Cunha e Silva Filho
Procurando algumas obras a fim de completar a bibliografia de um prefácio que acabo de escrever co-adjuvando a autora, me senti impelido a lhes apresentar meus amigos, colegas e leitores em geral , uma questão de sociologia da literatura e até mais de vida literária.
Para o festejado e amado escritor Monteiro Lobato (18812-1948), a vida literária, nos seus bastidores, à boca pequena, não passa do que afirmei em meu livro "As ideias no tempo" sobre o que pensava o autor de" Urupês" (1918)).
Permitam-me uma autocitação: “ O maior pecado que cometemos é, sem dúvida, o desejo de pensar que, no domínio intelectual - aqui pensamos nas palavras de Monteiro Lobato – coexistam só bondades e honestidade, pureza e autenticidade.”
Segue adiante, a organização da bibliografia do livro a ser lançado. Não lhes vou adiantar o tema nem o nome do autor para deixá-los com aquele gostinho de curiosidade em saber do que fala o livro em questão.
Provavelmente, alguns leitores possam até dar um palpite, tentar adivinhar ou mesmo estranhar o ocultamento do livro a ser ainda lançado. Tomara que o seja e não demore muito a data do lançamento.
No entanto, o motivo deste artigo é comentar alguns pecado ou pecadilhos de quem prepara, por exemplo, obras de historiografia literária e tenha que decidir o número de autores que, no juízo do autor, nesse gênero, nelas constarão e serão objetos de análises ainda que sejam despiciendas. Seguem abaixo, os autores e respectivas obras constitutivas da bibliografia, assim como alguns reparos meus sobre os acima-citados “pecados ou pecadilho” da bibliografia do livro a ser lançado:
Acervos do Arquivo de Cunha e Silva e entrevistas com os políticos Manoel do Bar (falecido), João Almeida (falecido), Emília da Paixão ( carinhosamente apelidada de Bizinha (falecida), Chico Câmara, médico Agenor Lira. Depoimentos dos entrevistados pela professora de história Euzeni Dantas (Patrimônio Histórico ) e Ronaldo Moura, Museus e Carnavais de Amarante..
Boletim Informativo, Arquivos de Amarante. s/d.
BRASIL, Assis. A poesia piauiense no século XX. Antologia. Coleção Poesia Brasileira. Organização introdução e notas de Assis Brasil. Rio de Janeiro:: Imago Ed.;Teresina, PI.: Fundação cultural Monsenhor Chaves, 1995, 328 p. Obra de importância capital para o leitor ter uma visão ampla de autores piauienses, principalmente, pela exposição clara e criteriosa de comentários críticos.
CANDEIRA FILHO, Alcenor. Aspectos da literatura piauiense. Teresina: Editora e Gráfica da UFPI, 1993, 131 p.
CASTELO BRANCO, Homero. Ecos de Amarante. Rio de Janeiro: Litteris Editora, 2001, 423 p.Ver p.310-316.
CASTRO, Nasi. Amarante – um pouco da história e da vida da cidade. Teresina: Projeto Petrônio Portella, 1986, 64 p. Introdução, sob o título “Amarante e a memória piauiense,” de M. Paulo Nunes, p. 3-4.
.......... Amarante, folclore e memória. 3 ed. Teresina: COMEPI, 2001. Reproduz Introdução de Dagoberto Carvalho Jr. e prefácio de Virgílio Queiroz.
Encontro Cultural em Amarante. Boletim informativo, 1985.
-------. Amarante, folclore e memória. Teresina: Projeto Petrônio Portella, 1994, 226 p. Introdução de Dagoberto Carvalho Jr. Prefácio de Virgílio Queiroz.
MOREIRA LIMA, Lourenço. A Coluna Prestes, marchas e combates. 3. Ed. São Paulo, SP.: Editora Alfa-Ômega.
MORAES, Herculano. Visão histórica da literatura piauiense. Rio de Janeir: Companhia Editora Americana, 1976;179 p. É um edição ainda bem esquemática, abrangendo mais informações biobibliográficas.
