segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

SUBJETIVISMO E INTROSPECÇÃO: O BRASIL DE HOJE



                           CUNHA E SILVA FILHO

         Se me posicionar  de forma  não acadêmica,  não  distanciada  e até apolítica,  ou seja,  descambando para a subjetividade,  talvez me seja por enquanto  mais  cômodo, mas nunca menos   próximo do que pretendo  neste artigo. Às vezes,  um desabafo  vale  por  cem páginas de um ensaio, assim como se diz que, na ficção,  existam mais  verdades  sobre  um pais do que  as notícias  frias de um jornal.
        Se, por exemplo,  em diálogos  abertos  entre duas pessoas que se estimam, ainda  que com  ideias  bem divergentes,  pode-se  encontrar  a expressão  de hipóteses  muito   boas e caminhos  para soluções de  agudíssimos  problemas nacionais, é bem provável  que   pudéssemos   viver  melhor  aqui no país.
       Um governo  novo pressupõe trazer  novas e melhores  soluções desde que essas  não se afastem  um palmo  da dignidade  pública  e  do enfrentamento  dos  problemas   espinhosos. E o Brasil  figura nesta situação em que um Presidente já tomou  posse, e situações  reprováveis  já se mostrem   contrárias  aos pressupostos   de mudanças para   melhor e num sentido de resgate de valores  autênticos  nos setores  mais  vitais para que um país seja sério  nas suas propostas  de campanha eleitoral.
       No entanto,  medidas  de mudanças  substanciais que implicam  profundamente  na sorte  de gerações mais próximas já se estão desenhando, ou melhor, já estão  desenhadas para o bem ou para  o mal, visto que  nenhum  economista  tem a bola de cristal  para  vaticinar  como poderiam  fazer alguns  profetas  do Antigo  Testamento ou  certos  poetas,  inclusive nacionais,  o que  objetivamente  vai    ocorrer daqui a uma década ou mais tendo em vista que  a conjuntura mundial, no campo  da paz,   não é das melhores e  problemas vários   podem ser  vislumbrados. A Economia não é uma ciência exata, semelha muitas vezes,  a um   previsão  meteorológica  que nos pode   surpreender  em seus resultados.
    Ao  elaborar-se um  plano, diga-se,  da Previdência  Social,   a equipe de técnicos  e especialistas  na área encarregada  dessa tarefa  árdua  e complexa,  me parece  que está  corretíssima  e  laborando  em terreno  por demais  afeto  aos seus conhecimentos  e epistemologias, entretanto,  carece  assinalar  como   fundamental  nessa tarefa  não somente  permanecer  no seu território de ação mas  não esquecer   as razões   profundas que atrás  das precárias e alegadas insuficiências crescentes de recursos  pecuniários  desencadearam  a “tragédia”  da Previdência brasileira.
       Os brasileiros somos   um povo  com memória  curta  e  mais chegado a   pândegas. Esquecem,  complacentes,  que,  nos últimos governos federais,    tem havido um dado inquestionável que mexe com as finanças  gerais da República:  os faraônicos e sucessivos  gastos  públicos   com  mordomais, regabofes, viagens presidenciais suntuosas  ao exterior, acompanhadas de  régias  comitivas  presidenciais, congressistas,     ao exterior,  em que os   famigerados  cartões  corporativos   corriam soltos  e ledos nas mãos dos altos escalões palacianos.
    E, last but not least,  há um dado adicional   - um grande vilão – acoplado  àquela gastança pantagruélica   sem medidas  nem freios – que é a ruptura da maior  barragem  nacional: os  pustulentos  e criminosos rejetos tsunâmicos da corrupção tanto aberta quanto  sub-reptícia,  cancro  nacional   surrupiador contumaz    dos cofres públicos   de braços dados com  a  geral e irrestrita  avidez    de capitalistas  de macroempresas  a serviço  do  governo federal e até, todos sabemos, com escritórios  mantidos  a fim de  alimentarem a  politicalha   com  a prática  insidiosa  da propina  para dentro do Planalto e para as matrizes das macropempresas tão  conhecidas após as exitosas  investigações  da Polícia Federal.
     Ora, senhores, com esse desperdício vultoso e recorrente de  dilapidadores dos Erário Público  não existe país que aguente e resista  como se fora um  navio  posto a pique   em decorrência de um comandante    inescrupuloso e falaz. O desperdício de verbas governamentais em   setores  vitais ao  bom funcionamento da máquina administrativa  dos governos federal,  estaduais e municipais, quer por peculatos, quer  por  má gerência, é outro  fator  poderoso  da sangria  financeira que tomou conta  da   res publica.
     Governadores  inescrupulosos,  como o Sérgio  Cabral e ou outros destruíram a estrutura  de seus governos, mormente o  primeiro,   com  consequências perversas aos seus habitantes e aos servidores   estaduais e até municipais.  É como se, de repente,  o país acordasse  com  a falência  geral  dos seus governos    apontando para o suposto  mastodonte,  que é a Previdência  Social – o maior  bode expiatório  -      escolhido  pelo  governo federal  para  redimir  todas as gastanças faraônicas, os “malfeitos”  dos  políticos e governantes   dessas plagas brasílicas.
      Para concluir, não é a Previdência Social o maior  problema  enfrentado  pelo país. Os maiores  são a desastrada   política de segurança  pública e seus efeitos   no incremento da   violência  sem  limites,  a educação  pública  em decadência, os transporte  de massa que maltratam diariamente milhões de usuários pelo  país,  sobretudo no eixo Rio–São Paulo,  e a saúde desbaratada    pela incompetência  e  desídia  das autoridades   nos três setores  públicos. É nessas  razões abissais que vejo    que os responsáveis pelas  mudanças na Previdência  primeiro  deviam cuidadosamente  meditar e  levar em conta, não o caminho  inverso  da frieza  e objetividade  dos técnicos e economistas  de plantão, mas  a frágil  realidade   de um sociedade  em agonia.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

