sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um poema de Edna St Vincent Millay (1892-1950)*

On hearing a symphony of Beethoven



Sweet sounds, oh, beautiful music, do not cease!
Reject me not into the world again.
With you alone is excellence and peace,
Mankind made plausible, his purpose plain.

Enchanted in your air benign and shrewd,
With limbs a-sprawl and empty faces pale,
The spiteful and the stingy and the rude
Sleep like the scullions in the fairy-tale.

This moment is the best the world can give:
The tranquil blossom on the tortured stem.
Reject me not, sweet sounds! Oh, let me live,
Till Doom espy my towers and scatter them

A city spell-bound under the aging sun.
Music my rampart, an d my only one.


Quando ouço uma sinfonia de Beethoven


Maviosos sons, não parem - deslumbre de música,
Não me abandonem outra vez no mundo
Nestes sons só existem paz e magnitude,
A humanidade, plausível, claro, o seu objetivo.

Com o seu ar benigno e fino encantado,
Com membros espraiados e rostos pálidos e vazios,
O rancoroso, e o avaro e o grosseiro
Dormem qual lavadores de pratos em contos de fadas.

Esta é a melhor hora em que doar-se pode o mundo.
No caule atormentado o tranquilo desabrochar.
Maviosos ritmos, não me abandonem! Deixem-me viver.
Até que minhas torres a Morte vislumbre e as espalhe,

Sob o sol envelhecendo, uma cidade fascinada.
A música, minha salvação, e nada mais.

(Trad. de Cunha e Silva Filho)


Leitor: Dedico esta tradução aos que morreram no desabamento dos três prédios da Rua Treze de maio, Centro do Rio de Janeiro, neste final de janeiro de 2012.

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