Cunha e Silva Filho
Por mais que não deseje voltar ao tema, o dever de
cidadão brasileiro fala mais alto e é
por isso que volto à tona discutindo
a violência generalizada no país,
não só nas megalópoles Rio e São Paulo, como também nas outras capitais e mesmo no interior. O meu afastamento da questão não significa que esteja pacífico em relação a ela.
Ao contrário, tenho
acompanhado pelos canais de TV e
pelos jornais o noticiário da criminalidade. Ela se alojou no seio da
sociedade indefesa, abandonada pelas autoridades de segurança. Até parece que esse mal
instalado serve a interesses escusos, já que não atacando
a criminalidade brasileira, equivale a cooptá-la do ponto de vista da solução
do problema.
Continuam a se multiplicar os casos de violência Ela penetra em
todos os setores da vida em sociedade:
nos lares, na rua, na indústria,
no comércio, nos serviços diversos, nas padarias, nos shoppings, nos bancos – todos esses
espaços são alvos
de bandidos à cata do
dinheiro fácil acobertado pela infame
impunidade e descaso
dos órgãos de repressão
policial, dos departamentos de segurança,
do Ministério da Justiça. Tenho a
impressão às vezes de que o país vive um
período de longa
treva fatídica de alheamento
do governo federal para com
a questão da criminalidade. Mais ainda,
tenho a impressão de que há
um vazio
de governança no Brasil que não
se restringe tão-somente à
discussão ora levantada neste artigo. Esse vazio se denomina
falta de comando, de vontade política para cuidar profundamente
da segurança do povo brasileiro.
Não é possível que
vozes de homens sérios deste país sucumbam
à passividade, à estagnação no
tocante a pôr esse quesito em evidência e como um dos
maiores problemas que o país
deve enfrentar.
Será que não se deram ainda conta de que
estão matando nosso
jovens, nossas crianças, nosso adultos, nosso velhos entregues à
própria sorte e vivendo sob um estado de terror que se está banalizando?
Onde estão os órgãos mais decisivos
da Justiça Brasileira que não
se debruçam de vez sobre
as vítimas da delinquência, dos homicídios diuturnos, dos assaltos
a bancos e a outros lugares - reitero -, a ponto de não mais
a população acreditar que somos
uma nação relativamente desenvolvida
e que, por esta razão,
não deveria estar vivendo um clima
catastrófico de verdadeiro genocídio de suas população
indefesa?
Os
senhores do poder não se pejam
de que a imagem do país está cada vez mais desgastada diante dos olhos de países desenvolvidos, seja que forma de governo tenham?
Isso não
acontece na China, no Japão, nos Estados
Unidos, na Suécia, na Suíça, até em Cuba ou na Rússia? E aqui
não estamos em guerra civil, não
sofremos do terrorismo islâmico,
não somos bombardeados por aviões
não-tripulados, não sofremos uma intervenção de um país estrangeiro, nem fomos invadidos
pela tristeza dos imigrantes vindos
da Síria e de outras regiões do mundo em
guerras civis e outros tipos de
sofrimentos.
O que nos falta
para iniciarmos uma combate sem trégua à criminalidade no país? Vontade política, decisões firmes de um
governo federal que deu as costas
para essa questão vital e inadiável.
O povo brasileiro
não dispõe de segurança armada
particular para poder ir às ruas
sem medo. A Presidente da República tem sua segurança ao seu lado, os
governadores, os prefeitos, os ricos, os
ministros, os deputados e senadores, os desembargadores, juízes, idem. E a
patuleia, que tem que
enfrentar o metrô, os ônibus,
os trens, o dia-a-dia com todos os
altos riscos de vida, que tem
de enfrentar os centros das cidades
e as periferias? Quem vai socorrer toda essa gente de classes desfavorecidas e de classe média?
Deixem só de
lengalenga tentando
descobrir quem é mais desonesto na politica nacional e levantem os
olhos de forma patriótica para salvar a sociedade
de malfeitores, de delinquentes
armados e protegidos pelos direitos humanos,
de assaltantes que matam sem
misericórdia os cidadão trabalhadores
de bem deste país
desmoralizado pela escândalos
de roubalheiras de big
shots de parte das grandes
empreiteiras mancomunados com a
setor público do Estado
Brasileiro.
Criem leis que salvem
os brasileiros abandonados
pela segurança pública
incompetente. Revejam a maioridade
penal nos casos de criminosos, de maior
ou de menor, que estão assassinando
o nosso povo de forma brutal caracterizando crimes
hediondos.
Se os governantes
ou os responsáveis
pelas penalidades infligidas a facínoras incorrigíveis, verdadeiros monstros saídos
do Hades, não alteram o Código
Penal em alguns quesitos
importantes, se acreditam que a culpa de delinquentes se deve à situação social do povo, à pobreza, às desigualdades, por que não lutam para
combater os governos que ainda
mantêm populações vivendo em verdadeiros guetos, em comunidades lideradas
por traficantes e bandidos
armados com poder de
destruição igual ou superior aos das Polícias
Militar, Civil, Polícia Federal e
Forças Armadas?
Se todos os pobres em conjunto fossem
bandidos, seria a derrocada
do país, porquanto não haveria
como resistir às numerosas
formações de gangues, de máfias, de milícias e de outros grupos de fora da lei. Não, ao criminalidade não advém somente do fator
pobreza.
Ela se origina
em outras fontes
realimentadoras do crime: a educação
pública sucateada, o alastramento do uso das drogas, a co-participação dos consumidores
de drogas das classes
privilegiadas que sustentam o
grosso da traficância, a falta
de vigilância nas nossas
fronteiras com a facilitação da entrada de armas pesadas
em solo brasileiro, a parte
podre da segurança pública.
Estes e outros
são elementos determinantes do recrudescimento da escalada sem-fim da
criminalidade no país. No entanto,
o que mais fica evidente como
solução a médio prazo é o
investi mento maciço na educação
das crianças e adolescentes, o
real aumento de emprego e de maior renda para a média da população
ativa, a melhoria de nossa saúde
pública, dos nossos transportes
de massa, de campanhas direcionadas à prática de esportes e de áreas de
lazer nas comunidades, de possibilidades de acesso aos bens
imateriais instilando nos jovens a fruição das produções artísticas: dança, teatro,
literatura.
Creio que só na possibilidade de propiciar às crianças e jovens carentes os benefícios mencionados se poderia mudar substancialmente o quadro da miséria espiritual
e da tentação dos jovens para o mundo do crime e da dissolução dos costumes. Educação e
cultura são o binômio para
redirecionar esse país manchado
pela impunidade, pelo descaso
público e pelo mau exemplo
crônico – não é só de hoje - que nos
vem do topo da pirâmide social.
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