RESPOSTA A UM TEXTO DO ESCRITOR JOÃO PINTO: O CASO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

                                                                                CUNHA E SILVA FILHO
       Triste país este, João Pinto, que propõe uma nova Previdência Social aumentando os anos de trabalho e,como V.bem assinala, aumentando alíquotas de descontos nos salário já baixos.
         O que esses técnicos estão fazendo, com ares de autoridade e de donos da verdade,não vai dar equidade alguma entre classes de funcionários públicos nem trabalhadores privados. É apenas um bem arquitetado sistema de engabelar a sociedade a promessa incerta de que vai melhorar a vida de quem quem trabalha hoje e no futuro.
          Ora,ninguém pode projetar algo dessa natureza num país instável financeiramente como o Brasil.Aqui só são estáveis os privilégios e regalias, os quais,vão continuar na mesma farra de antanho.Ora, essa urgência de Reforma nesse setor se deve à monumental dilapidação do Erário Público com as rapinagens sucessivas praticadas em governos anteriores,sobretudo durante o lulismo, o dilmismo e o temerismo
          E agora esses malandros e malazartes vêm pôr a culpa da derrocada deficitária da Previdência nos gastos que esta última alegam ter sem comprovação fundamentada.Os governos citados foram tão criminosamente perdulários que tudo ruiu financeiramente como se fora uma dessas barragens que já romperam em Minas Gerais enlameando de ilicitudes os estados, algumas prefeituras e sobretudo a gastança à tripa forra do Estado Brasileiro, mormente nos três poderes, ou seja, gastos gigantescos com salários dos seus altos escalões e a dinheirama de uma corrupção sistemática devastando os cofres públicos sem dó nem piedade.
        Ora, todas essas desídias recorrentes desembocaram num bode expiatório: a Previdência Social. O governo federal (inclusive o que mal começou) sem confessar a sua culpa e a sua irresponsabilidade, engendrou esse mastodonte - a propalada dívida crescente no setor previdenciário.
      O pior é que a sociedade seja quase unânime em concordar que tudo o que o grande Leviatã afirma seja a verdade dos fatos ainda que escamoteando os verdadeiros vilões da suposta quebradeira nesse setor.Só Deus sabe como vai ser esse futuro de nosso país.Já não estarei aqui para confirmar o que agora declaro e exponho. 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

ACHAQUES À BRASILEIRA




                         

