a uma pequena Síria de Bashar Assad. Não é que teime em tornar o assunto violência algo sensacionalista. Longe disso. Não sou paulista mas sou brasileiro e a grande capital tão amada por Mário de Andrade (1893-1945) e por tantas ilustres personalidades dos vários setores culturais está encalacracada num redemoinho assustador que, diariamente, vai ceifando vidas, seja de policiais da ativa,ou policiais aposentados, seja de jovens pobres, em alguns caso, sem antecedentes criminais, que vão sendo assassinados à luz do dia, à noite ou nas madrugadas.
O Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo já está em outras mãos, assim como o Secretário de Segurança. Estudam-se novos planos de combate à violência galopante. O cenário tem muitos pontos comuns com uma espécie de guerra civil ou de terrorismo à brasileira. Todo mundo está apreensivo. .Fala-se que a Polícia paulista está preparada. Na prática, porém, isso não corresponde à verdade dos fatos. A mídia está aí dando alarmes e, neste ponto, prestando inestimável serviço aos órgãos de segurança. Sem a imprensa, falada, escrita, televisiva, sem alguns programas especializados no tema da violência, sem os competentes comentaristas da área de segurança, sem a ajuda de sociólogos e antropólogos, o trabalho da Polícia seria menos eficiente.
Não é possível que a luta sem trégua contra o crime organizado não consiga reverter os gargalos nos quais se situam os alvos certos a fim de que os policiais ganhem essa guerra urbana, porque afeta mais a capital. Já é tempo de que o governador, em vez de retórica inócua, passe a tomar medidas, sendo uma delas a ajuda do governo federal, da Força Nacional, da Polícia Federal, combatendo ferozmente aqueles lugares- -chaves de onde partem ordens de traficantes e criminosos de alta periculosidade que, dos presídios estaduais ou federais, ainda enfrentam as forças públicas.
A Polícia Federal é um dos órgãos de segurança e investigação dos mais competentes que temos. Se o governo paulista pedir o auxílio da PF, que dispõe de potencial de inteligência e de investigação de alto nível, não descartando também a presença das Forças Armadas com a logística e a infraestrutura prontas a agirem em defesa da ordem pública em São Paulo, acredito que, numa força-tarefa conjunta e solidária, muito poderia lucrar a vida do cidadão em São Paulo. Seria um combate visando ao desmantelamento das facções criminosas, atacando realidades cruciais como o tráfico de drogas, o contrabando de armas e vigilância nos presídios. Ao abortar esses nós do crime, seria possível reduzir, se não a zero, a níveis suportáveis de criminalidade.
Por outro lado, seria conveniente atacar outros flancos da problemática da violência: a venda de drogas para as camadas mais altas da sociedade, punindo o vendedor e localizando os usuários, encaminhando estes a tratamentos contra o vício. Uma outra recomendação seria, a médio e longo prazos, investir na educação pública de jovens de famílias de baixa renda, presas fáceis dos aliciadores do tráfico.
A educação é o meio mais adequado a mudanças de comportamentos sociais. Sabendo dar a devida orientação e competência às nossas crianças e adolescentes, através de um ensino-aprendizagem atualizado e voltado para uma formação humanística sem desprezar o contexto técnico-científico da formação educativa do discente, dificilmente teríamos, num futuro próximo, jovens e adultos desvirtuados psicologicamente
Compete ao Estado brasileiro mudar drasticamente esse quadro deplorável de desordem social nesta fase de desenvolvimento, mesmo com a agravante dos escabrosos casos de corrupção na estrutura da máquina administrativa e burocrática em que o país se vê enredado para vergonha dos países civilizados que não mais enfrentam, no mundo contemporâneo, tão altos graus de violência como o nosso.O binômio violência-corrupção é o que mais fere a dignidade da nossa sociedade.
A violência de outros países no Oriente, na África e na Ásia são de natureza diferente. Não se prestam a parâmetros para a situação típica da sociedade brasileira.
Urge que o Brasil no seu todo menos açoitado pela violência, de diversos modos, contribua solidarizando-se com os paulistas, e sobretudo com os paulistanos nesta fase de elevada criminalidade que, se não for controlada, poderá trazer sérios problemas para a indústria , o comércio o turismo e, portanto, para a posição econômica de que o grande estado brasileiro – carro-chefe de nosso desenvolvimento em todos os nívei - desfruta soberanamente em comparação com todos os estados do país..
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