Cunha e Silva Filho
Nem é preciso ser economista ou cientista
político para entender a situação ambígua e penumbrosa
da realidade nacional. Aqueles dois especialistas, o mais das vezes, antes complicam do que informam claramente o que se
passa no país
chamado Brasil. Inclusive, assim
fazendo, não falam ao povo na linguagem que este
possa compreender. Usam, em geral,
um discurso técnico, no qual a
subjetividade (tão por vezes fundamental
na comunicação na relações humanas) cede
lugar proeminente à neutralidade e frieza dos pontos de vista político-ideológicos. O que lhes importa, sobretudo
para os economistas, são as equações, números,
cálculos e estatísticas. A felicidade de uma Nação não se mede pela
bitola da riqueza de poucos em
detrimento da desigualdade
da maioria. A felicidade de uma país
é consequência de um governo
regido pela ética e pelo bem-estar
coletivo. Não pelas recorrentes e cínicas falcatruas
de políticos nem pela impunidade,
nem pela propaganda milionária, usando dinheiro
do contribuinte, enganadora e lesiva
à sociedade.
Sou da área de Letras e com muito
orgulho porque, ao me decidir sobre o
que pretendia da vida, já sabia que, a despeito de todos os
grandes óbices encontrados no
próprio campo dos estudos literários, no meio literário, tanto dentro dos muros
acadêmicos quanto na vida cá fora, no cotidiano brasileiro, só me sentiria feliz e relativamente realizado. Esta nunca será plena e tal
raciocínio se estende ao ser
humano em geral.
Por essas premissas é que costumo ouvir a voz das pessoas de diferentes níveis de escolaridade, as conversas com um e outro, em lugares diversos:
supermercados, bancos, filas,
o somatório das informações da imprensa, editorais, artigos de bons colunistas e cronistas, programas televisivos, entrevistas, os papos com
conhecidos e amigos e, last but
not least, a minha longa experiência docente. Ah, faltou outra aliada para o entendimento do meu país:
a literatura brasileira em todos os gêneros,
as leituras em outras áreas do
conhecimento humano e o que aprendi com o passar dos anos.
Equipado com todo esse background, me sinto
preparado a enfrentar os
debates sobre questões
cruciais e emitir minhas opiniões
sobre temas que me chamam
a atenção. Opiniões que podem
ser divergentes para muita gente, porém
que refletem o meu jeito de
ver e entender o que me cerca social, politica e
culturalmente.
Desta maneira, não estou
feliz com o que ocorre com o atual governo federal nem com os governos
mais recentes, em muitos aspectos desastrosos ainda que aclamados por tanta gente letrada e de bom caráter, alguns até amigos.
A
maior pendência(pândega?) política atual é a tal reforma
previdenciária. Diante do tema, me pergunto: “qual foi o fator
determinante para que essa reforma
se tornasse assim tão vital
ao país? Não seria mais acertado e urgente se responder por que
o Brasil chegou a essa
situação de desespero financeiro?
Me respondam, então, os políticos. Por que há uns 15anos não se fez
nada para deixar que o problema
de ajuste fiscal chegasse ao nível supostamente ameaçador?
O governo
Temer quer, por força
de compra de votos de
parlamentares sem espírito
público, que somar votos
suficientes de partidos aliados a fim de
que a reforma da previdência seja aprovada? Não seria o caso de se indagar
por que governos recentes
seguidamente gastaram
perdulariamente o que não podiam e, agora,
vêm posar de salvadores de um país
que maltrata a sociedade e principalmente
os mais
desafortunados? Temos nós como
povo que pagar por toda a ilícita gastança rabelaisiana, sobretudo do Executivo e Legislativo. Não, Sr.Temer, não é assim que a banda toca. Não me venha afirmar
que o funcionalismo federal tenha que
pagar pelo pato das mordomias nababescas
que o
governo federal usufrui com voracidade. Há
limites, Presidente, para tudo, até para o cinismo que pratica às
escâncaras e sem nenhum constrangimento de parlamentares.
