segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Necessidade de recorrência a um tema: a guerra na Síria




Cunha e Silva Filho



Já disse mais de uma vez que ao cronista interessa primordialmente a opinião sobre fatos e homens, ou seja, uma forma de interpretar a vida em ângulos que se apresentam fragmentados, porém dignos de meditação, ou de umdescambar para um lirismo, conquanto seja um lirismo entretecido de variados tons do universo do afeto: amor, amizade, saudade, frustração, alegria, rebeldia ou tudo isso junto.

Depois que representantes da Liga Árabe, diplomatas da ONU, reuniões do Conselho de Segurança para tomada de decisões sobre a questão do conflito trágico sírio, depois que foram enviados monitores e observadores para verificarem em que estágio se encontra a população civil e em que pé de guerra se encontravam opositores ao regime ditatorial de Bashar Assad, no meio da cooperação internacional sempre corajosa e humanitária da Cruz Vermelha.

Depois que algumas medidas contra o ditador foram determinadas, como sanções econômicas, ameaças de intervenção militar que , até gora, não aconteceram, só restam palavras duras e apenas de efeito retórico da Secretária de Estado Americano, Hilary Clinton, de alguns países com declarações contrárias ao ditador mas insuficientes do ponto de vista pragmático de ação efetiva e firme contra um governo assassino que, ao que tudo indica, ainda não deu sinal de provável rendição, e por isso sinaliza para uma continuidade no poder até a última gota de sangue derramado.

O Brasil, agora diplomaticamente sempre tímido na questão síria, não teve nenhuma contribuição de maior monta para tentar amenizar a situação de tragédia da Síria. Nossa diplomacia está sendo pois, falha e omissa, assim como a de diversos países de influência internacional. Nem na terra nem nos céus da Síria, ainda que se esteja falando em zona de exclusão de espaço aéreo, não se vê nenhum ato de maior envergadura contra os genocidas sob o comando do ditador. Enquanto isso, as cidades sírias sofrem os bombardeios, as explosões diárias, as centenas de pessoas, de lado a lado do conflito, continuam sendo dizimadas.

A Síria se tornou uma terra arrasada, entregue ao abandono de dois blocos de concidadão que se matam e se devoram com unhas e dentes, não respeitando mais nem as convenções de guerra, os tratados internacionais contra crimes, de parte a parte, dessa natureza. Cidades como Allepo, Damasco, entre outras, só fedem a cadáveres e a pólvora. Os mortos não são mais tomados em consideração pela comunidade internacional , no caso, o Conselho de Segurança da ONU, dependente de países, Rússia e China,  os quais  não somam os dois votos  que faltam para constituírem maioria a fim de a instituição poder tomar medidas sérias contra o conflito que já perdura por quase dois anos. Os mortos não mais são considerados, viraram parte dos espaços físicos, das construções, da fisionomia das cidades alvejadas constantemente.
Se, no plano da existência material, o ser humano é o primeiro é fator determinante de preservação e de proteção da humanidade, e se essa premissa não está sendo praticamente mais levada em conta, é porque a civilização está perdendo seus parâmetros de sanidade, de respeito e de compaixão . Um mundo como esse não tem sentido, já que a pessoa humana foi posta na última escala de valores individuais. Destruição, destruição. Essa é a única imagem que podemos ter agora da sociedade síria. Não é possível que os países que defenderam  o mundo contra o nazismo e outras crimes da Humanidade não abram os olhos para a tragédia da Síria.

Não só de ameaças, de palavras de efeito em reuniões da ONU vivem as nações oprimidas. Sabemos todos que a situação econômico-financeira dos países adiantados vai mal e, em alguns, bem mal..

Sabemos que os EUA estão mais é pensando na conquista do poder presidencial, e bem assim outras nações. Olhemos pela Síria e pelos seus inocentes mortos, pelos refugiados que, tendo perdido tudo, se encontram sob a proteção de países vizinhos que os acolheram temporariamente. Nenhuma nação do mundo merece a desistência, o lavar as mãos, a omissão indecorosa de socorrer essa sequência diária de mortos e esquecidos.As guerras são uma espécie de Holocausto entre etnias, mas ainda mais ignominiosa entre compatriotas. A guerra civil – oh, como foi difícil assim ser classificado o conflito sírio pelos organismos que se dizem protetores da segurança da paz mundial!

Já, ab initio, era uma realidade a olhos vistos que os sírios começavam uma guerra civil. A ONU, contudo, com aquela conhecida maneira de “colocar panos quentes"  no que não afeta mais de perto os seus interesses político-ideológicos mais prementes, atua apenas com discursos  e negociações  que não surtem nenhum efeito. Não passam de  protocolos  diplomáticos e de apertos de mãos. De tanto permanecerem com medidas fracamente paliativas com respeito à Síria e à posição genocida do seu ditador, as mortes de inocentes civis se foram amontoando geometricamente sem que nenhuma decisão conclusiva fosse posta em ação. Diplomacia capenga, com passo de tartaruga, não dá certo, não intimida o inimigo. Ao contrário, o estimula a fortalecer seus objetivos beligerantes e destrutivos, arrasando países e civilizações, vidas e sonhos, felicidade e paz. Tenham pena da Síria e de outras nações oprimidas, sem liberdade, sem paz, sem alimento e sem perspectivas. Sejamos simplesmente humanos. Com esse sentimento apenas já teríamos evitado inúmeras tragédias de perdas de vidas nesse desencontrado planeta Terra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário