domingo, 18 de novembro de 2018

NO FACEBOOK: ENTRE O COMENTÁRIO E O ARTIGO




                   

                                                                       Cunha e Silva Filho





             Habituado que fui, desde adolescente,  a escrever em jornais de Teresina,  mais  do que receber feedback  ou comentários por escrito do tipo dos  que  hoje se fazem,  sobretudo no  Facebook,  não ignoro o fato de que, nas redes sociais de  tempos  de intensas   e velocíssimas  virtualidades, ainda sinto um certo  incômodo  ou mal-estar com algumas reações  de usuários  intempestivas e nada civilizados. Vemo-nos  agora amiúde com uma desvantagem, a de sermos  por vezes alvos de comentários  desairosos,  repugnantes e pernósticos, partidos de qualquer  indivíduo desconhecido.     

          Ao passar  por aquela  antiga experiência de jornal que, de ordinário, é  mais  independente e muito menos exposto à  pluralidade de público-leitor, percebi um sinal  de iminentes ameaças e verifiquei  que,  nas redes sociais,   o alvo é mais vulnerável se não observarmos as devidas   precauções.                    

        Na experiência do Facebook,  rede social a que já me ajustei em alguns aspectos da comunicação  instantânea e ao mesmo  tempo efêmera, por umas  três  ou quatro vezes me defrontei com  pessoas,  por exemplo,  do universo acadêmico brasileiro que adentraram  a minha página do Facebook e tentaram me  desancar até  do ponto de vista  intelectual, ou seja,  perversa e gratuitamente, sem demonstrar o mínimo senso de ética profissional. Tal foi  o caso de um tal de  Pós-doutor Camilo de não sei das contas.

        Procurou me desqualificar   esse mentecapto  de Letras Falidas e Hipotecadas do invólucro  de conhecidos feudos universitários  desalojados de humanidade (máxime da vocação para as  Letras, campo da sensibilidade exigida pela própria condição de servidor das Letras)   e de respeito aos pares  que não se alinham às suas  preferências  e gostos   literatoides e teoricatras. Vade retro,  capadócio da contraliteratura  e dos sentimentos invertidos e avessos  do seu caráter   crapuloso de  docente do ensino superior   de um anônimo campus universitário dos rincões  baianos possa  exibir  

        A esse tipo de cafajestismo de “qualificado” professor de universidade pública, o meu repúdio  veemente e a minha  consciente constatação  de que não passa de um  mestre-escola de fancaria,  um mero copiador de  papel carbono  do mais abastardado  valor  moral e ético.

       O pior é  que um energúmeno desses anda praticando desmandos no domínio da Literatura e da Linguagem. Indivíduos desta laia somente merecem  o desprezo  e  os açoites devidos ao mau-caratismo do qual esse pulha perfila um paradigma de desrespeito  à sua própria classe. Diria dele como faria esse guru da alma humana, o chamado Bruxo do Cosme Velho, através da boca de um dos seus personagens: ”Que a terra lhe seja leve.”

           Depois dessa digressão que não podia silenciar, volto ao centro semântico  deste artigo. É preciso diferenciar  o comentário de um usuário-escritor de um artigo  por ele  escrito no   espaço de um  jornal,   revista,  livro.  O primeiro expressa apenas um reação intelectiva  espontânea, mas quase sempre  pouco densa;  o segundo,  é uma escrita de caso pensado, um vontade  de desenvolver com mais fundamento um determinado tema que necessite  de mais elevado   tratamento de linguagem e da maneira de aproximação do tema a ser abordado.  O comentário usualmente é feito  com menos rigor, mormente por ser  fruto da impulsividade de,  num átimo,  ser alinhavado no espaço vertiginoso   da página do Facebook. 

          Por outro lado, no tipo de escrita como é o comentário  feiciano, da mesma forma não se pode negligenciar certos princípios básicos de redação: correção gramatical (ortografia,  concordância, uso da crase, regência,   pontuação,  uso do hífen etc.),   cuidados com  a coesão e a coerência  textuais e, finalmente, revisar o que ficou  impresso antes  de clicar o “enter.”

          No artigo, o usuário da língua, ao se dispor  a escrever acerca  de um assunto relativo  à natureza de seu texto, deve observar com extremo cuidado  o seu repertório  de conhecimentos, a consulta  a fontes, a verificação  dos dados referenciais, o seu   estilo  de escrita, a contribuição pessoal  a ser incorporada  ao texto e uma maneira toda particular de captar a atenção do leitor e seduzi-lo a dar continuidade à leitura do seu texto.

         Portanto,  no comentário, a ênfase dever ser posta na página  virtual com elegância, apreço a quem se dirige o seu comentário, sem o vezo de sofomania tão  encontradiço   nas pessoas  pernósticas. Mais: respeito  à inteligência  alheia, sem o recurso abominável  de uma mente estiolada pela  ausência  de  ética  e de acato ao  pensamento alheio dissonante. Uma  outra boa dica ao usuário do Facebook: ao ser atacado verbalmente  por um conhecido ou  estranho, o primeiro passo deve ser o do bloqueio do intrigante e a sua eliminação  sumária  da lista  de amigos ou conhecidos.

      Essas ponderações que estou  fazendo aqui nasceram de experiências desastrosas por não haver selecionado  com critério as pessoas  que me  permiti serem  arroladas à minha  lista de amigos feicianos.Por não ter eu me acautelado a fazer essa seleção, por algumas vezes  me tornei vítima de maus usuários ou até mesmo   por usuários  que julguei serem  meus amigos. Com uns pouco encetei breves polêmicas que reusltaram no  aumento de desafetos que venho infelizmente   colhendo, até de conhecidos ou daqueles que se rotulavam meus amigos. Só com o sofrimento e a experiência, passamos a separar  cautelosamente o joio do trigo.

      Para finalizar este texto, eu diria que preferencialmente me sinto mais à vontade quando  escrevo meus artigos ou outros  tipos de textos improvisados inerentes ao comentário – uma espécie de composição escrita sob   o   calor da discussão desencadeada por um  primeira e ligeira leitura, ao contrário  do artigo, deliberadamente  amadurecido  e mais alicerçado  nas ideias  expendidas.

3 comentários:

  1. Caro Cunha,
    Quase fiquei com pena do falastrão que você desancou.
    Você praticou o que nós, piauienses, chamamos de "dar uma surra conversada", ou seja, enquanto você batia, ia explicando as razões pelas quais o fazia.
    Você deu de rijo no falante, para parafrasear o poeta Luís Gama.
    Na realidade, você o reduziu a extrato de coisa nenhuma.
    Abraço,
    Elmar

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  2. Mandei-lhe uma resposta sobre esse incidente por e-mail, Veja, por gentileza. Abraços do amigo
    Cunha.

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