sábado, 5 de agosto de 2017

A CAMINHO DE UMA DITADURA?

                   


                                         Cunha e Silva Filho


         Acho que foi  o ex-presidente norte-americano Bush pai quem, em tempos difíceis globais,  afirmou: “A era dos ditadores acabou.” A se ver pela suas palavras, nada do que falou  aconteceu.  Países como a China,  Cuba,  Coreia do Norte e Síria, para só dar uns exemplos,  se mantêm no poder graças aos seus regimes  fechados, com governos  autoritários, com alternância no poder mas sustentadas  pelo sistema  comunista, ou com  homens fortes conduzindo seus governos autocratas  com mão de ferro  e o apoio das forças armadas.
       A Venezuela se encontra já numa dessas  alternativas em que o governo  é administrado  por um chefe  de governo que  ascendeu ao poder  por imposições do regime  anterior, o chavismo. Nele há eleições,  mas estas não passam de simulacros uma vez que os resultados  das eleições só consagram  quem já está com o poder, no caso,  o presidente Nicolás Maduro. Ora, só um  ingênuo diria que Maduro  governa de forma democrática.. Muito pelo contrário. 
          No país, rico em petróleo, Maduro manda e desmanda. Suprime a liberdade de imprensa  e quaisquer formas  de manifestações  contrárias ao seu governo. Manda nas forças armadas, , manda no legislativo  e manda no judiciário  ao qual concedeu  poderes de sobrepor-se ao legislativo, cuja maioria  é oposicionista Quer dizer,  Maduro é um pseudo-presidente eleito nem existe ali democracia Tudo é de fachada.
       Sua incompetência administrativa levou o país a uma hiperinflação jamais vista até hoje naquele país. Os opositores políticos,  intelectuais,  jornalistas, líderes estudantis, sindicalistas,  se exagerarem nos seus  protestos contra o  governo, são punidos com  prisões sumárias ou até mortos.
    A vida do cidadão venezuelano  tornou-se infernal a  ponto de muitos deles  fugirem  do seu país  para viver no Brasil. Já são muitos os sofridos venezuelanos  que transpuseram a fronteira com o nosso país a fim de  aqui  tentarem uma nova vida a despeito de que nós mesmo  estejamos  comendo fogo com a situação ainda incerta de nosso  país.
     Obrigando  os venezuelanos a votarem  para a instalação de uma Constituinte e ameaçando os  funcionários públicos a votarem compulsoriamente  a seu favor sob pena de serem  punidos,  Maduro age como verdadeiro  tiranete. O resultado das eleições para a  formação da Assembleia Nacional Constituinte(ANC) já foi  criticado por  40 países,  ou através de organismos internacionais como  a ONU, OEA e  a UE,que veem a vitória  a favor de Maduro  como  uma manipulação de votos e como  um ataque aos princípios democráticos.   A oposição rejeita a instalação dessa Constituinte porque para ela o presidente Maduro   ainda ficará mais  poderoso e poderá até  querer  eternizar-se no poder como ocorreu  com outras ditaduras  na América do Sul.     
    O mais grave é que antes mesmo dessas eleições, o  país  vinha sucessivamente  sofrendo com   greves,  manifestações   prós e contra  Maduro  que tiveram  consequências  trágicas: saldo de um centena ou mais  de mortes  cometidas  pelas forças  de segurança do governo, quase configurando  um  estado  de guerra civil. A par disso,  a população está à voltas com o desabastecimento  de alimentos e outros produtos de sobrevivência. Falta tudo no país. Falta mais: ordem  social,  paz,   harmonia  da sociedade.. O temor da população  é crescente e a oposição é aguerrida, enfrenta  os soldados com podem. O governo poderá alegar que a insurgência  é só da calasse média e dos ricos., quando, na realidade,  é o povo  indignado  que se volta contra  o governo de Maduro.
     Sob a hipocrisia de se servirem  da figura de Simon Bolívar e da figura polêmica  de Hugo Chaves, Maduro e  seus  seguidores  veem nos Estados Unidos o “império selvagem e bárbaro.” 
     Entretanto,   há em tudo isso uma flagrante contradição: um país  como a Venezuela não tem moral  para  só culpar  os americanos   pelas  suas mazelas, Foi a incompetência e o autoritarismo  de Maduro  que o levaram  ao desastre  de governo. Se ele fosse imbuído  mesmo  de   fundamentos democráticos teria enfrentado a oposição com argumentos convincentes e não    suprimir  a liberdade de expressão que é inerente à democracia,   nem perseguir   seus  opositores, nem tampouco  levar o país à desordem social, à miséria, à fome,   à marginalidade  e a tantas mortes  praticadas  pelas forças  militares e milícias de seu governo atrabiliário. Até o Vaticano  se opõe duramente contra o candidato a ditador perpétuo da Venezuela. Por todos os seus desmandos  o MERCOSUL já está prestes a Venezuela a Venezuela como  um dos seus membros.
     Por enquanto coexistem dois governos: um controlado  pelo situacionismo com a instalada Assembleia Nacional Constituinte (ANC) sob a tutela do TSJ (Tribunal  Superior de Justiça) a serviço da discricionariedade  de Maduro, quer dizer, um  Tribunal de juízes  comprados; outro o do Parlamento,  com a maioria da  Oposição, à frente a mUD Os desdobramentos  dessas divisões opostas pressupõem sérios riscos  para a paz na Venezuela. Qualquer  grito maior de parte a parte pode significar  a iminência de uma guerra civil. Oxalá que não.
    O  que não se deseja é que o país  sofra ainda mais em novas  ilegalidades   impostas  pelo governo  Maduro. As vítimas  traduzir-se-ão em mais  mortes, mais  miséria,  mais caos e mais migração  de cidadão venezuelanos  à procura de paz  e segurança  para as suas famílias.  Que não venha o pior.


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