         Muita coisa que logo no início deste ano  no meu país está  sucedendo  não me deixa  tranquilo. Uma delas poderia citar em primeiro lugar:  o rompimento  da Barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. Mais  uma  grande tragédia de muitos mortos e poucos culpados.
        Desastre dos piores que  já aconteceram  entre nós,  país sem vulcões  nem terremotos, mas  agora,    se revelando   como  uma terra  capaz de   ser castigada por furacões com ventos de  mais de 100 km de velocidade  trazendo  mortes à Cidade de São Sebastião,  Padroeiro do Rio de Janeiro.
       Agora mesmo,  veio,  de lambujem, a esses maus momentos  brasileiros, essa tempestade  raivosa   deixando vítimas fatais  pela cidade que viveu  também  maus bocados de  perigos  e deslizamentos  nos locais  tanto  onde vivem  pobres quanto   nos lugares em  que  moram  os abastados   dessa país  de violência  extrema,   insegurança   em tudo  e carência  geral  em vários setores  da vida nacional ou seria nacionalista?
         O  país precisa urgentemente de ser  benzido pelo Papa Francisco. Está fazendo falta agora  um poema de Manuel  Bandeira (1886-1968) ou uma crônica de Drummond (1902-1987); do primeiro,  pedindo  uma poema-prece a Deus e a São Sebastião que livre o Rio de Janeiro  dos riscos inúmeros a que  tem andado sujeito; do segundo, pedindo uma crônica atualizada (daquelas boas que costumava estampar  no velho Jornal do Brasil, o famoso JB,  para que o  Presidente enfermo   logo se restabeleça  e consiga  dar  um kick-off de verdade  no que concerne às promessas de campanha  de limpar o  país da sujeira  e lamaçal  morais   em que ainda está afundado e dar uma mãozinha firme   em mudanças  que não deviam ter o dedo sujo   de muita gente   de Brasília  ainda aferrada  aos males  de nossa   crônica  miséria   republicana.
     Outra coisa,  o Presidente deve  chamar   a atenção  dos seus ministros  ligados à área econômico-financeira  para o fato de que  as mudanças  na vida dos trabalhadores  brasileiros   não sejam feitas  a toque de caixa  achando  que toda  a nossa   situação   financeira    seja  culpa  dos gastos com  os milhares   de aposentados  que  ganham salários irrisórios, ao passo que o Poder Central, digo,  os  altos funcionários da República  (políticos, ministros, ex-presidentes da República, presidentes de autarquias ou órgãos públicos,   diretores etc.) quando aposentados, viverão com  vencimentos    principescos e ainda contando com assessores, carros  renovados,    seguranças particulares    e outras mordomais  palacianas. Isto só para citar no caso de ex-Presidentes da República).
     Cumpre lembrar aqui  que a maioria desses potentados e igualmente alguns menos  potentados  saídos  dos  poderes têm  várias aposentadorias acumuladas e nem é  necessário  nomeá-los porque o  povo brasileiro consciente  sabe quem são todos eles.
    Com que autoridade  vem a  público um  banqueiro  agora  virado  superministro  das finanças  federais  dizer que  é tempo de  acabar com as desigualdades? Então,  esses potentados  ou menos potentados  também  se igualarão  aos barnabés? Todos ganharão,  no máximo,  o teto  de, em ganhos atuais de aposentados da Previdência Social,   uns R$ 5.000,00 reais? Que é isso, companheiro? Um general vai, na reserva, ganhar  esse teto  da Nueva  Previdência Social,  senhor superministro?
    As mudanças no campo da   aposentadoria,  pública ou privada,   não podem ser  iguais porque há funções diferentes e em níveis diferentes.  E o  empregado, reserva de mercado,  em tempos eufóricos de  neoliberalismo,  vai ter condições de  poupar em alguma banco  privado  ou mesmo público se ele mesmo  com o que  ganha  com o suor  de seu rosto mal terá  condições  para se sustentar mensalmente? 
   Senhor superfinancista, o que   me garante,  em futuro médio ou  distante, que  o país  atingirá certas metas de melhoria   anunciadas   hipoteticamente agora   como se os economistas   dispusessem de um  bola de cristal, quando se sabe que, em economia,  nada é  tão  instável  em termos de  prospecções, sobretudo num mundo  econômica e financeiramente globalizado?
   O que  na realidade o pais precisa  é de uma mudança radical, profunda, incomensurável,   na ética  de seus  políticos  e de todos  os seus governantes, em escala de alto a baixo. O que o país  com urgência urgentíssima  necessita  é de  seriedade com a  res publica,  com  o dinheiro arrecadado  pelo Tesouro Nacional  e com  o  seu uso  digno  para  todos os setores   que estão  em colapso: hospitais,  segurança pública,   educação pública de qualidade nos três níveis, com professores valorizados,   transporte  coletivo moderno  e  confortável.
   Faça, senhor superministro, uma mudança real com  um corte mortal às  pantagruélicas   mordomais  do Executivo,   Judiciário  e  sobretudo Legislativo.  Se querem  moralizar as finanças do pais,  que  se realize  essa  mudança apontada  acima  e  reduzam  as aposentadorias acumuladas   no setor  público. Com esse  corte  gigantesco,  senhor  superministro,   o país  há de   ter um alívio   e dinheiro  vai sobrar  para, assim, realizar uma  séria  e justa mudança  na Previdência  Social.
       Uma Previdência Social  sem  desvios  de dinheiro, sem    peculatos, sem desídias,    sem funcionários  fantasmas aposentados,  sem  corrupção  dos seus funcionários   em todos os níveis. Só um  Lei  poderia ser  uma nova emenda  na Constituição  Brasileira e seria nesse  teor: “Acabem-se de vez com  as regalias astronômica  palacianas  dos governos federal,  estaduais  e municipais. Não fiquem  jogando a culpa toda da famigerada   quebradeira     na Previdência Social   que não é  boa   -  reconheço -,  mas não é a vilã protagonista de nossos males  brasílicos.