...........Visão histórica da literatura piauiense. 4. ed. em três volumes. 4. Ed.Teresina: H. M. Editor, 1997.
Essa novas edições já dão um passo bem mais amplo na questão de metodologia, de historiografia literária e de apreciações críticas pertinentes e originais.
Entretanto, nela são omissos escritores piauienses como Cunha e Silva Filho e outros. Silva Filho já havia publicado livro, talvez a primeira Dissertação de Mestrado escrita por um piauiense e que recebeu nota excelente da Banca Examinadora da Faculdade de Letras da UFRJ, em 1994, de título "Da Costa e Silva: uma leitura da saudade, uma análise pioneira na questão do eixo temático. Esse ensaio foi, posteriormente, publicado em livro, em 1966, pela Academia Piauiense de Letras em convênio com a Universidade Federal do Piauí(UFPI).
Desde 1963, aproximadamente, vinha publicando, em jornais de Teresina, artigos sobre literatura e outros temas e gêneros literários elogiados por intelectuais do Piauí, entre outros, do porte de A. Tito Filho (1924-1992) Darci Fontenele de Araújo (1916-1974), Jeremias A, P.Silva (Drumond). Entretanto, não obtive informação se ainda esse autor é vivo)),
MOURA, Clóvis. Argila da memória. São Paulo: Ed. Fulgor, 1963. Nesta obra, o poeta centraliza seu tema nos motivos suscitados pela cidade de Amarante. ............ Flauta de argila.- memória revisitada.Teresina: Gráfica Editora Júnior Ltda., 1992. Nesta obra, o autor, mais uma vez revisita, pela memória, a velha Amarante, o Piauí como um todo. Apresentação de M. Paulo Nunes
MOURA, Eleazar. Amarante antigo: alguns nomes e fatos. Gráfica Santa Maria, s. d.177 p, Inclui fotos. s/d.Ver Terceira Parte: Fatos e ocorrências do Amarante antig
NETO, Adrião Neto. Escritores piauienses de todos os tempos: dicionário biográfico Teresina: Halley S.A, 1995. 510 p.. 5211 fotos
o. Subseção 11: Educação e Cultura, p.111-113.Ver também, na Quarta Parte, a reprodução da Entrevista concedida ao Professor Cunha e Silva, à Revista Educação Hoje p. 125- 135.
SANTOS. Luís Alberto dos. Amarante,PI.(Personalidades e fotos marcantes). Teresina: Gráfica Ipanema, 2011.
TEIXEIRA PACHECO, José Luís Bizinha, o legado vivo da cultura de Amarante. Teresina, PI.: Gráfica Editora Uruçuí., 2014.
MOURA, Francisco Miguel de. Literatura do Piauí.(1859-1999). Teresina: Edição da Academia Piauiense de Letras/convênio com o Banco do Nordeste, 2001. 295 p.
----------.Literatura do Piauí. 2, ed,, revista, ampl. e atualizada.
Essa obra é bem superior à versão anterior (de Ovídio Saraiva aos nosso dias). A ótica metodológica é melhor do que as outras congêneres, excetuando, a meu ver, as análises e comentários do autor, quase sempre indo ao cerne do valor literário, maior ou menor, de escritores piauienses. É um bom instrumento de pesquisa para futuras gerações de estudiosos, historiadores de literatura e críticos literários.
Gosto do escritor Chico Miguel de Moura como poeta de valor e como crítico arguto num julgamento sem favor algum. É pena que o autor, não obstante a citação passim no volume, não me dedique uma só passagem comentando a minha obra de forma independente e particular como fazem os verbetes de dicionários de literatura, por exemplo, para citar o melhor no país, o de Afrânio Coutinho (1911-200)," Enciclopédia de literatura brasileira" (2001) em dois volumes.
Creio que sou um "outsider" porque não sou um figurão da política nacional nem um soba piauiense dessa mesma política. No entanto, modéstia à parte, fui sempre um ensaísta ou articulista me ocupando com vários escritores piauienses. Na adolescência, em jornal de Teresina, o primeiro escritor de ficção sobre quem escrevi, foi, se me lembro bem, o saudoso escritor J. Miguel de Matos (1923- ?), comentando a novela "Brás da Santina" (1953), seu livro de estreia. Era militar, autodidata, porém foi principalmente escritor de temas literários diversos, com alguns trabalhos muito bons. Tinha uma vocação para a crítica literária e foi um bom analista de autores piauienses.