O fato de o Sr. determinar,
através do frio e calculista atual
Ministro da Fazenda, o congelamento dos salários dos funcionalismo por um ano ou dois, além de injusto é perverso tendo em vista que o custo de
vida tem aumentado sem dó
e maltratado o bolso do barnabé. Veja
que o seu governo, assim como
outros que o precederam, determina, pela agências federais, o constante e alto aumento dos remédios,
dos planos de saúde, dos vorazes impostos embutidos na compra de qualquer item de produtos vendidos, das tarifas diversas (gasolina, gás,
etc.). Isso, no mínimo, é outra maldade de seu
governo.
Tudo, no comércio, na indústria e em
outros setores de negócios está
aumentando de preço. Enquanto
isso, é forçoso reiterar, os salários dos servidores federais, combinado com os
estaduais e municipais, permanecem imobilizados.
Isso é uma insensatez.
Por outro lado, na televisão pipocam
as mentiras governamentais gastas a peso de ouro, tão nocivas
e inoperantes quanto as chamadas
propagandas eleitorais obrigatórias com seus discursos demagógicos
e que não mais convencem espectadores conscientes.
O bem-estar dos palacianos não é o da
população miserável deste país
com futuro sempre adiado. Brasília politicamente deu as
costas para as vicissitudes por que passa o
nosso povo. Pagará caro por isso.
Estejam certos os governantes do país de que “Água
mole em pedra dura tanto bate até que
fura.” As eleições de 2018, de alguma forma,
mostrarão a esses políticos que o pais com a Internet e as redes sociais,
com os vídeos
viralizando pelo mundo afora,
mostrando como se comportam governantes, ministros, deputados, senadores, prefeitos e vereadores
é outro e menos ingênuo. Os
eleitores serão mais cautelosos, pensaram
duas ou mais vezes antes de darem
o voto e é nessa fase de
corrida aos mandatos que a porca
torcerá o rabo. Quem viver, verá.
A voz do povo – diz a velha expressão - é a voz de Deus; todavia, no caso brasileiro, tem sido, infelizmente, a voz de um presidente denunciado pela Polícia Federal e Ministério Público. O Sr. Temer quer ficar na História brasileira como o "salvador da Previdência Social" com um séquito de bondosos ministros, todos eles amigos do povo...
A voz do povo – diz a velha expressão - é a voz de Deus; todavia, no caso brasileiro, tem sido, infelizmente, a voz de um presidente denunciado pela Polícia Federal e Ministério Público. O Sr. Temer quer ficar na História brasileira como o "salvador da Previdência Social" com um séquito de bondosos ministros, todos eles amigos do povo...
Excelente texto! Pela clareza das ideias, pela força expressiva dos conteúdos veiculados e por nos fazer pensar com bastante seriedade sobre o que anda acontecendo em nosso país. Vou tomar a liberdade de lançar mão desse texto para trabalhar em sala de aula. Abraços, Maria Emília Cruz Tôrres.
ResponderExcluirObrigado, minha ilustre Professora Maria Emília Cruz, de quem tive o prazer e o privilégio de conhecer nos anos 1970 , na Faculdade de Letras. Quanta saudade! V. sabe, Maria Emília, que, no meu livro mais recente, de título "Apenas memórias" (2017), a sua pessoa mereceu um pequeno comentário de saudade que lhe fiz. Ainda hoje tenho um livro seu, "A criação literária", de Massaud Moisés, São Paulo: Editora Melhoramentos,2. ed , revista., s.d. Inclusvie na página incial há seu nome carimbado: Maria Emilia Cruz. Se V. assim o desejar, lhe mandarei de volta após tantos anos. Não o devolvi, naquela época que me emprestou, porque não tive a oportunidade de encontrá-la mais. Fico felicíssimo e mais ainda honrado em saber que o antigo colega e - permita-me dizer - amigo, lhe servirá de motivação a uma aula sua, ilustre professora e linguista que é. Abraços do colega e amigo Francisco da Cunha e Silva Filho.
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