domingo, 8 de novembro de 2015

Uma questão recorrente







                                      Cunha  e Silva Filho



Por mais que não deseje voltar ao tema, o dever de cidadão brasileiro  fala mais alto e é por isso que volto  à tona   discutindo  a violência  generalizada no país, não só nas megalópoles Rio e São Paulo, como também   nas outras capitais  e mesmo no interior. O meu afastamento  da questão não significa que esteja  pacífico em relação a ela.
Ao contrário, tenho  acompanhado pelos canais de  TV e pelos jornais o noticiário da criminalidade. Ela se alojou no  seio da sociedade  indefesa, abandonada  pelas autoridades  de segurança. Até parece que  esse mal  instalado  serve a interesses   escusos, já que  não atacando  a criminalidade  brasileira,  equivale a cooptá-la  do ponto de vista   da solução  do problema.
Continuam a se multiplicar os casos de  violência Ela  penetra em  todos os setores   da vida em sociedade: nos lares,  na rua,  na indústria,  no comércio, nos serviços diversos, nas padarias,  nos shoppings,  nos bancos – todos  esses  espaços  são  alvos  de  bandidos à cata do dinheiro  fácil acobertado  pela infame   impunidade   e   descaso   dos órgãos  de repressão policial,  dos departamentos  de segurança,  do Ministério da  Justiça. Tenho a impressão às vezes  de que  o país vive um período  de  longa  treva fatídica  de  alheamento  do governo  federal  para com  a questão  da criminalidade.  Mais ainda,  tenho   a impressão de que há um  vazio  de governança  no Brasil que não se restringe tão-somente  à discussão   ora levantada  neste artigo. Esse vazio  se denomina  falta de comando,  de vontade  política para cuidar  profundamente  da segurança  do povo brasileiro.
Não é possível que  vozes  de homens  sérios deste país  sucumbam  à passividade,  à estagnação no tocante  a   pôr esse quesito  em evidência e como  um  dos maiores  problemas que   o país  deve enfrentar.
Será que não se deram ainda conta  de que  estão  matando  nosso  jovens,  nossas crianças, nosso adultos,  nosso velhos entregues à própria sorte e vivendo   sob  um estado de terror que se está banalizando?
       Onde estão os órgãos mais  decisivos  da Justiça  Brasileira que  não  se  debruçam  de vez sobre  as vítimas  da  delinquência,   dos homicídios  diuturnos,  dos assaltos  a bancos e a outros  lugares -  reitero -,  a ponto  de   não mais  a população acreditar  que  somos  uma  nação  relativamente   desenvolvida  e que,  por esta   razão,   não deveria  estar vivendo  um clima  catastrófico  de  verdadeiro genocídio de suas  população  indefesa?
          Os senhores   do poder  não se pejam  de que  a imagem do país  está cada vez mais desgastada diante  dos olhos de países desenvolvidos,  seja que forma  de governo tenham?
 Isso não acontece na China,  no Japão, nos Estados Unidos,  na Suécia,  na Suíça, até em Cuba ou na Rússia? E aqui não estamos em guerra civil,  não sofremos  do terrorismo    islâmico,  não somos bombardeados  por aviões não-tripulados, não sofremos uma intervenção de um país  estrangeiro, nem fomos    invadidos  pela  tristeza  dos imigrantes  vindos  da Síria e de outras   regiões  do mundo em  guerras   civis e outros tipos  de  sofrimentos.   
O que nos falta  para   iniciarmos  uma combate sem trégua  à criminalidade  no país? Vontade política,   decisões firmes  de um  governo  federal que  deu as costas  para essa questão  vital  e inadiável.
O povo brasileiro  não dispõe de segurança armada  particular   para poder  ir às ruas   sem medo. A Presidente da República tem sua segurança ao seu lado, os governadores, os prefeitos, os  ricos, os ministros, os deputados e senadores, os desembargadores, juízes,  idem. E a  patuleia,  que tem que enfrentar  o metrô,  os ônibus,    os trens,  o dia-a-dia  com todos os  altos riscos de vida,    que tem de enfrentar   os centros  das cidades  e as periferias? Quem vai socorrer toda essa gente de  classes desfavorecidas e de classe média?
Deixem só de  lengalenga  tentando descobrir  quem é mais   desonesto na politica nacional e levantem os olhos   de forma  patriótica para salvar  a sociedade  de malfeitores, de  delinquentes armados e  protegidos  pelos direitos  humanos,  de assaltantes que matam   sem misericórdia  os cidadão  trabalhadores  de bem deste país   desmoralizado pela   escândalos  de roubalheiras  de  big shots de parte das grandes empreiteiras   mancomunados com  a  setor  público  do Estado  Brasileiro.
Criem leis que salvem  os  brasileiros   abandonados  pela segurança   pública incompetente.  Revejam  a maioridade  penal nos casos de  criminosos,  de maior  ou de menor, que  estão   assassinando  o nosso  povo de forma brutal  caracterizando   crimes  hediondos.
Se os governantes  ou  os  responsáveis  pelas penalidades  infligidas  a  facínoras  incorrigíveis, verdadeiros monstros  saídos  do Hades, não  alteram   o Código  Penal  em alguns  quesitos   importantes,   se  acreditam que a culpa de   delinquentes   se deve à situação social   do povo, à pobreza,   às desigualdades,  por que não lutam  para   combater  os governos que ainda mantêm  populações   vivendo em verdadeiros  guetos, em comunidades  lideradas  por  traficantes e   bandidos   armados  com   poder de   destruição   igual  ou superior aos das  Polícias  Militar, Civil, Polícia  Federal e Forças Armadas?
Se todos os pobres em conjunto  fossem  bandidos,  seria  a derrocada  do país,  porquanto  não haveria  como   resistir  às numerosas  formações de gangues, de máfias, de milícias  e de outros grupos  de fora da lei. Não,  ao criminalidade  não advém somente  do fator  pobreza.
 Ela se  origina  em outras   fontes realimentadoras  do crime: a educação pública   sucateada, o alastramento  do uso das drogas,   a co-participação dos  consumidores   de drogas  das classes privilegiadas  que sustentam o grosso   da traficância,  a falta  de  vigilância  nas nossas  fronteiras  com   a facilitação da entrada de armas  pesadas  em solo  brasileiro, a parte podre  da segurança   pública.
Estes e outros  são   elementos  determinantes   do recrudescimento da escalada sem-fim da criminalidade  no país.  No entanto,  o que  mais fica evidente  como    solução a médio  prazo  é  o investi mento   maciço  na educação  das crianças e adolescentes,  o real   aumento de emprego  e de maior renda  para a média da  população  ativa, a melhoria  de nossa saúde pública,  dos nossos  transportes  de massa,   de campanhas   direcionadas   à prática de esportes e de áreas de lazer  nas comunidades,  de possibilidades de acesso aos bens imateriais  instilando nos  jovens a fruição  das produções artísticas: dança,  teatro,   literatura.

Creio  que só  na possibilidade de propiciar  às crianças e jovens carentes os benefícios mencionados  se poderia  mudar substancialmente    o quadro da miséria  espiritual  e da   tentação dos jovens  para o mundo do crime  e da dissolução dos costumes. Educação e cultura são o binômio para  redirecionar  esse país   manchado  pela  impunidade,  pelo descaso   público  e pelo mau exemplo crônico – não é só de hoje -   que nos vem do topo da pirâmide social.     

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