Tendo eu já considerável produção (algumas inéditas) publicada em jornais e revistas piauienses e algumas obras editadas e, hoje, graças à Internet e ao meu Blog “As ideias no tempo,” ao site de jornalismo literário “Entretextos” dirigido pelo atuante escritor Dílson Lages e ao site internacional www.academia.edu.com. Atualmente, venho escrevendo para a Revista romena Oriozon Literar Contemporan,
Seria uma omissão de ordem técnica e historiográfica não merecer maior atenção em histórias literárias de autores piauienses. Quem quiser obter mais informações sobre o meu Curriculum Lattes ou o meu Curriculum vitae independente, terá que fazer por outros canais de comunicação virtual ou escrita.
Uma situação de natureza historiográfica me faz sentir fora da órbita dos escritores que fazem parte do sistema literário ou canônico da literatura produzida no Piauí.
Julgo que, da mesma maneira, se queixariam, por razões semelhantes, outros exemplos de autores piauienses de mérito. É lamentável essa omissão. É um deslize numa obra que se pretende acadêmica. Tal fato aconteceu igualmente com o meu pai (a historia aqui se repetiu de pai a filho) que, sendo um jornalista político doutrinador muito fecundo e brilhante, independente e corajoso, só mereceu uma pequena nota de rodapé de um autor piauiense num livro sobre a história da imprensa piauiense.
Meu pai, que tinha a veia de polemista e o modo sarcástico de fazer retratos hilariantes de personalidades políticas, ou não, com muito humor, verve burlesca e caricatural, pulverizando o êmulo, não deixou passar essa omissão involuntária, ou não, em brancas nuvens. Deu-lhe o troco em artigo contundente num jornal de Teresina.
TITO FILHO, A. Governadores do Piauí. 2. ed, Rio de Janeiro: Editora Arte Nova, 1975.
SILVA, CUNHA E. A experiência de quem viveu parte da história do Piaui. Entrevista concedida ao acadêmico (APL), escritor, professor e jornalista Cunha e Silva pela Revista Educação Hoje Ano III - nº 06 – Revista trimestral – 15/10/86, p. 17-22. Inclui fotos do escritor e jornalista político da época da entrevista.
SANTOS, Luís Alberto dos.(Bebeto). Amarante - Personalidades e fotos importantes.Tersina.PI.,: Gráfica Ipanema, 2011.
PACHECO. José Teixeira. Bizinha.o legado vivo da cultura de Amarante, ,2014.
SILVA FILHO, Cunha e. Da Costa e Silva: uma leitura da saudade. Prefácio da Profa. Dra. Gilda Salem Szklo, ensaísta, crítica literária e professora de literatura brasileira da UFRJ., Rio de Janeiro, 17 de junho de 1996.Teresina,PI: Academia Piauiense de Letras (APL)/Universidade Federal do Piauí (UFPI). 1966, 108 p.
SILVA, Da Costa e. Zodíaco (1917), In: _ Da Costa e Silva - Poesias completas. 1885/1985. 3ª ed. Rio de Janeiro, RJ.: Editora Nova Fronteira, em convênio com o Instituto Nacional do Livro e Fundação Nacional Pró-Memória Edição do Centenário (1885/1985), revista e anotada por Alberto da Costa e Silva. Ver Seção "Minha Terra" (p.170. Na sua generalidade, quase todo o conjunto da obra dacostiana metaforiza a cidade de Amarante.
SOUSA CASTRO, Olemar de. Minhas duas pátrias. Rio de Janeiro: Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2009 Ver o capítulo “Voltando a Amarante,” p. 53-64.
---------,Sob o sol poente.2.ed. ampliada. Rio de Janeiro: Câmara Brasileira de jovens Escritores, 2010.
...........Minhas duas pátrias. 2, ed, Rio de Janeiro, RJ.: Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2009.
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